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Gata Negra #38: Garota de Gotham

Gata Negra #38: Garota de Gotham

No primeiro capítulo do arco Pretérito Imperfeito, Felicia vai até Gotham City impedir que o Escorpião venda o soro do Duende Verde para mafiosos da cidade! Ela se junta a Caçadora para enfrentar capangas, o Pinguim e a... Mulher-Gato

[Agradecimento a Marcelo Moro por escrever parte da luta entre as felinas!]

Gotham City

Noite.   

A cada passo, Felicia admira a arquitetura da cidade. Impressionada.  

“Faz algum tempo que vim aqui, mas continua tudo igual. As fachadas, as ruas... os maloqueiros correndo...”   

Enquanto segue caminhando, depois de se saciar naquele restaurante famoso, as mãos se aquecem dentro do sobretudo que, por sua vez, esconde o uniforme negro.   

“Nem bem cheguei e já vou procurar confusão na área dos outros...”   

O que a Gata Negra veio fazer em Gotham é bem simples: recuperar as únicas amostras do soro do Duende Verde. As mesmas que foram roubadas pelo Escorpião. [1]  

Esse material quase matou Flash Thompson e foi o principal motivo para o confronto dela com o Homem-Aranha [2].

“Eu não posso permitir que Gargan o venda como prometeu. Ainda mais para esses tipinhos insanos que povoam essa cidade.”   

Ao entrar num beco escuro, retira o casaco preto e escala um prédio.   

“De lá do alto deve ser melhor mesmo para pensar. Se funciona em Nova York...”   

Um único salto. Telhado. Desconforto.   

Felicia desce um pouco mais o zíper frontal do seu uniforme. Ela respira com leve dificuldade.   

“Eu e minha gula... comi muito...”   

De telhado em telhado, ela passeia pelo céu cinza, parando algumas vezes pelo incômodo no estômago.  

“Um sal de frutas cairia muito bem agora...”   

Ao se encostar numa espécie de chaminé, é surpreendida por um dardo, que perfura a parede e fica preso ao seu lado.   

Com o susto, sua única reação é continuar correndo pelos terraços, até que possa preparar um contragolpe. Mas, como em todo terreno desconhecido, Felicia escorrega e desliza sobre um telhado, indo na direção do chão. As garras, acionadas, vão diminuindo a queda, até que ela para no peitoral. Respiração aliviada.   

De quatro, ela se vira. Por um instante pensou que se tratava do Cavaleiro das Trevas. Mas as silhuetas curvilíneas meio que a desapontaram.   

“Tem capa... máscara... cabelos soltos... Não deve ser um vilão. Não é comum que os vilões se arrumem tanto assim...”   

A Gata Negra começa a correr pelo telhado, subindo na direção daquela que tentou matá-la.   

“Hum... O Magneto usa capa... tem capacete... Xi... se eu começar com essa galeria, não termino nunca!”   

Ao se aproximar da mulher misteriosa, Felicia pega impulso com as mãos e salta, passando por cima da desconhecida. Um giro ao tocar o chão, e novamente corre, com as garras, preparando o bote.   

A outra mulher se esquiva e usa a besta que portava como escudo. Em vão. As unhas destruíram a arma presa no antebraço direito. Em troca, ela desfere uma sequência de chutes, a qual Felicia não consegue conter, e acaba sendo atingida no interior da coxa esquerda. Mas não cai.   

- Olha – diz Felicia, ofegante – Eu não sei quem é você, mas acredito que estamos do mesmo lado...   

- Como pode ter tanta certeza?   

- Se você fosse uma vilã, teria me matado com o primeiro disparo.   

A nativa interrompe os ataques e olha a visitante dos pés à cabeça.   

- Pensei que você fosse outra pessoa.   

- Por favor, que não tenha me confundido com a Mulher-Gato.   

- Exatamente.   

- Que nada... eu sou mais bonita... estilosa... malhada...   

- Quem é você? O que faz aqui?   

- Eu sou a Gata Negra. Acabei de chegar de NY para resolver uns assuntos pendentes. E você?   

- Me chame de Caçadora.   

Felicia tem a impressão de já ter ouvido aquele nome.   

- O que faz aqui? Essa cidade tem mascarados suficientes para...   

- Desencana. Eu vim recuperar umas coisas roubadas da minha área. Eu sei como é ruim ver alguém invadindo o próprio território, mas eu não conheço ninguém aqui, sabe? Parece que o Batman está...  ausente?  

Caçadora olha para Felicia e se conforma de que ela não está mentindo.   

