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Gata Negra #52: Revanches e Soluções

Gata Negra #52: Revanches e Soluções

Não apenas comemorações marcam o nascimento do filho da Gata Negra e do Homem-Aranha! Tem o coronel Fury chegando a Metrópolis para cumprir o acordo feito com Felicia! Ms. Marvel e Arachne vão levar notícias para a mais nova avó de Manhattan, mas se deparam com... Venom! E qual a relação de Hicks com as informações que chegam para a ladra?  

S.H.I.E.L.D., Manhattan

Poucos dias se passaram. Com a notícia de que Nick Fury viria até a célula da S.H.I.E.L.D., foi ordenado que todos os agentes em campo retornassem.   

As missões foram abortadas, mesmo sem uma data certa para a chegada do coronel.   

Especialmente a ação no Canadá, realizada por Ms. Marvel e Arachne.   

- Total perda de tempo, amiga – dizia Julia, enquanto desembarcava da aeronave da S.H.I.E.L.D..  

- Isso é muito estranho. Parece que não nos querem muito tempo ao lado de Felicia.  

- Por que ainda pensa assim? Quase ninguém sabe quem é o pai da criança.  

- Verdade, só que não acha muita coincidência estarmos fora quando o bebê nasceu, e retornarmos justamente por causa do boato da chegada do coronel Fury?  

- De quem você desconfia?  

- Só não desconfio de mim, de você e de Felicia.  

- Acha que a criança é um alvo fácil?  

- Pouco provável, afinal o coronel vai assumi-lo.  

- Então Felicia é a meta?  

- Tudo indica. Me incomoda muito saber que ela corre perigo.  

- Ainda mais com essas informações sobre o pai dela, não?  

- Por isso desconfio. Muita coincidência acontecer tudo isso no mesmo instante.  

- Bom, vamos ver como ela está.   

Área hospitalar, S.H.I.E.L.D.

Sentada, olhando a criança, Felicia enganava o sono. As olheiras eram a prova desse combate.   

Carol e Julia entram pisando leve, fazendo sinal de silêncio; coisa que arrancou um sorriso da ladra.   

Com outro sinal manual, Felicia convida as amigas para dar uma volta.   

Sacada.   

- Amiga, você está péssima!  

- Nossa, Julia, que elogio!   

Risos.   

- Precisa descansar, amiga.  

- Não vou fazer isso até Nick chegar.  

- Como está nosso sobrinho?  

- Evoluindo aos poucos. E no Canadá, como foi/ 

- Não foi.  

- É... Carol acha que nos mandaram para que...  

- Nada, Julia! – interrompeu Carol – Não vamos incomodar Felicia com esses problemas, né?  

- Verdade...  

- Tudo bem, amigas...  

- Me diz... já escolheu o nome?  

- Ainda não.  

- Já decidiu contar a novidade para seu ex-amante?  

- Muito menos. Vou esperar Nick chegar para conversar com ele sobre isso. E sobre outras coisas.  

- Mas sua mãe tá sabendo que o neto dela nasceu?  

- Isso que queria ver com vocês. Será que poderiam me fazer um favor gigantesco?  

- O que quiser.  

- Tem como levar esse DVD pra ela?  

- São filmagens de você e do bebê?  

- Sim. Acho que ela gostaria de saber, ver...  

- Se quiser levamos hoje mesmo.  

- Sim, Carol pode ir voando, e eu vou de carona...   

Risos novos.   

- Você precisa experimentar, Felicia! É uma delicia surfar nas costas de Carol!  

- Quando acabar o resguardo, eu encaro!  

- Nós vamos hoje e voltamos hoje mesmo, ok?  

- Mas como vocês vão sair daqui? Hicks quer todo mundo presente, por causa da chegada de Nick.  

- Deixa com a gente. Ele não vai se importar se deixarmos você sozinha por mais alguns minutos.  

- Como assim?  

- Nada. Julia, você tá falando muito!  

- Tá, tá! Cadê o DVD?  

