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Gata Negra #45: Sonhos e Caribe

Gata Negra #45: Sonhos e Caribe

Em estado crítico, Felicia continua internada. O FBI inicia investigações sobre um corpo achado no Bahrein. Arachne e Ms. Marvel enfrentam Rino e Shocker. E finalmente revelada a verdade sobre o Gatotem!

CTI, S.H.I.E.L.D., Metrópolis 

O prédio do Standard Savings of America Bank & Trust também é dotado de um andar hospitalar. Lá, estão instalados laboratórios, clínicas e, até mesmo, suporte para terapia intensiva. 

E é exatamente neste local que repousa Felicia. 

Quando os agentes da S.H.I.E.L.D. entraram no quarto da ladra, seguindo o desespero de Carol e Julia, eles o encontraram dura e fria, estirada no chão. Rodeada de sangue. 

Por um instante eles achavam que ela tinha morrido, e levado consigo o seu neném. 

Depois de uma bateria de exames, foi constatada uma hemorragia, de causa ainda desconhecida, mas que não chegou a afetar a criança em nada. 

Desconhecida até este momento. 

Novamente aquele ruído irritante que faz Felicia se remexer na cama do CTI. Ela ainda está suada, e nem a morfina resolveu as dores abdominais. 

Seus olhos, inquietos, buscam alguém que lhe possa dar informações sobre seu estado de saúde, e, principalmente, do seu filho. 

Ela revive uma situação: 

Bip. Bip. Bip. 

Barulho da aparelhagem. 

Bip. Bip. Bip. 

Dor de cabeça. Articulações doloridas. Pouca visão. 

Bip. Bip. Bip. 

Tubos para que possa respirar. Agulhas nos punhos. 

Mas dessa vez não há vozes conhecidas. Ninguém que lhe dê conforto. 

Ninguém. 

Sala de Supervisão Medica, S.H.I.E.L.D.

Impaciente, Sam Hicks conversa com o médico responsável por todos os casos de saúde da agência: Dr. Davey, que mostra papéis, fotos e outros documentos. 

- Isso é impossível, Dr. Davey. 

- Por que? 

- O que está me dizendo é completamente improvável... é praticamente uma lenda! E a S.H.I.E.L.D. não costuma acreditar de primeira no misticismo. 

- Senhor, Felicia tinha me falado de coisas estranhas que aconteceram com ela depois que ela teve contato com essa estátua. 

- Um deus felino que teve sua alma aprisionada numa pedra milenar? 

- Exatamente. E para que ele possa voltar a vida, precisa de... para os leigos, de um hospedeiro. 

- Você agora me deu outro problema. 

- Problema? 

- Se Felicia foi afetada por esse... como chama? 

- Gatotem. 

Sam Hicks não esconde a risada. 

- Por esse Gatotem, ela se tornou hospedeira desse espírito e se torna, então, uma nova ameaça não só para a S.H.I.E.L.D., como para o mundo. 

- Senhor, observe essa ilustração. 

- Onde conseguiu isso? 

- Com o Doutor Estranho. 

- Tsc... 

- Senhor, se Felicia realmente tivesse sido afetada pela alma do deus Gato, a estátua não mais existiria. 

- E aquele vídeo está me mostrando exatamente isso. 

- Não. Essa gravação é recente. 

- Recente? Quem deu ordens para vigiar a mansão dos Hardy? 

Embaixada da Symkaria, Costa Oeste

Uma discreta troca de olhares. A tensão e a sede de vitória sempre foram estimulantes para manter acesa a paixão entre esses dois – agora – divorciados. 

Silver Sable fala ao telefone enquanto o Estrangeiro a admira. Várias vezes eles foram pegos em flagrante, com esse perigoso jogo de sedução. 

Só que a expressão de Silver Sable muda, e rapidamente seu ex-marido se aproxima dela. 

- Não permita isso. Mantenha-me informada. 

Bruscamente ela desliga o telefone. 

- Problemas? 

- Dos grandes. 

- O que está esperando? 

- O FBI encontrou o corpo de um ex-funcionário da SSInternacional. 

- O que há de ruim nisso? Não foi a primeira vez. 

- Mas é a primeira vez que ele não foi encontrado com as devidas identificações. 

- Então o FBI nem imagina que ele é da SSInternacional. 

