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Gata Negra #34: Distrações fatais 4/7

Gata Negra #34: Distrações fatais 4/7

Ms. Marvel e Mulher-Aranha travam um duelo! O FBI resgata Felicia e ela enfrenta novos problemas com os federais! Camaleão, confiante no sucesso dos seus planos, decide matar as pessoas envolvidas! Mas o azar está se aproximando... é bom que este terrorista se segure! 

Bahrein

Mentira. Novamente a vida de Felicia é tragada pela mentira. Tudo começou com o pai dela. E parece que não vai ter fim… 

A descoberta de que Charles trabalhava para Silver Sable a enlouquece. Ela se questiona se o que eles viveram foi uma - outra - grande mentira. 

“Ele queria o que comigo? Por isso sempre me ajudava nas viagens… mas o que Silver Sable quer? Por quê ela mandaria alguém me espionar? Por quê você mentiu pra mim, Charlie?” 

Ainda sentada, em frente ao crucifixo, não sentia mais aquela paz interior. Tudo doía. Especialmente seu coração. Ela foi enganada. Usada, talvez. 

“Será que Silver Sable está relacionada com o sequestro da filha de Julia Carpenter? Meu Deus! Eu não vou aguentar isso!” 

De tudo na vida Felicia não suporta a traição. É fato que ela já usou a falsidade. Só que desta vez… foi muito longe. 

A Gata olha os vitrais internos da capela. O crachá de Charles ainda está na sua mão. 

“Por que eu tenho a sensação de que essa é apenas a menor das mentiras? Quero entender o motivo dessa tristeza repentina que tomou conta de mim…”

Nova York

- Não, Julia, sua filha ainda não está livre. Não sabemos o que Felicia vai fazer. Assim que ela entregar a encomenda para o Camaleão, Rachel irá com você. 

- Meyer… seu cretino! Escreva uma coisa: eu vou me vingar de você! 

- Ok, mas enquanto sua filha estiver sob os meus cuidados, me trate como o seu melhor amigo. Agora saia, estou perdendo a paciência. 

Julia é jogada para fora da limusine preta, no meio da ponte. 

Ao ficar em pé, olha para Manhattan. 

- Já sei o que fazer. 

São Bartolomeu, Bahrein

Agora não há mais volta. É hora de ser racional. Ao menos a vida de uma criança pode ser salva e Felicia não vai medir esforços para tal. 

“A bateria do celular está terminando… tenho que falar com Michelle… só ela pode me ajudar.” 

Mais uma vez ela disca 729992. RAYA. 

“Atenda…”

- FBI. Esta é uma linha segura. Sua ligação do ramal exclusivo não pôde ser completada, por isso você será transferido. Por favor, aguarde. 

“Como assim? Onde está Michelle?” 

- Agente Philips. Você está em um contato da agente Michelle Brooke, cadastro 420272-9. Confirme a senha. 

- Alô? Oi, não é Michelle quem está falando. 

- Senhora, sabe que é crime utilizar esta linha? O seu telefone será rastreado para que sejam aplicadas as…

- Eu sou Felicia Hardy e estou fazendo um trabalho para a agente Michelle! Ela me disse que era para eu discar RAYA de qualquer telefone quando eu…

- Felicia Hardy?? 

- Eu… isso é bom ou ruim? 

- Não sabemos de nenhuma missão com seus serviços. 

- Por favor, pesquise! Ela me passou um trabalho e eu estou em perigo no Bahrein! 

 - Estou checando. 

- Não seria muita sorte alguém conseguir passar um trote para uma linha segura do FBI, passando todas essas informações? 

- Contato confirmado, srta. Hardy. Qual sua localização exata? 

- Vocês aí não têm rastreador? 

- Qual sua localização exata? 

- Ok… Igreja São Bartolomeu, deserto do Bahrein. 

- Não se preocupe. Agentes de resgate vão encontrá-la. De quem é este telefone? 

- Por quê? 

- Não estou conseguindo rastreá-lo. Nem o aparelho e nem a linha. Algum ponto de referencia para a equipe? 

- Sim… uma cruz de néon verde. A igreja fica cravada no solo do deserto. 

- Os agentes já foram contactados. 

- Tchau, né? 

“Grosso… cada minuto, mais confusão…”

- Gata Negra! 

- Rasool! Ia te procurar, estão vindo me buscar. 

- Então você conseguiu. 

- Nós conseguimos, não é? 