- No quarto. Nem sei como agradecer a vocês por isso.  

- Você sabe que com a gente não tem tempo ruim.  

- É, e vai ser bom pra mim, cruzar o país. Tenho energia acumulada que preciso queimar para não explodir...   

Embaixada da Symkaria, Costa Oeste

Silver Sable e Estrangeiro brindam, nus, sobre o carpete. O rosto é tomado por um sorriso diabólico e relaxado. As taças se batem novamente e um pouco do champanhe respinga.   

- O ultimato! Dessa vez, sua amiguinha não vai resistir.  

- Calma, Sable. Há muito em jogo! Ainda mais com o filho dela na incubadora. Será que ela vai ser egoísta ao ponto de largar tudo por um capricho pessoal?  

- Conheço bem esse tipinho de gente sem compaixão, Estrangeiro. A decepção, pra piorar, mexe muito com os sentimentos. E se a pessoa não tiver controle, se entrega.  

- Uma hora dessas, o envelope já foi entregue.  

- Vamos receber a confirmação quando isso acontecer.  

- Então... mais uma taça?   

- Claro. Vamos aproveitar que o general Lane não está por perto...

Mansão Hardy, Nova York

As horas passaram. Tempo suficiente para muitas ações. Cruzar o país voando é uma delas.   

Lydia, sentada na poltrona de couro, se serve de conhaque. Com o controle remoto em mãos, ela altera a chama na lareira e a intensidade das luzes. Em seguida, troca o CD que finalmente termina.   

- Música clássica!   

Ainda sentada, fecha os olhos e as mãos acompanham a melodia, como se ela a regesse.   

Os vidros presos às janelas em madeira de lei estouram. Ao despertar do transe com o susto, deixa cair o copo, que se quebra ao tocar o chão. E o conteúdo estraga boa parte do caríssimo tapete.   

- Ho-Homem-Aranha?  

- Não, madame. Somos piores do que ele!  

Lydia permanece sentada, congelada. Seu corpo não responde; ela nem consegue acionar a segurança.   

- O-o que você quer? – diz, tremendo.  

- Vingança! – Venom se aproxima e coloca uma mão apoiando o encosto da poltrona, onde está a socialite. – Sua filha nos causou muitos problemas, inclusive, carregar um filho do Homem-Aranha!   

Lydia amaldiçoava o aracnídeo. Ela sempre falou para Felicia que o Homem-Aranha não prestava, que ele não era homem à altura dela. Agora ela corre perigo...   

- Por favor, não me... machuque! É dinheiro que você quer?  

- DINHEIRO? – Venom puxa Lydia pela nuca e a arremessa contra a mesa de centro, em mármore e vidro. E se aproxima do corpo caído – Vingança, mulher! Vamos te matar para que sua filha sofra tanto que...  

- Que nada – uma potente e feminina voz interrompe – Ela ainda vai conhecer o neto dela!   

Quando Venom olha para trás, recebe um soco de Ms. Marvel.   

- Muito fácil derrotar duas heroínas distraídas – fala Carol – Como gosto de revanche!  

Venom se levanta, irado, e dispara uma teia na direção de Carol.   

Na metade do caminho o fio negro do simbionte tem o curso alterado. Teias psíquicas.

- Se prepare para ser humilhado!  

Julia cria um paredão rosa e deixa Lydia protegida.   

- Vamos, Ms. Marvel. Venho treinando minha psique, ataque e defesa em ação conjunta.  

- Não se preocupe, Arachne. Eu vou dar um jeito nele!   

Venom puxa o valioso lustre e arremessa em Carol, que com uma rajada, destroça a peça. Na sequência, voa para cima do vilão, com o braço estirado.   

- Não preciso de armas sônicas ou de fogo para acabar com você – e acerta um soco no estomago. Venom se escora na parede.  

- Uma pena que não matamos vocês duas quando tivemos oportunidade. Dessa vez vai ser diferente!   

