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Gata Negra #48: Retornos e Traições

Gata Negra #48: Retornos e Traições

Aumenta a tensão entre Namor e Ms. Marvel no Triângulo das Bermudas! O FBI descobre que o corpo encontrado no Bahrein é de um agente da Silver Sable Internacional! E Felicia recebe uma informação sobre o pai, tão ruim que ignora o resultado dos exames do soro do Duende Verde!

Laboratório Central da S.H.I.E.L.D., Metrópolis

A espera era angustiante. Como toda. Instintivamente, Felicia decidiu coletar os dados-base do soro do Duende Verde [1], e assim compará-los a o que de peculiar lhe corre nas veias.   

Era tudo muito estranho: genes latentes que lhe possibilitam usufruir – mesmo que involuntariamente – de poderes de má sorte, maiores flexibilidade e agilidade, uma gravidez acelerada...   

“Em breve meu filho vai nascer e eu nem sei o que se passa com ele...”   

Tudo isso foi comprovado em sucessivos testes, utilizando a mais alta tecnologia. Além do auxílio do Dr. Estranho, revelando que a energia do Gatotem influenciou na gestação da ladra.   

“E Puma se aproveitou e roubou a estátua desse... Deus Gato, cujo espírito estava aprisionado naquele totem de felino. O que me irrita é a ousadia em invadir minha casa!”   

Só que cruzando as informações que conseguiu através dos arquivos da S.H.I.E.L.D. – especialmente o conteúdo letal que causou a morte de Walter Hardy – e o soro do Duende, ela tenta montar um enorme quebra-cabeças.   

 “Quem me garante que essa droga ingerida por papai não foi passada para mim, por DNA?”   

Outras perguntas que a incomodavam são: o que fazer com o soro de Norman Osborn? O que vai acontecer, caso seja confirmado que o soro contém os mesmos elementos que os próprios genes? E, por fim, como chegou a essa conclusão de semelhanças entre uma coisa e outra?    

“Tou desorientada, é fato. Agindo sem pensar. Não há a menor possibilidade de Norman ter usado o soro em mim. Talvez ele tenha roubado a fórmula, mas isso significa que ele a obteve depois de mim.”  

Os resultados ainda não apareceram no monitor. A ampola já está escondida – novamente – entre os seios.   

Então ela tem uma ideia: vasculhar o computador do laboratório central, para obter informações sobre o modafinil. [2]  

Enquanto digita e lê os primeiros resultados da busca, vai conhecendo sua química, quais elementos o compõem e diversos detalhes antes desconhecidos.   

Um leve ruído a chama a atenção: o exame do soro do Duende foi concluído.   

Tensa, ela pega a folha sendo impressa. Seus olhos alternam entre o papel e o monitor com os dados da substância.   

O papel sai por completo da impressora. Ela o pega e vai desligar o sistema de pesquisa, quando vê um nome conhecido:   

“John Harmon!”   

Automaticamente Felicia dobra a folha com o resultado do soro e se senta na cadeira em frente ao computador.   

“Papai...”   

Olhos lacrimejando. Dedo no botão dando a ordem para uma nova impressão.   

Foi o tempo suficiente para desligar o programa, pegar o novo papel impresso e sair do laboratório, antes da chegada da equipe médica.   

***

No quarto, Felicia senta na cama. Nas mãos, todas as impressões retiradas dos arquivos da S.H.I.E.L.D.. Todas as informações que ela julga serem verdadeiras.   

E a última revelação é a que mais lhe dói.   

John Harmon é acusado de ter roubado o modafinil e sumido, durante uma operação pós-guerra no Vietnã.   

A notícia foi tão chocante que ela se esqueceu de ler os resultados sobre a análise do soro do Duende Verde.   

A única coisa que lhe vem em mente é sair.   

Triângulo das Bermudas

Apoiados no pequeno rochedo, Ms. Marvel, Arachne e Namor seguem se estranhando.   

- Você sempre culpa a superfície pelo que acontece no mar! – Carol, quase gritando.  

- É a mais pura verdade! Acham-se os superiores, mas não passam de seres descuidados e egoístas!  

- Não venha falar em egoísmo. Você confunde proteção com aniquilação!  

- Se eu não defender o meu reino, temo pela ganância da sua civilização, tão preocupada em conquistar, que acaba se esquecendo de manter!   

Julia não esconde mais o incomodo pela discussão.   

- Namor, seja lá o que está acontecendo, deixe-nos te ajudar.  

- Não aceito auxilio de quem me considera uma ameaça.  