- Saímos saciados hoje. 

- Nem tanto. Descobri que as pessoas continuam mentindo. 

- Isso nunca vai mudar. 

- Estou cansada disso. Cansada do azar, de traição, de ser desprezada. 

- A humanidade não é boa. 

- Há pessoas do bem. 

- Continua otimista. 

- Descobriu algo que pode mudar o rumo da humanidade? 

- Tanto quanto você. 

- Eu? 

- Vai entender o que digo quando decifrar o conteúdo da cítala. 

- Tem algo que leu naquele livro que pode me contar? 

- Nada que queira saber. Não quero te ver sofrendo mais. 

- Vai publicar? 

- De forma alguma. O mundo está um caos… e o que eu li não é nada animador. As pessoas entrariam em pânico. 

- Tomara que o que eu descubra traga felicidade… traga paz. 

Centro Médico Cornell, NY

A primeira coisa que veio à cabeça de Julia Carpenter foi procurar por uma conhecida. Carol Danvers. Ou, Ms. Marvel. Por um simples motivo: o Camaleão se passou pela Mulher-Aranha para obrigar que Felicia fizesse trabalhos para ele. 

Quem garante que ele não se passou por Carol também? 

Com uma ex-Vingadora como aliada, Julia teria condições de salvar a Gata Negra, derrotar o Camaleão e salvar a própria filha. 

- Procuro por Carol Danvers. 

- Você é parente dela? 

- Amiga. 

- Só um minuto, por favor. 

A recepcionista pega o telefone e disca um ramal. 

- Bob, tem uma mulher aqui… Julia Carpenter… Claro! 

A mulher desliga o telefone. 

- Aguarde um minuto. O diretor está descendo para falar com você. 

- O diretor? O que houve com Carol? 

Bahrein

Do lado de fora, quase na rampa, Felicia e Rasool mantêm o silêncio da despedida. 

Ela pega o papel entregue pelo velho e o olha. 

- Estava pesando… o que vai acontecer com a igreja, Rasool? 

- Ainda não sei, mas preciso notificar às autoridades sobre esta chacina. 

- Elas podem querer levar você… você sairá daqui! 

- Sim. 

- Por que não se esconde? Assim que os agentes do FBI chegarem e eu explicar o que houve, eles vão investigar essas mortes e pode sobrar para você. 

- Tem razão… e eles podem ter acesso ao livro que achei… Você vai ficar bem? 

- Eu sempre dou um jeito. 

Os dois se abraçam e Rasool entra na igreja. Felicia coloca o documento de identificação de Charles no bolso e expõe, nas mãos, a cítala e o celular. 

“Bom… agora só me resta esperar pela extradição…”

Centro Médico Cornell, NY

Em uma mesa ao ar livre, Julia e Bob tomam suco enquanto conversam. 

- Por isso ela recebeu alta, Julia. Ela está disposta a evitar o vício. 

- Eu compreendo e fico feliz. Só que eu preciso me encontrar com ela para conversar sobre Felicia. 

- O que houve com Felicia? Algo grave? 

- Não… mas ela saiu sem dar pistas do destino…

- Você não a visitava sempre? 

- Cortesia, Bob. Você sabe de algo que pode ajudar? 

- É confidencial. 

- É a vida dela. 

- Tudo bem… mas essa conversa não pode sair aqui. Venha, vamos caminhar pelo lago. 

Nova York, local secreto

- Temos que manter Julia longe de problemas. 

- Os problemas seriam Felicia e Rachel, Camaleão? 

- Sim. Quando a ladra retorna? 

- Pelos meus cálculos, amanhã. A não ser que tenha algum imprevisto. 

- Que tipo de imprevisto? Ela ligou, ou seja, deu tudo certo. Foi assim que combinamos. Bastava uma ligação! 

- Entendo, chefe. Mas sinto que tem algo de errado. 

Bahrein

Um helicóptero pousa distante 50 metros da igreja de são Bartolomeu. Felicia espera que os agentes venham ao seu encontro. 

Dois homens de terno correm ao encontro da ladra, com armas em punho e rádios comunicadores nas orelhas. 

- Felicia Hardy? 

- Euzinha. 

- Viemos o mais rápido possível. Como você está? 

- Bem. Vocês não se apresentam? 

- Agente Sun. 

- Agente Glass. 

- Uau… que criativo. Antes de irmos vou me explicar. Queria dizer que houve uma chacina dentro da igreja. E antes que me interroguem aviso que eu cheguei horas depois. 