- Um velho conhecido meu roubou um poderoso soro e veio vender aqui. Eu preciso recuperar as ampolas, não apenas porque são as últimas, mas porque elas podem fazer coisas terríveis com quem as possuir.   

- Interessante você me dizer isso. Estou sabendo de algo estranho... um leilão com convidados da outra costa.   

- Então eu posso chegar a tempo lá e...   

- Não se anime, Gata Negra. Tem dias que ouvi sobre isso e sobre a chegada de um estranho. Capaz deste leilão já ter acontecido.   

- Pouco provável. Numa hora dessas já teria algum maluco explodindo Gotham.   

Um conhecido clube...

Iceberg. 

O cheiro da cigarrilha empesta o ar. Sentado, um homem retira a cartola e põe sobre a mesa. Alguns guardas ficam na porta, de vigia, ao recepcionarem um outro homem de uniforme verde, com uma longa cauda.   

- Detesto essa cidade, Pinguim. Vamos realizar logo o leilão para que eu volte pra minha casa.   

- Tenha calma, Escorpião. Demos tempo suficiente para despistar esses vigilantes que vivem rondando por aqui.   

- Estou quase injetando essa porcaria em mim!   

- Por que então não me vende logo e fica livre desse fardo?   

- Porque eu quero muito dinheiro, não percebe?   

- Uma pena. A quantia que eu ofereço é...   

- Eu já disse que não! – e sacode o rabo. Os serventes de Pinguim sacam as armas. O baixinho faz um sinal e todos se recolhem.   

- Ganancioso. Do jeito que eu gosto. Não se preocupe, vamos vender esse soro amanhã à noite, num local apropriado.   

- Tem certeza de que não haverá nenhum orelhudo ou um de seus aprendizes atrapalhando o negócio?   

- Não dou garantias, Escorpião. Eu faço o melhor que posso.   

- Você poderia tentar me enganar.   

- E assim você destruiria as ampolas. Seria um péssimo negócio. Amanhã resolveremos tudo.   

Califórnia

Carol, Julia e Rachel caminham despreocupadas por uma das mais agitadas avenidas de todo o estado da Califórnia. Aliviadas, agora, depois dos últimos acontecimentos. Elas não pensam em nada, a não ser em olhar vitrines, comprar besteiras e esperar por notícias de Felicia.   

Passam por um conglomerado da alimentação.   

E nem reparam que, sentados numa espécie de varanda, estão Eddie Brock e Tina McGee, conversando alegremente enquanto se deliciam com tortas e outras comidas e bebidas doces.   

Gotham City, bairro nobre

À meia luz, uma mulher entra pela janela de um apartamento nessa considerada a mais cara região da cidade. A primeira coisa que vê é um homem sentado num sofá, jogando, para cima e para baixo, uma bola de beisebol. Atrás dele, estantes repletas de livros de ciências.   

- Pontual...   

- As joias não podem esperar. Que você quer?   

- Te contratar.   

- Já disse que não sou assalariada.   

- Quando souber o valor que estou disposto a te pagar, vai mudar de ideia. E até vai procurar o sindicato dos ladrões.

A mulher senta na janela e pergunta:   

- Por que fica sentado aí no escuro? Não quer que eu te reconheça?   

- Não. Estou com enxaqueca. A luz me incomoda.   

A mulher sorri.   

- Diz aí.   

- Vai acontecer um leilão amanhã à noite, num local a ser passado ainda. Quero que você vá lá dar um lance.   

- Qual peça? Quadro? Mobília?   

- Duas ampolas.   

- Ampolas?   

- Exatamente. Vindas de Nova York.   

- Não seria mais fácil pagar por elas?   

- Prefiro economizar pagando você para roubar.   

A mulher sorri novamente.   

- Que me diz?   

- O que você me diz?   

- O valor está anotado na página 356 deste livro em cima dessa mesinha, ao seu lado.   

Ela desce da janela e pega o livro.   

- Se você negar, ou fracassar, ao menos ficará mais culta lendo uma edição especial de A arte da guerra.

- Espero que eu fique igual a você, Ulrich Tukur.   

Num apartamento vazio, não muito longe dali...

- Gata Negra, é melhor você descansar um pouco. Vá para o seu hotel que eu vou dar uma volta.   

- Por que não posso ir com você?   

- Sabe que tipo de gente vou encontrar agora?   

- Provavelmente nada diferente do que eu convivo.   

- Não. Essa cidade tem dono.   

- Esse papo de novo...   

