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Gata Negra #46: Escravos e Sargaços

Gata Negra #46: Escravos e Sargaços

Ms. Marvel, Arachne, Cabeça de Martelo, Rino, Shocker... Todos contra todos na conclusão da missão das novas agentes da S.H.I.E.L.D.! E mais: Felicia à beira da morte (mas dessa vez não é sonho!). 

UTI, S.H.I.E.L.D.

O bip continua. Incessante. Irritante.   

Não há ninguém na sala, exceto Felicia, em estado de semi-coma. Do lado de fora poucos enfermeiros e um médico. O melhor.   

E isso é suficiente.   

Felicia agora se mexe na cama. Movimentos cadenciados. Paulatinamente seu corpo começa a suar. A respiração se torna ofegante. Seu corpo, antes inerte, se debate.   

O bip diminui a frequência.   

Diminui.   

Até parar.   

Uma sirene de emergência é ativada automaticamente quando os sinais vitais de Felicia são interrompidos.   

O médico e duas enfermeiras correm para o quarto.   

O corpo dela imóvel, agora.   

Enquanto os profissionais preparam uma carga de eletrochoque, os aparelhos voltam a funcionar. Os números nos monitores revelam que há algo de errado. Não há uma sequência certa.   

Sobe. Desce. Pula.   

Todos os aparelhos estão em funcionamento normal. Mas de uma forma anormal.   

O alarme continua disparado, mesmo como doutor desativando-o. O bip segue aceleradamente. A luz começa a falhar.   

O médico cancela o choque e prepara uma injeção de conteúdo exclusivo da S.H.I.E.L.D..    

Os equipamentos começam a esquentar. Sobrecarga de energia. Pequenas explosões nos monitores. Princípio de incêndio em uma tomada da parede.   

Felicia, se contorcendo, põe as mãos na barriga.   

Os equipamentos param como se fossem desligados. A luz cai.   

Os ruídos cessam.   

O médico apenas observa, com a seringa na mão.   

O gerador é acionado.   

Tudo volta ao normal. Menos os equipamentos totalmente danificados.   

Os três profissionais lamentam e abaixam a cabeça.   

Não há mais vida.   

- Bom dia!   

Eles erguem a visão e veem Felicia, sentada na cama, se espreguiçando.   

- Mas... como?  

- Como o quê, doutor?  

- Felicia... você... você...  

- Estou ótima – e pula da cama para o chão – O que aconteceu aqui?  

- Você não lembra? – pergunta o doutor, olhando para as enfermeiras.  

- Não. Tudo o que sei é que tive um pesadelo terrível.  

- Felicia, precisamos realizar alguns exames.  

- Há algo de errado comigo... e com o bebê?  

- Espero que não.  

Felícia olha a sala. Com calma.   

- Eu... eu fiz isso?  

- Enquanto estava desacordada.  

- Tudo o que me lembro antes de parar aqui foi que estava conversando com as meninas e pronto. Apaguei.  

- Realmente precisamos realizar exames. Você teve um sangramento também.  

-Não me diz que...  

- Depois desse ataque em coma... por isso precisamos dos exames.  

Felicia senta na cama.   

- O sonho... foi tão real. Foi horrível.   

O médico injeta a substância em Felicia, depois de achar a veia.   

- Como estão Carol e Julia?  

- Bem. Agora descanse.  

- Está me dopando? Hein? Está? Hein? Diga!  

O corpo de Felicia pousa tranquilo agora.   

- Chamem Sutton. Agora!   

Limón, Costa Rica

Mais importante cidade caribenha do país. Fundada e habitada praticamente por descendentes de jamaicanos.   

E num QG provisório da O.I.J., Carol e Julia se reúnem com alguns integrantes dessa polícia.   

- Eles fugiram, Ms. Marvel.  

- Previsível, afinal o governo afirmou que por eles não serem nativos, o Estado não tem como detê-los.  

- Qual o paradeiro?  

- Arachne, descobrimos que agentes da O.I.J. estão trabalhando no tráfico. Graças a isso e a outras investigações sabemos que um navio com escravizados parte de Puerto Limón em algumas horas.  

- Ótimo! – diz Carol – Eu vou até o navio. Arachne, a pessoa por trás dessa operação deve acompanhar o processo de perto. Deve estar em algum local por aqui.  

- Exatamente – acrescenta o oficial – Sabemos quem ele é.   

As heroínas trocam olhares.   

- A imigração detectou movimentação suspeita na fronteira com o Panamá. Colhemos dados e fotos, enviamos ao FBI e como resposta tivemos que se trata de um criminoso de Nova York. Cabeça de Martelo.  