- Vão descobrir. Ele estava “ajudando” Felicia Hardy, sendo piloto para que ela realizasse os trabalhos a mando do Camaleão. Dessa forma poderíamos vigiá-la. 

- Como ele morreu? 

- Ele se apaixonou por aquela ladra e morreu protegendo-a. 

- Que romântico. 

- Poupe-me das suas piadas. 

- Onde o encontraram? 

- No Bahrein. Felicia e ele foram com uns sul-americanos que queriam uma bomba... Não adianta explicar isso agora. Os xiitas tentaram matar Felicia e Charles, e assim ele morreu. Felicia conseguiu escapar e acionar o FBI, que, consequentemente, encontrou o corpo de Charles. 

- O que pretende fazer? 

- Dei ordens para entrarem em contato com meu aliado no governo americano. Vão dar esse caso por encerrado. 

- Você é magnífica. 

- Poupe-me de suas piadas. 

- Felicia não pode atrapalhar? 

- Ela está ocupada com outras questões. Nem se lembra de Charles. 

Playa Potrero, Costa Rica

Seguindo as orientações da O.I.J., passadas por Tomás Rodríguez, e decididas a resolver o problema independentemente do grau de dificuldade, Carol e Julia se separaram ainda em San José. 

E assim ganhar tempo – o que agora é primordial – e voltar o mais rápido possível para Metrópolis e saber notícias de Felicia. 

Faltando poucos metros para tocar o solo, ao ser “lançada” por uma aeronave de combate a pragas agrícolas, Julia – agora Arachne – já vê o navio que transporta os ilegais vindo de países situados ao norte de Costa Rica. 

“Preciso alcançar a embarcação ainda em alto-mar... Há muitos moradores e turistas nessa pequena cidade...” 

A ela toca a areia da praia de La Penca. Por alguns instantes, observa o azul forte do mar de águas geladas, e sente vontade de se refrescar... 

“Essa roupa preta não tá com nada... Mas queria tirar fotos ou, quem sabe, trazer Rachel aqui!” 

Aproveitando que não há pessoas na praia no momento, ela procura uma forma de chegar até o navio. 

As teias psíquicas não vão ajudar. 

Ela caminha pela praia e encontra um jetsky. 

Pensa por alguns segundos, afinal... ela vai roubar. 

“Se Felicia fica sabendo disso, vai me encher durante um ano...” 

Rapidamente Arachne já está cortado as águas em direção ao navio. 

Sala de Supervisão Medica, S.H.I.E.L.D.

- Senhor, eu tive a iniciativa. Felicia me contou que, depois que teve contato com o Gatotem, os olhos dos dois brilharam e ela ficou cega temporariamente, até perder a consciência. Quando acordou, ela se sentiu zonza e com os músculos dos membros mais tesos. 

- O que aconteceu com ela? 

- Pelos cálculos de Felicia, a última vez que ela teve uma relação sexual e o dia que ele recebeu a notícia de que estava grávida, o feto deveria ter um mês. Mas eu realizei um ultrassom e descobri que ela já tinha 4 meses. 

- Está me dizendo que o Gatotem acelerou o processo de gravidez de Felicia? 

- Não apenas isso. Os músculos realmente estão mais fortes. Ela está mais ágil e, com certeza, sua visão está mais apurada. 

- Já realizou testes com ela? 

- Não senhor. Estavam marcados para hoje, mas depois da hemorragia... 

- E essa hemorragia? Consequência desse espírito felino? 

- Provavelmente. O organismo humano não está preparado para sofrer nenhum tipo de aceleração no sentido de desenvolvimento, é tudo muito bem calculado. Então, quando ela sofre alguma alteração, o corpo tende a reagir. 

- Mas ela e a criança estão bem? 

- Felizmente. 

- Voltemos ao outro ponto, Dr. Davey. Onde entra a vigilância à casa dela? 

- Pedi para que um agente coletasse dados sobre a estátua e a vigiasse. - Você já manipulou as amostras e comparou com os dados de Felicia? 

- É o que estou fazendo. 

- E a estátua? Se ela sumiu, é porque foi roubada. 

- Pior, senhor. Veja essas imagens. 