- É melhor que você não venha comigo. Eles são arredios, podem negar as informações por eu estar acompanhada.   

- Não posso ficar de longe, olhando?   

- Não.   

- Poxa, Caçadora... Eu não posso vir a Gotham e não encontrar o Batman! É como ir pra Nova York e não ver o Homem-Aranha! Ou ir para Metrópolis e não ver o Super-Homem!   

Caçadora encara Felicia, com expressão séria.   

- Ok, você venceu. Mas como vamos conversar sobre as coisas que você... Caçadora? Caçadora?   

Felicia olha ao redor e não a vê mais.   

- Bem que me avisaram que esse povo de Gotham tem manias estranhas e adoram deixar os outros falando sozinhos...   

Mesma noite

Na cama do hotel cinco estrelas, o mais luxuoso da cidade, Felicia se debate. O corpo está molhado de suor. A camisola está encharcada. Ela rola de um lado para o outro.   

Um pesadelo.   

No qual se afoga num mar transparente, de ondas calmas. E quando seu corpo começa a afundar, alguém lhe puxa pelos braços e a leva de volta para a superfície. Alguém que ela não reconhece.   

Bruscamente ela se levanta da cama e bebe um pouco de... água.   

Gotham, anoitecer seguinte

Do alto de um edifício, Gata Negra e Caçadora observam uma movimentação estranha para uma... creche!   

As duas desconfiam dos carros que passam por lá, muitas vezes deixando alguém, que entra no local.   

Observado mais atentamente ainda, Felicia mostra para a “parceira” que existem homens armados em posições estratégicas em outros telhados e nos becos, como se fosse uma defesa para um eventual roubo.   

Ou tentativa de resgate.   

- Vamos entrar e participar disso.   

- Mas não precisamos de convites? – questiona Felicia.   

De outro terraço, outra mulher acompanha a movimentação dos carros, segurança...   

Instituto de Atenção à Criança Carente Thomas Wayne

Quem imaginaria que um leilão, onde estaria reunida a nata dos mafiosos de Gotham, aconteceria numa creche? Numa creche que recebeu o nome do pai de Bruce Wayne?

E neste local os dois sórdidos vilões tramam a melhor forma para vender o soro.  

- Bom plano, Pinguim. Está sendo interessante negociar com você.   

- Quero que você venda para mim, Escorpião. Tenho homens lá embaixo que vão aumentar o preço até que os outros desistam. Você vai sair no lucro.   

- Quando a esmola é demais...   

Pinguim dá uma baforada na cara de Gargan e se volta para a bancada, onde está o microfone e pigarreia.   

- Senhores, não temos muito tempo para apresentações, afinal todos aqui já sabem o que temos para vender.   

O Escorpião se aproxima com as duas ampolas, cada uma em uma mão. Felicia e Caçadora sentam no fundo, disfarçadas.   

- Este querido caixeiro viajante nos trouxe, direto de Nova York, o soro criado pelo Duende Verde! Sim, o Duende Verde! O conteúdo dessas ampolas dá força, velocidade...   

Enquanto o Pinguim “vendia” as ampolas e o Escorpião as exibia, Felicia perguntava coisas irritantes sobre Batman, Robin, Batgirl, Asa Noturna, o bat-sinal, o bat-móvel, a lenda da bat-caverna...   

- O lance mínimo é de dois milhões de dólares!   

Mac Gargan gargalha por dentro. É muito mais do que ele imaginava. Os sinais discretos começam a pipocar pelo auditório. A cada segundo, este valor aumenta.   

- Caçadora, temos que fazer algo! - sussurra Felicia.

- Tenha calma, Gata Negra. Vamos esperar a hora certa para agir!   

- Hora certa? Ele vai vender o soro e ficar rico!   

- Silêncio. Vamos aguardar.

- Doze milhões! Quem dá mais?   

Silêncio.   

- Dou-lhe uma...   

Mais silêncio.   

- Vamos agora? – pergunta Felicia, inquieta.   

- Não!

- Dou-lhe duas...   

Estalo.   

O Escorpião gira o rabo e dispara seguidamente jatos de ácido. As ampolas não estão mais com ele. Os presentes sacam as armas e começam a disparar contra aquela invasora.   

- Mulher-Gato! Eu devia imaginar!   

- Desculpe não me sentar, mas essas cadeiras são desconfortáveis. Além do que, eu já peguei o que vim buscar! – e sai, correndo na direção da janela.   

Escorpião segura Pinguim pela camisa.   

- Você me traiu! Ela está com você, não é?   