- Qual a localização dele em terra?  

- Estamos esperando uma confirmação, Ms. Marvel.  

- Compreendo. Agilize a busca. Eu vou para o porto.  

- Espere, Ms. Marvel – interrompe o agente – Precisa esperar que a embarcação saia das águas costarriquenhas.  

- Por quê? – questiona Carol.  

- Medidas preventivas. É uma ação sigilosa, recorda?   

Carol e Julia demonstram satisfação. Em seguida, se sentam e traçam o plano para deter o Cabeça de Martelo.   

Localização desconhecida, Limón

Cabeça de Martelo fala ao rádio. Integrantes da O.I.J. mantêm o esquema de segurança e acompanham o trabalho de outra equipe comprada, no Porto.   

- Com esse carregamento para a Europa terei dinheiro suficiente para tomar minha cidade outra vez – diz o chefe ao desligar o comunicador – Como está a situação no porto?  

- Tivemos um problema com a alfândega, mas já foi resolvido.  

- Ótimo. Rino e Shocker já estão lá?  

- Sim, senhor. Vão cruzar o oceano e depois retornam no mesmo navio.  

- Muito bem. Vamos alterar o horário do embarque.  

- Para quando?  

- Agora.  

Puerto Limón

Um pouso leve. Mas era tarde. O navio já tinha desatracado rumo à Europa. A ideia de Carol era se esconder na embarcação e agir assim que chegassem a águas internacionais.   

- Quais as recomendações para um ataque em mar neutro? Esperar uma resolução da Onu ou de Haia demoraria uma eternidade. Não vejo de quê posso ser culpada.   

Planando a uma distância segura, Carol segue o navio, enxergando homens da O.I.J. armados pelo convés.   

Enquanto isso, em terra firme, Julia e oito agentes federais chegam ao local de onde o Cabeça de Martelo organiza a operação.   

- Primeiro eu entro para atrapalhar os inimigos. Ao meu sinal vocês invadem. Tentem não matar ninguém, especialmente o Cabeça.  

- Fica despreocupada, Arachne. Tivemos treinamento na SWAT.  

- Muito bom. Só que eu tenho habilidades especiais! - teias saltam dos dedos e tragam o fuzil que um agente portava, que admira o ato – Entendeu porquê eu entro primeiro?   

Águas internacionais

Carol precisa ser rápida, porque assim que o navio alcançar territórios de outros países caribenhos poderá ser tarde.   

- Eu juro que destruiria esse barco de uma só vez, mas o fato de haver inocentes me faz ser racional. e eu sinto falta da agressividade!   

Carol encosta no casco lateral do navio.   

- Hum... um rombo pode me fazer ganhar tempo.   

Na cabine da embarcação, o marinheiro treme junto ao leme e grita:   

- Batemos em algo! Ou algo bateu na gente! Preciso que alguém vá verificar.  

- Eu vou comunicar ao chefe – diz Shocker, ao lado do marinheiro.  

Local desconhecido, Limón

- O quê? Isso não é nada bom. Vá com Rino para o convés e derrube seja lá quem for.  

- Suspeito de que sejam aquelas duas de novo.

- Melhor ainda. Matem-nas e triplicarei o pagamento.   

Ao desconectar, Cabeça de Martelo pega uma metralhadora.   

- Posição de defesa. Temos que nos preparar para...   

E uma parede desaba. Depois que a poeira desce, uma enorme aranha branca estampada numa roupa preta surge.    

- Ora, ora...   

Tiros são disparados. Julia lança teias psíquicas para todas as direções, protegendo-se das balas.   

- Matem ela!   

Arachne salta e se balança em teias, bailando no ar, atrapalhando a mira dos inimigos. As munições ricocheteiam pelo local.   

Julia faz uma barreira cintilante, se isolando com o Cabeça de Martelo. E faz um sofá voar pela janela.  

Do lado de fora...   

- Vamos – diz um agente – Esse é nosso sinal!   

Os oito homens entram sem disparar, apenas conhecendo o ambiente. A parede de teias chama a atenção.   

E do outro lado dela...   

- Isso é apelação, Cabeça de Martelo!  

- É a melhor maneira de ganhar dinheiro.  

- Já imaginou se algum conhecido “nosso” está na lista dos escravizados?  

- Sim! – uma rajada corta na diagonal. Julia salta, rola, se prende na parede. Em resposta, arranca a arma das mãos de Cabeça de Martelo.  

- Vamos no mano a mano?   

Por não ser muito boa nesse tipo de combate, Julia já tem uma estratégia. Só que a cabeçada que recebeu no queixo e a fez voar não estava em seus planos...   