- Você interferiu num conflito mundial da superfície. Não lembra? – questiona Carol.  

- Me pediram ajuda! E por isso se acha no direito de intervir uma guerra submarina?   

Carol o encara. Namor se levanta. O cristal em sua mão brilha.   

- Peraí. Vocês dois não estão pensando em um combate agora, né?  

- Se preciso for... – responde Namor.  

- Olha, Namor, chegamos aqui por acaso...  

- Não justifique nossas ações, Arachne. – diz Carol.  

- Espera, Ms. Marvel. Namor, recebemos sinais de algo estranho nessa região e... tudo bem que o Triângulo das Bermudas é uma região estranha, mas...  

- Arachne, aqui é um local especial para o meu povo. É onde estão concentrados os cristais atlantes, como este – mostra a pedra – Por isso que qualquer objeto que passe pela região não retorna. Assim evito que peguem ou que difundam a informação desses cristais. As sereias polares tentavam roubar o meu maior tesouro, você viu o que lhes aconteceu.  

- Sabe quantas pessoas já morreram ao passar por aqui? – pergunta Carol, irritada.  

- Sabe quantos atlantes morrerão se se apossarem dos cristais? – rebate Namor – Além disso, o que acontece quando alguém invade um local proibido no seu país para roubar armas ou plutônio?   

Carol consente.   

- Namor – Julia – Estamos em missão de paz.  

- Vocês não sabem o que isso significa.   

- Está me irritando, príncipe submarino. Fala que nós sempre buscamos confusão, mas olha o papel que está fazendo!   

Energia nos punhos de Ms. Marvel. Energia nos punhos de Namor.   

- Vai pedir nosso auxilio Namor? – pergunta Julia, que se coloca no meio dos dois.   

Namor encara Carol, apertando o cristal. Olha para Julia, balança a cabeça em sinal negativo.   

- Humanos... – e mergulha no mar.   

Carol olha para a profundeza.   

- Anfíbio!  

- Anfíbio, amiga?  

- Ah, Julia, ele é irritante!  

- Nossa, que carga entre vocês. Muita tensão.  

- Você não devia ter se metido.  

- Acha que uma briga com ele iria resolver a situação?  

- Não, mas eu ensinaria boas maneiras para ele.   

Julia ri, e diz:   

- Uma pena que precisamos voltar. Queria saber o que aconteceu lá embaixo, causado por algo aqui em cima.   

Embaixada da Symkaria, Costa Oeste

Dessa vez, Silver Sable e o general Lane conversam bebendo, enquanto comem lagostas gigantes.   

- Ainda insisto que não gosto de Keating.  

- Não se preocupe com ele, general. O Estrangeiro tem muita serventia.  

- Ainda acho que ele vai nos trair no final.  

- Ele tem lábia, contatos e é profissional. Não há melhor.  

- Ele tem cobiça. Pode ser nossa ruína.  

- A ganância é um forte atrativo.  

- Onde ele está agora?  

- Resolvendo um problema enorme.  

- Viu só? Ele vai estragar tudo.  

- Não, general. Estavam investigando o corpo de um agente meu... Charles, encontrado no Bahrein. Nossas fontes no FBI informaram que descobriram que ele era da Silver Sable Internacional.  

- Isso é péssimo, Sablinova.   

 Ela olha tensa.   

- Ele foi resolver isso.  

- Sumir com o corpo?  

- Plantar pistas falsas.  

- Vai dizer que Charles é agente de Bin Laden?  

- Melhor. Da S.H.I.E.L.D..  

- Merda! Vocês estão loucos? Isso pode abrir sindicância. E se isso acontecer, vão nos pegar.  

- Calma, Lane.   

O general olha irritado.   

- Confie no meu homem. E mesmo se instaurarem um inquérito interno, quando ele for terminado já estaremos na segunda etapa do plano.  

- Interessante, mas continuo desconfiado.  

- Será uma forma de te provar como ele é bom. Agora sirva-se, general.   

Dia seguinte, S.H.I.E.L.D.

Com cara de poucos amigos, Hicks recepciona Carol e Julia.  

- Antes do relatório sobre a operação em Costa Rica, quero saber o que aconteceu na área chamada Triângulo das Bermudas.  

- Senhor, recebemos a informação através de Felicia e fomos...  

- Eu já sei disso. O que interessa é o que houve lá.   

Carol e Julia se olham.   

- Senhor, é comum que nessa região sejam registrados fenômenos anormais.  

- Foi mais um registro de tempestade elétrica, ou o que dizem sobre misticismo e demais teorias...  