Enquanto Escorpião e Pinguim discutiam e os gangsteres trocavam tiros uns contra os outros, Gata Negra e Caçadora se desfaziam dos disfarces e saíam pelo mesmo lugar que a Mulher-Gato.   

Bairro nobre

Mulher-Gato invade o apartamento pela janela, derrubando alguns móveis antes de pisar no chão da sala.   

- Ulrich! Você não me disse que teria tanto turista querendo essas ampolas!   

- Não importa, você conseguiu roubá-las.   

- Cadê a grana?   

- Ali! – Ulrich aponta para um criado-mudo perto da mesa de jantar. Mulher-Gato anda até lá, resmungando.   

- É bom que me esqueça por um bom tempo, ouviu? Não gosto de ser chamada daquela ‘que anda com mafiosos’...   

A janela da sala explode com o impacto de dois corpos cruzando-a e caindo ao chão da sala. Ulrich e Selina param lado a lado enquanto observam, ainda incrédulos, a chegada das duas – agora - vigilantes.

- Roubando, hein? – diz Felicia encarando Mulher-Gato.   

- Não é isso que fazemos? – retruca a “anfitriã”  

Caçadora aproveita a conversa mole e salta sobre Ulrich, acertando-lhe uma voadora. Rapidamente ele cai, desmaiado, mas sua mão pousa sobre o sistema de alarme, que acaba sendo acionado.   

- Gata Negra, será que você dá conta dessa aí? Vou ter companhia aqui...   

- Deixa comigo, parceira. Tá na hora de mostrar para essa idosa aqui que toda carreira termina com a idade avançada...   

As gatas se olham. Olhos nos olhos.   

Felicia presta atenção principalmente nas ampolas que Selina carrega em ambas as mãos. Os objetos que ela veio buscar em Gotham. 

O soro.   

Felicia aciona suas garras  

Selina saca seu chicote, após passar as ampolas para sua mão esquerda.   

No apartamento

Caçadora sai pela porta principal, para deter os capangas de Ulrich, mas é surpreendida com a chegada do Escorpião e de homens armados a mando do Pinguim e de diversas gangues de Gotham.   

- O Pinguim não devia ter esquecido de chamar esse cara daí...   

- Ele não foi convidado de propósito, Escorpião – diz um dos capangas - É um canalha! Não tem honra nem no submundo!   

Começa o tiroteio. Os capachos de Ulrich contra os homens da dupla de vilões que usam nomes de animais. Caçadora se desvencilha das balas correndo na direção daquele que veio vender o soro do Duende Verde na cidade de Batman.   

- Você – Escorpião aponta para um gangster - aproveita que tá tendo briga de mulheres lá dentro e tenta recuperar as ampolas. Se fizer isso, te vendo a preço de banana!   

O homem sai correndo, cruzando o corredor estreito, na direção do apartamento de Ulrich.   

No meio do caminho ele é derrubado.   

Passando por entre as colunas e portas daquele único caminho, a Caçadora se aproxima da Gargan. 

***

O apartamento é apertado para uma luta, principalmente para felinas que adoram liberdade. A sensação claustrofóbica, aliada ao objeto pretendido as faz suar. Um calafrio percorre seus corpos.   

Até que Felicia ataca. Com velocidade. Selina mal tem tempo de se esquivar, e as garras da Gata Negra rasgam seu uniforme na altura das costelas. Um arranhão superficial. Ela recua.   

Selina revida à distância com o chicote, atingindo Felicia no braço. O chicote se enrola e as pontas batem seu braço, causando muita dor, além de prender seu braço direito. Ela puxa o chicote para desequilibrar sua oponente e chuta seu quadril.    

Felícia rasga o chicote com suas garras e pula para cima de Selina que solta os frascos para poder segurar as garras de sua oponente.   

Nenhuma palavra é trocada, somente olhares.   

A cena parece congelada no tempo, com a Gata Negra tentando alcançar o rosto da Mulher Gato com suas garras, que a segura no ar.   

***

Escorpião vê Caçadora e movimenta o rabo, atingindo-a. Ela se bate na parede, mas logo se ergue e corre, desferindo chutes e socos. O Escorpião defende, rebate e revida, sempre contra golpeando.   

- É por isso que Gotham está cheia de vermes! Migração!   

- Eu vim apenas oferecer um serviço, mulher. Por que não compra o soro e se torna uma heroína de verdade?   