Cabeça de Martelo investe novamente, alternando socos e golpes com a cabeça. Arachne esquiva e se defende.   

Caída sentada, um alvo fácil pro vilão, que logo recuperou a metralhadora.   

Com um grito, os cabelos de Julia sacolejaram. Rapidamente fios saem das mãos, quase sólidos. A força foi tão grande que com o impacto o Cabeça de Martelo quebrou outra parede. Como resultado, as costas ficaram pro lado de fora. Na frente, dentro do esconderijo, nada se vê alem das teias rosa.   

Julia limpa as mãos batendo no uniforme. A barreira se desfaz e o resultado alegra a heroína: todos os inimigos vivos e detidos.   

- Gostei de vocês!  

- É o nosso trabalho. Dificilmente agimos assim, por isso nos empenhamos tanto.  

- Vamos, preciso ter notícias de Carol.  

Águas caribenhas

O alarme de emergência já ecoa e a tripulação corre para tentar resolver o problema. Na proa, com pose de vencedora, Carol detém o último criminoso. Até ser derrubada ao levar uma investida de Rino.   

Se batendo pelo convés, ao cair, olha para baixo e encontra o porão onde estão os escravizados.   

Ela se preocupa, afinal o rombo que fez no casco deu acesso a este local. E agora a água invade onde estão os inocentes.   

Sem muito tempo de novo, Ms. Marvel voa contra Rino, mas antes de acertá-lo, é derrubada por um raio de Shocker.   

- Você é boa

Se levantando ferozmente, Carol parece ter esquecido de que há gente que precisa ser salva. Ela concentra energia na mão e dispara contra Shocker, que também libera raios.   

As duas forças duelam e novamente Carol é derrubada por outro brusco golpe de Rino, unido à explosão dos disparos dados em conflito com Shocker.   

O navio começa a... afundar.   

Então, duas bolas de energia surgem em volta da cintura de Ms. Marvel. Com um curto movimento, uma atinge Shocker. A outra permanece girando. Carol chega até o inimigo e, utilizando a arma dele, dispara conta Rino, ao tempo em que acerta cotoveladas na cabeça de Shocker.   

O peso de Rino faz o navio começar a embicar. A outra esfera é lançada contra ele, se unindo ao raio que ainda o atinge. O gigante treme. Sem pestanejar, como um míssil, Carol atinge Rino, que desaba desacordado no porão.   

- Agora sim!   

Carol mergulha na água quente e nada para baixo do navio. Com força extrema, ela ajeita a posição da embarcação.   

Sobe. Respira. Mergulha.   

Do lado do buraco no casco, ela o move para o alto. Apesar de torto, não há mais infiltração.   

Agora aliviada. Helicópteros se aproximam.   

S.H.I.E.L.D., Metrópolis

Felícia, numa cadeira de rodas – foi obrigada a usar – se conecta pelo computador e ativa o comunicador.   

- Oi, meninas!  

- Felicia! Você está bem?  

- Mas tão rápido assim?

- Calma! Uma coisa de cada vez. Onde cês tão?  

- Bom – diz Carol – nesse exato momento estamos recebendo honras e glórias das mãos do presidente costarriquenho, pelo sucesso da operação. E você?  

- Sendo medicada. A enfermeira até acabou de chegar aqui.  

- Amiga, como está Rachel?

- Muito bem, com saudades. Quando cês voltam?  

- Estamos esperando a chegada do “serviço especial” americano para levar seus amigos de volta.

- Meus amigos?  

- Rino, Shocker e Cabeça de Martelo.

- Eu perdi isso!?   

A tela do computador de Felicia pisca.   

- Meninas... acabou de surgir uma coisa estranha aqui no meu monitor.  

- O quê?

- Não sei... Na região do Mar dos Sargaços. Me parece que há grande concentração de energia.  

- Quer que a gente vá dar uma olhada?

- Por que não?  

- Por mim tudo bem. Manda as coordenadas por GPS e assim que a gente despachar esses perdedores vamos checar isso.  

- É, afinal a gente tá perto mesmo.

- Perfeito, amigas!   

Felicia envia os dados. A porta é aberta.   

Sutton.   

Com cara de poucos amigos.   

- Bom – diz Felicia – Já falo com vocês de novo. Beijos.   

Desconectada.   

- Oi, chefe!  

- Passou dos limites. Desde quando você passa as missões?   

***

Na próxima edição: Carol e Julia encontram manifestações estranhas nas águas nas proximidades das Bahamas e salvam... Namor? Silver Sable e o Estrangeiro finalmente se reúnem com o general Lane! E Felicia descobre que o pai dela não morreu de câncer e sim... de envenenamento!

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