Mais preocupada em proteger Lydia, Arachne se descuidou e Venom disparou sua teia, que se enroscou no tornozelo dela. Um forte puxão e ele a arremessou contra o teto e o chão, três vezes.   

Ms. Marvel lança raios que atordoam o inimigo. Julia cai perto da parede rosa que protegia a mãe de Felicia, e que agora piscavam, denunciando fragilidade.   

Carol e Venom trocavam socos. Julia levantou, atordoada e se encostou num relógio grande e antigo.   

Venom segurou Carol pelo pescoço e lhe bateu no rosto várias vezes. Ela o chutou, tentando se soltar. Assim, começou a perder o fôlego.   

- Patéticas! Vamos matar as pessoas que Felicia ama, para depois fazer o Homem-Aranha sofrer!   

As mãos de Ms. Marvel iluminam com a concentração de energia. Ao mesmo tempo, cada uma atinge uma orelha e parte da cabeça do vilão. Venom grita desesperadamente, e tampa os ouvidos.   

Arachne dispara teias e o puxa pelos pés.   

- Hora da retribuição! – e o arremessa contra a parede cintilante. O vilão se debate. Está preso. Julia mantém a concentração. Carol se recompõe.  

- Nunca... nunca mais... – e inicia uma série de socos em todas as partes do corpo coberto pelo simbionte – ...tente me machucar... – Venom desmaia – ...ou matar alguém que eu preciso! – Mais socos. Julia se aproxima, correndo, e puxa Carol, ensandecida.  

- Pare, amiga! Acabou!  

- Ele...  

- Chega, Carol!   

Ofegante, Ms. Marvel abaixa os braços. Sua testa não mais está franzida. Julia desfez a parede e Lydia foi ao encontro das duas.   

- Eu preciso agradecer. Mas como...  

- Tome – diz Julia – Viemos trazer umas coisas – e entrega um envelope.  

- Não achamos justo que a senhora não participe disso. Por sorte chegamos a tempo...!   

Lydia abre o envelope e retira um DVD de dentro. Pega o controle remoto, aperta botões, tudo se ilumina e uma gigante TV de plasma surge de trás de um quadro. Ela coloca o disco, desliga a sinfonia que não parou por todo o período do conflito, e se senta na poltrona.   

As heroínas ficam cada uma de um lado. Lydia começa a chorar. Na tela, Felicia, com o bebe no colo, falava para a mãe, e, amamentando, apresentava o mais novo herdeiro da família Hardy.   

Corredor hospitalar, S.H.I.E.L.D.

Agora não havia mais a comemoração, a bagunça, as visitas. Novamente Felicia ficou sozinha com o filho.   

“Um menino!”   

Os balões coloridos. As mensagens de carinho. A estima pela alta do bebê prematuro na incubadora.   

“Quero dar o nome do meu pai, mas...”   

Ela olha aquele ser indefeso, pequenino, com dificuldades para respirar.   

“Não! Nunca! Meu pai mentiu para mim. A vida toda! Enquanto eu lutava para me espelhar nele, ele me usava, me fazia de cobaia!”   

O bebê se mexe, tremula. Felicia o olha com afeto, com vontade de pegá-lo no braço. Acariciá-lo.   

“Meu pai não merece nenhum tipo de homenagem! Mentiu ao ser preso. Mentiu ao dizer que me amava!”   

Um choro abafado da criança.   

“Não quero que meu filho passe pelo que eu passei. Não desejo que ele cresça sem pai. Mesmo ele tendo um...”   

Isso é o que volta a infernizar os pensamentos de Felicia: a reação de Peter Parker. Ele é o pai, mas não sabe. E parece que nunca vai saber...   

“Pra piorar não sei o que se passa dentro do meu filho. Eu e o Aranha temos genes alterados. Sofremos tipos de radiações. Quais consequências meu filho sofrerá?”   

Apoiando o braço e o queixo sobre a incubadora, Felicia decidiu desligar o cérebro. Calar os pensamentos.   

Ela estava cansada, abatida. Tanta coisa a incomodou e a afetou nos últimos meses, que ela nem teve tempo para cuidar de si.   