Enquanto Hicks observa a gravação, se surpreende com a chegada de um homem corpulento e muito ágil, com um ar selvagem. Ele tenta reconhecer, e, finalmente quando a imagem melhora de angulação e iluminação, ele vê o homem se abraçando ao Gatotem. As luzes saindo dos olhos de ambos. A peça em pedra se desfazendo, e o corpo de Puma caindo ao chão. 

Playa Potrero, Costa Rica

Quando calculou a distância a qual a teia já teria serventia, Arachne abandonou o jetsky e disparou os fios cintilantes no casco da embarcação, e rapidamente já estava escalando a proa. 

Apesar de grande, havia apenas um local de depósito onde, provavelmente, estariam os ilegais iludidos com a promessa de melhora, num país próspero. 

Caminhando e se escondendo, Arachne encontrou um vigilante. Rapidamente o corpo dele ficou enrolado nas teias. 

O serviço tem que ser limpo; nada de alardes. 

Mesmo estranhando o silêncio, afinal nem os tripulantes circulavam pelo navio, ela foi sorrateiramente agindo. Deixando marujos desacordados, praticamente todos, até o capitão. 

E da cabine enviou a mensagem para a O.I.J. sobre sua localização e a interceptação do navio. Restava agora libertar os imigrantes. 

Puxando a grande no piso do navio, a luz que entrou ofuscou os olhos de quem estava escondido nesse galpão-porão. 

Julia desceu as escadas ouvindo o tremor dos ossos dos que acabaram de ser descobertos. 

- Não tenham medo. Vim ajudá-los. 

Não houve resposta. 

“Claro, eles não falam inglês...” 

Gesticulando, Arachne acalmava os velhos, mães e crianças assustados. Eles também gritavam e gesticulavam. Julia não entendia. 

E foi atacada por um raio, que lhe atingiu as costas. 

- Quem é você, mulher? 

Julia se levanta, se recuperando do choque. 

- Você? Eu conheço você! 

- Minha fama já chegou na América Central! 

- Shocker! 

- E você? Quem é? 

- Seu pesadelo! 

Shocker voltou a disparar contra Arachne, que apenas evitava as rajas, esquivando-se. 

- Fique parada, mulher! Parece até o Homem-Aranha! 

Então ele parou os ataques. 

Ele já sabe quem ela é. 

E ela agora sorri. 

Arachne sabe que está em desvantagem por estar num porão repleto de inocentes, e pra piorar, ainda tem um vilão disparando contra ela. 

Ela se balança, pensando na melhor estratégia para vencer e salvar não só a ela, como aos ilegais. 

Então se envolve na teia cintilante. Shocker segue atirando e se aproximando. A carga de energia aumenta e ele começa a perfurar a teia psíquica. 

Gargalhando, comemora por, finalmente, conseguir derrotar um aracnídeo, mesmo que seja uma mulher. 

Quando a teia se dissipa, ele encerra o ataque. Ao levantar a cabeça para procurar o corpo, recebe um soco de Julia, que enrolou a mão com seu poder. 

- Treinamento na S.H.I.E.L.D. resulta em novas técnicas. Enquanto o otário atinge o que chamo de casulo-holograma, eu preparo o contra-ataque! 

Shocker cai, desmaiado. 

Ao comemorar a vitória, Arachne vê que um dos choques do inimigo atingiu o casco do navio e a água já está entrando. 

No pânico, os imigrantes correm pra parte de cima, deixando Julia mais aliviada. Ela fecha os olhos e se concentra. As teias saem das pontas dos dedos e fazem uma proteção temporária, até que o resgate chegue. 

- Carol, amiga, resolvi meu problema já. E você? Como tá aí no rio? 

Rio San Juan, fronteira com a Nicarágua 

- Aqui a coisa tá mais complicada! São 3 barcos, homens armados e pra piorar, tem um rinoceronte também. 

- Ué, eles também estão fazendo tráfico de animais? Mas pelo que me consta, rinocerontes não são da África?

- Já, já nos falamos! 

Ms. Marvel não tem muita paciência para agir como Arachne. Ainda mais agora, que ela finalmente está liberando toda a sua vontade, sua força acumulada, nesse caso costarriquenho. 

A vontade dela era derrubar logo os barcos e bater em todos, mas ela sabe que há uma crise entre dois países sobre direitos de navegação e outros assuntos políticos. Mas para esta questão de imigração, parece que o governo nicaraguense é cego... 