- Sim.   

Hicks se aproxima das duas.   

- Algo que queiram me contar?  

- Nada de excepcional, senhor.  

- Vou confiar em vocês, por isso não pedirei um trabalho detalhado sobre o que aconteceu no fundo do mar.  

- Foi um ato reflexivo de Felicia. Ela achou que poderia ser um problema. – diz Arachne.   

Carol arregala os olhos para ela.   

- Felicia – diz Hicks – Preciso conversar com Nick Fury sobre ela.  

- Como ela está?  

- Ninguém sabe. Ela não dormiu aqui.  

- Será que aconteceu algo?  

- Sim, aconteceu. Ela está arredia e desorientada. Se não mudar, vou exigir sua transferência.  

- Senhor, nos deixe falar com ela.  

- Sabem onde ela está?  

- Podemos encontrá-la.  

- Não seria a primeira vez mesmo... – rebate Carol.   

Bairro residencial, Metrópolis

Apartamento de Ben Reilly.   

Deitada na cama, com um sorriso estampado. No chão, próximo, um travesseiro e lençóis.   

Felicia se espreguiça e ao olhar para a janela grita ao ver Carol e Julia – com roupas normais.   

- Certas coisas você pode esconder da S.H.I.E.L.D..  

- Mas não da gente.   

Felicia se levanta.   

- Como me acharam?  

- Nada é impossível. O que faz aqui? – pergunta Carol.  

- Onde é aqui? – quer saber Julia.   

Felicia puxa as amigas e as três se sentam na cama.   

- Estou na casa de um amigo.  

- Amigo? – Carol aponta para a bagunça.  

- Não dormirmos juntos. Assim, dormirmos, mas não dormirmos.  

- Felicia, se dormiu ou não dormiu com ele não nos interessa... ainda. Quem mora aqui?   

A porta é aberta e Ben entra, com uma bandeja de café da manhã.   

Os quatro se olham.   

- Felicia... quem é ele?   

Ben se aproxima e coloca a bandeja na cama.   

- Sou Ben, um amigo de Felicia.  

- Amigo? – perguntam Julia Carol, de vez.  

- Meninas, desencanem.  

- Por Deus, amiga! Já pensou que esse cara pode... você tá grávida!  

- Para, Julia! Eu e Ben tivemos um caso em Nova York e nos reencontramos aqui, por acaso, e estamos relembrando os velhos tempos.  

- Hicks quer te matar.  

- Hicks é o seu noivo? – pergunta Ben, rindo.   

Antes que Felicia respondesse, Carol manda que se arrume.   

- Nada pessoal, Ben, mas é que ela está em um momento crítico e...  

- Eu sei. Ela me contou.  

- Ela o quê?  

- Vamos embora agora. E você nunca mais a procure!   

Carol e Julia saem do quarto.   

- A gente se fala, Ben. Não ouça o que minhas amigas ciumentas dizem.  

- Fique bem. Tente esquecer essas coisas sobre o seu pai. E não suma!   

Felicia o beija a boca e sai.   

Pelas ruas de Metrópolis, Carol e Julia brigam com Felicia...   

- O que ele sabe? Você é doida 

- Calma, Carol. Inventei uma história para ele, nada comprometedor.  

- Espero que ele tenha acreditado.   

Felicia sabe que existe um segredo. Se ela revelar toda a história de Ben e dos clones, seria o fim de Peter Parker. Ela se entristece por ter que mentir para as melhores amigas. Mas é a única coisa que ela pode fazer: ter segredos. Como todos.   

- O que aconteceu no local que indiquei para vocês?  

- Menina, nem te conto! Encontramos Namor!  

- E Carol ficou louca por ele!  

- Ahahaha! Verdade? Como ele é?  

- Metido! – diz Carol.  

- Lindo! Você ia ficar doida! Todo talhado!   

Felicia fica no meio das amigas, segurando os braços delas.   

- Que barato... vocês vivem me matando de inveja... Mas olha, antes das broncas e dos recados de Hicks, quero dizer que tomei uma decisão e que preciso de vocês.  

- O que é?  

- Vou devolver as peças que roubei para o Camaleão e preciso e duas heroínas comigo, para valorizar meu ato nobre. Especialmente quando formos ao museu da Sociedade da Justiça América.    

***

Notas do autor:

[1] O soro do Duende Verde foi recuperado por Felicia das mãos do Escorpião, Pinguim e Mulher-Gato no capítulo #38

[2] Modafinil: Substância química composta por: 2-[ (difenilmetil) sulfinil] acetamida.  

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