As palavras ofendem. Gargan se aproveita e a enrola com a cauda, ao tempo em que a bate contra o chão e o teto diversas vezes seguidas. Alguns homens de Ulrich disparam contra ele, mas recebem um forte jato de ácido. Armas, rostos. Destruídos. Escorpião arremessa Caçadora e corre na direção da entrada para a casa do mafioso desprezado, mas não consegue dar mais nenhum passo.   

Seu rabo está preso.   

Caçadora disparou flechas que prenderam a armação capaz de levantar milhares de quilos na grossa parede. Ele tenta arrancar, mas não tem sucesso. Nem mesmo outros jatos são suficientes para libertá-lo. Ela passa calmamente pelo lado dele, sorriso diabolicamente, enquanto o ouve proferir palavras impublicáveis.   

***

O que parecia ser momentos intermináveis durou apenas um segundo, com a Mulher-Gato puxando Felicia sobre seu corpo, colocando os pés em sua barriga e impulsionando-a sobre seu corpo para trás, a fazendo aterrissar de costas sobre uma mesinha lateral, espatifando-a totalmente.   

Felicia olha para o lado e os dois frascos estão ali perto, embaixo do sofá. Ela pega ambos na mão e encara a Mulher Gato.   

- Agora já tenho o que vim buscar.   

E tenta correr em direção a janela, que é prontamente bloqueada pela outra.   

- Tem, mas não vai sair daqui com isso.   

Novamente o embate físico, onde as duas mulheres rolam pelo chão, parecendo briga de rua, com direito a arranhadas e puxões de cabelo. Agora, o combate não era mais no plano físico somente. O verbal estava presente nos mais sórdido palavrões.   

Até que elas finalmente se separam. Felicia tem em suas mãos duas metades de frascos quebrados. O chão estava molhado.   

- Agora você não tem mais o que veio buscar, querida.   

- Nem você o que veio roubar, cadela.   

- Cadela não. Gato, Mulher-Gato.   

Dizendo isso Selina investe contra Felicia novamente, atingindo um chute na boca do estômago dela, a fazendo curvar de dor, e foge pela janela.   

A dor em seu ventre é forte, o que a deixa com tonturas e quase a faz desmaiar.   

Mas ela sorri. De dentro da manga ela retira o frasco que ficou inteiro e joga fora o que tinha na mão. As duas metades do mesmo frasco.   

Lá fora ela não escuta mais nada. Sua parceira já devia ter acabado com os capangas também.   

Quando Felicia sai do local onde estava para encontrar a Caçadora, confirma o que já desconfiava.   

A situação estava controlada.   

- Conseguiu o que queria? - pergunta Caçadora.   

- Sim. Foi melhor do que eu esperava. Vamos embora.   

Rodovia federal

Gata Negra e Caçadora se aproximam de uma movimentada estrada, que levará a gatuna para um local de descanso...   

- Fiz o que deveria, Caçadora. Esse soro deixa as pessoas loucas, numa sensação absurda de força e inconsequência. Certamente, se algum desses mafiosos conseguissem o soro, e iniciasse uma produção em escala industrial, não apenas Gotham estaria em perigo.   

- Acho que devo te agradecer, não?   

- Eu também, pela sua ajuda...   

- Seria bom procurar um médico.   

- O que eu queria agora era procurar pelo Batman... dar uns beijos nele... mas parece que não tive sorte. Pelo menos mostrei praquela gata anciã quem é a melhor.   

- Isso não vai ficar assim.   

- Não me incomodo. Eu vim aqui para destruir as ampolas, Caçadora. Se tiver mais alguma consequência, vou saber lidar com ela.   

- Para onde vai?   

- Encontrar umas amigas... jogar um pouco de poker... quer vir?   

- Essa cidade precisa de mim ainda.   

- Só não tem mais heróis do que em NY. De qualquer forma, valeu pela ajuda. A gente se vê – diz, se virando enquanto ajeita o sobretudo.   

Felicia sabe que não vai ter uma reposta. É típico de quem vive nessa cidade. De quem luta pela paz nessa cidade. Ela coloca a mão no bolso interno do casaco negro e sorri. Um sorriso de dúvidas. 

Ela não sabe o que vai fazer com a única amostra do soro do Duende Verde.   

***

Notas

[1] - Leia em Gata Negra #25 - Objetivo Comum!

[2] - Gata Negra x Homem-Aranha? Isso mesmo! Leia em Gata Negra #24 –Acerto de Contas!   

A seguir: Venom! E uma notícia bombástica, que vai afetar a vida da Gata Negra e do Homem-Aranha para sempre!

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