“Bom, vou ter que agir seguindo modelos militares... vou causar conflito entre eles!” 

Ms. Marvel já tinha mapeado os locais exatos na beira do rio, entre distâncias pro ataque também acertadas, onde há postos de segurança da Nicarágua. Então, ela teria que esperar os barcos chegarem no meio desses pontos para iniciar o ataque. Mas antes... 

Assim que as três embarcações deixam um posto de segurança e se afastam vários metros, Ms. Marvel dispara uma pequena bola de energia, que atinge o último barco. Os homens armados fazem sinal e os outros param. 

O líder do primeiro barco grita pelo rádio com o líder do último, provavelmente questionando o motivo da parada. Carol pode não compreender o que eles falam, mas as expressões revelam exatamente o que é. 

Um homem no barco do meio joga um gancho e prende na embarcação atingida pelo poder de Ms. Marvel, para voltar a navegar. 

“Eles estão mais lento porque estão içando...” 

Mais alguns metros e Carol dispara outra bola, dessa vez no barco do meio. 

O mesmo problema, o mesmo conflito com o líder da primeira embarcação. E mais um gancho é jogado. Agora o primeiro puxa os demais. 

Carol vibra. Eles estão muito mais lentos e irritados, e até o próximo posto de segurança ainda tem muita água pela frente. 

“É hora de agir!” 

Carol voa. 

Alto. 

De cima analisa o ataque. Gira o corpo e coloca a cabeça pra baixo, com os braços estirados. Um míssil. 

Numa velocidade absurda ela cai exatamente entre o primeiro e segundo barcos, rompendo o gancho e causando assustadoras ondas. 

Os homens armados começam a atirar ao relento. Ms. Marvel submerge causando mais ondas e para no ar. 

- Precisam de ajuda? 

Como o gancho foi partido, o barco da frente disparou, deixando os outros quase estagnados. Carol então investe contra esse, para que não possa chegar ao ponto de vigilância. 

Recepcionada a bala, ela consegue deter todos os tiros e causar mais preocupação aos tripulantes do que danos físicos a eles. O motor quebra. 

Carol anda pelo barco derrubando quem tenta impedi-la até chegar na cabine do líder, que, por sinal, desmaiou com o rádio na mão esquerda. 

Ela busca por imigrantes, mas não encontra nenhum. Ou seja, eles estão nos barcos de trás. 

Como um raio, ela chega no momento em que os ilegais estão sendo atirados ao rio. Ela dispara contra uma embarcação, que vira. Pessoas começam a gritar de desespero. Os criminosos atiram sem parar. 

Com uma mão, Ms. Marvel chacoalha a embarcação virada, derrubando quem ainda estava lá, no rio. Preocupados em se salvar, alguns homens não mais atiraram nela. Restou então o barco do meio. 

Ao pousar, um grito. O barco começa a balançar e Carol perde o equilíbrio. Ao se apoiar num mastro e olhar pra frente, um susto. 

- Quem acordou Rino? – diz o truculento homem.

Os outros ilegais e criminosos deste barco já tinham se atirado ao mar. Eles não queriam estar no meio desse duelo. 

- Volte a dormir, Rino. A não ser que queira que eu faça isso. 

- Mulher, nunca mais me acorde! 

- Se preocupe não. 

Aproveitando que o inimigo ainda estava sonolento e sem reflexo, Carol inicia uma sequência de socos nele. A cada golpe certeiro, o navio afundava um pouco. 

Rino, cambaleando, consegue, por acaso, se esquivar e acertar com o ombro na cabeça de Ms. Marvel, que cai. 

De uma margem, um criminoso gritava, em inglês, para que ele a matasse. 

E o inevitável aconteceu. Rino correu na direção da heroína. 

Carol tinha duas opções: voar e deixar ele cair no rio e assim poder detê-lo, ou... 

Quando Rino se aproximou a distância máxima de segurança, Ms. Marvel acertou um gancho no queixo do oponente, que voou poucos metros e caiu no barco. 

Que, por sua vez, afundou. 

Planando, Carol enviou mensagens para a base, concluindo o serviço. 