Seus cabelos estavam foscos e seus olhos não mais brilhavam. Um mundo de mentiras e de informações omitidas. Esse era o seu novo lar...   

Uma batida discreta à porta a desperta. Um segurança da S.H.I.E.L.D. pede permissão e adentra.   

- Senhorita Hardy, este envelope chegou para você.  

- Quem enviou?  

- Não há remetentes.  

- E se for uma bomba?  

- Nosso sistema de segurança não registrou índices de periculosidade no envelope. Nem explosivos, nem armas químicas ou biológicas. É seguro abrir. Apenas um envelope e uma folha dentro.  

- Já leram o conteúdo também?  

- Para isso não temos permissão.  

- Sei. Obrigada. Pode sair.   

O segurança acata o pedido e Felicia deixa o bebê por alguns instantes.   

Batendo o envelope lacrado na palma da mão, ela caminha pelo corredor fedido a éter, na direção da varanda.   

No ambiente arejado e de ar limpo, ela abre o envelope.   

Dentro, uma única folha, como dito o segurança.   

Não havia brasão, marca d’água, assinatura. Nada. Apenas a seguinte mensagem:   

Seu pai fez mais coisas. Me encontre daqui a dois dias no endereço e hora abaixo. Venha sozinha.

Ela não sentiu nada além de curiosidade. Estava convencida de que Walter – ou seria John? – foi um ladrão, e que não se pode confiar em ladrões. Experiência própria...   

Ela tratou de rasgar o envelope e a folha em muitos pedaços. Pequeninos pedaços. Que jamais poderiam ser juntados.   

Por fim, atirou-os no ar.   

 Quando a chuva de papel bailava no céu, Sam Hicks a surpreendeu.   

- Que faz aqui?  

- Estava fumando.  

- Sem brincadeiras.  

- Vim respirar, espairecer.  

- Como o pequeno está?  

- Muito bem, segundo os médicos.  

- Ele vai ficar bem.  

- Desculpe, Hicks, mas estranho sua sensibilidade.  

- Prezo pela vida, Felicia. Ainda mais de uma criança.   

Olhar de reprovação.   

- O pai já foi comunicado?  

- Nem será.  

- Acha isso coerente?  

- Intromissão na vida pessoal de seus agentes é coerente?  

Outro olhar de reprovação.   

- Foi confirmada a chegada do coronel Fury nos próximos dias.  

- Ótimo. Preciso mesmo tratar de assuntos com ele.  

- Do que se trata?  

- Segurança.  

- Ele e a adoção?  

- Não importa. Não quero que meu filho pague pelas coisas que eu fiz.  

- Curioso. E verdadeiro.  

- Olha, Hicks... tou péssima. Não tenho paciência para joguinhos.  

- Eu sei. Vim dizer que tenho notícias sobre sua mãe.  

- Ela recebeu o material já?  

- Sim, mas ela foi atacada por Venom.   

Tensão. Ira. Medo.   

- Meu Deus! Como ela está?  

- Bem, graças a Carol e a Julia.  

- Preciso falar com ela!  

- Não se preocupe. Ela está bem, esperando sua ligação.  

- Com licença.   

Felicia sai da varanda correndo, sumindo pelos corredores frios.   

Hicks pega o celular.   

- Pode seguir com o plano. Ironicamente, para nossa sorte, houve um incidente com a mãe dela, que a deixou mais fragilizada ainda. Sim... Mas precisa ser rápido. É... Nick Fury está vindo para cá, e isso pode atrapalhar o processo. Não se preocupe. Façam a parte de vocês que eu faço a minha. 

***

Na próxima edição: O último capítulo do arco Pretérito Imperfeito! Enquanto a célula da S.H.I.E.L.D. comemora a chega da de Nick Fury, Felicia vai a um encontro misterioso, em busca da derradeira verdade sobre Walter Hardy! E mais: quem é o agente duplo infiltrado na maior agência de segurança do mundo? 

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