Primeiro ela capturou os traficantes que estavam fugindo pela margem, deixando-os, com Rino, no barco que ela sacudiu no começo da ação, e depois colocou, salvos, os imigrantes dentro do primeiro barco, os levando para o local combinado com as autoridades. 

San José, Costa Rica

O reencontro foi rápido. Um abraço e novamente Carol e Julia estavam partindo para o Caribe, deixando os imigrantes à mercê das autoridades costarriquenhas. Partindo, sem esconder que também estavam preocupadas com Felicia, e elas tiveram que embarcar antes de receber notícias da amiga. 

- Mas vamos ter problemas com os vilões. 

- Que nada, Julia. 

- Por que a O.I.J. não quis que a gente levasse Shocker e Rino para a prisão do órgão? 

- Porque eles respondem aos Estados Unidos. E nenhum país dessa região aqui tem condições de manter esses dois presos. 

- Eles preferiram libertá-los a... 

- Relaxa, Julia. Eu tava mesmo precisando disso. E minha festa com Rino nem foi como eu gostaria. Foi muito rápido. 

- Onde eles devem estar agora? 

- Provavelmente indo pro mesmo lugar que a gente. 

- Guarida? 

- O chefe deles deve estar lá. Como o trabalho foi interrompido, eles devem estar querendo voltar pra Nova York. 

***

Um fim de tarde agradável no Central Park. Momento e local perfeitos para um passeio em família. Tanto que várias tiveram a mesma ideia. 

Estirada sobre um pano grande e confortável, Felicia observa seu filho, que ainda nem completou dois meses, sendo ninado pelo pai, Peter Parker. 

O neném sorri, o pai chora. E a mãe finalmente comemora o que tanto sonhou a vida toda. 

Ela, Peter e o filho. Juntos. 

Peter, ainda desengonçado ao carregar o bebê, senta ao lado de Felicia e a beija apaixonadamente. Felicia carrega a criança, para que possa descansar, afinal, ser filho do Homem-Aranha não é fácil! 

Deitada de lado, com a cabeça no colo de Peter, que tudo observa e tira fotos, Felicia afaga a criança. 

Até que... 

- Fel, meu Sentido de Aranha está descontrolado. 

- Mas não há perigo aqui, gatão. É a falta de costume de relaxar. 

- Não... ele nunca me engana, você sabe disso. Pegue o bebê e vá para... 

Interrompendo o pedido, árvores caem, o fogo se espalha pela grama. Pessoas queimando correm. Peter e Felicia se levantam. 

- Saia daqui! – diz Peter. 

- Mas... 

- Me obedeça! Leve nosso filho para longe! 

E finalmente aquela risada. 

Aquela que faz Peter Parker, o espetacular Homem-Aranha, tremer. 

Acompanhados por ela, pesados passos, raios, sangue. 

- Não tem para onde escapar. – diz a voz inesquecível. 

Felicia junta a criança ao seu corpo. Peter fica na frente. 

- Como nos achou? 

- Não queira morrer sabendo quem te traiu, Homem-Aranha. Ou seria... Peter Parker? 

Nesse instante, o casal e a criança ficam no centro de uma roda. Quando Felicia finalmente abriu os olhos depois de rezar, viu a morte novamente. 

Duende Verde, Dr. Octopus, Venom, Carnificina, Camaleão, Lagarto, Escorpião, Lápide, Rei do Crime... e todos aqueles que ou ele, ou ela, já enfrentaram. 

Todos juntos. Unidos para um único objetivo: matar o filho do Homem-Aranha. 

E apesar de toda luta do herói, a ladra rapidamente foi amarrada por um dos tentáculos de Octopus. Ela gritava, esperneava, chorava... O bebê foi carregado por outro braço mecânico. 

Peter recebia socos de Kraven enquanto Mistério o segurava. A fila era tão grande que até o Homem-Areia e o Homem-Hídrico deram um jeito de passar na frente de todos para este momento. 

Depois de tantos golpes, Peter olhava Felicia, quase desacordada, ainda tentando, mesmo que automaticamente, retirar o filho das mãos do... Duende Verde. 

Assim ele fechou os olhos. 

Assim, Felicia derramou lágrimas pela última vez. 

Assim eles ouviram o choro do que poderia ser o futuro, ser abafado por aquela risada demoníaca. 

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