- Nós sabemos. E os responsáveis foram detidos… alguns mortos. 

- Quem foram eles? 

- É confidencial. 

- Pode falar, Glass. 

- Ok, Sun. Foram uns terroristas xiitas. Por sinal, encontramos, na base deles, dois corpos. Um é de um peruano, e o outro não conseguimos identificar. Vão todos para os Estados Unidos. 

- Que terrível…

Uma lágrima escondida. 

- Vamos, Felicia Hardy. 

- Para onde vão me levar? 

- Para casa. 

- Não! Preciso ir para a Grécia! 

Centro Médico Cornell, NY

A vista é confortante. De ruído apenas o das aves se banhando no lago. Alguns pacientes praticam yoga pela grama, outros cavalgam mais distante. Bob e Julia sentam numas almofadas ao solo. 

- O Centro Médico Cornell sempre visa o melhor para os pacientes. Com Felicia não seria diferente. 

- Então por que deixaram-na sair? 

- Foi um acordo… na verdade uma ordem. 

- O Governo? 

- Sim… não sei se você viu, mas Felicia, antes de sair, recebeu visitas de uma agente do FBI. 

- O que eles conversavam? 

- Não imagino. Na última visita, Michelle, a agente, trouxe a mãe de Felicia para uma visita. Depois disso tive que assinar um termo, autorizando a saída de Felicia. 

- Ainda tem esse documento? 

- Claro. 

- Essa Michelle assinou? 

- Sim. 

- Preciso de uma cópia, Bob. 

- Julia… eu não posso. 

- Mas é necessário. Felicia está sendo usada. 

- É contra as normas. 

- As normas da casa não são voltadas para o bem-estar dos pacientes? 

- Sim, mas é que…

- Bob! Uma cópia! 

- Você está tão apavorada quanto Carol ficou, ao ver no jornal, uma foto de Felicia enfrentando o Homem-Aranha. 

- Eu soube desse incidente. Entende agora do que estou falando? 

- Venha comigo. 

Céu da Arábia Saudita

No helicóptero, Felicia contou toda a história entre ela e Michelle. Todos os trabalhos que ela teve que fazer a mando da agente. 

- O interessante, Felicia, é que essa operação não foi divulgada internamente. 

- Talvez não seja para ninguém ficar sabendo. 

- Não sei. Glass, entre em contato com a Central e tente descobrir algo a respeito. Felicia, o que você tem que fazer na Grécia? 

- Concluir um trabalho… a última parte do objeto que Michelle pediu. 

- Vai querer ajuda? 

- Não. Cheguei até aqui sozinha… e como vocês farão esse trabalho? Se pudessem não teriam me contratado. 

Os agentes se olham, erguendo as sobrancelhas. 

- Desculpem… eu estou nervosa. Vi muita gente morta… estou cansada, confusa… vocês estão sendo tão gentis comigo…

- Entendemos, mas não se preocupe, Gata Negra. 

Risos. 

- Sun, a Central vai averiguar a informação. 

- Ok. Felicia, vai para que lugar de lá? 

- Atenas, eu acho. Ali é um bom ponto de partida. 

Centro Médico Cornell, NY

No portão de acesso à clínica de recuperação, Bob entrega um ofício para Julia. 

- Espero que isso tenha alguma serventia, Julia. 

- Muita! Mais uma vez, muito obrigada, Bob. 

- Tudo pelo bem de Felicia. 

- Bob… você sabe para onde Carol foi? 

- Infelizmente, não. Ela deve estar atrás de Felicia. 

- Hum… desconfio do local onde posso encontrá-la. 

Ao sair do Centro Médico, rapidamente Julia dispara teias cintilantes e se balança pelos arranha-céus com destino à Mansão Hardy. 

A noite já havia chegado quando Julia subiu no muro que cerca a casa de Felicia. 

Com o uniforme negro, ela passa despercebida pela segurança até o fundo da mansão. 

“A mãe de Felicia foi visitá-la antes dela sair da clínica… ela deve ter informações para mim.” 

Para sua surpresa, ela vê um vulto abrindo uma janela pelo lado de fora. 

Por instinto ela dispara teias que rapidamente encobrem o braço do invasor e o derruba na direção do jardim. Ali, pelo que parece, é o local mais discreto - e provável - para um combate. 

Quando o corpo tomba, Julia salta na direção do invasor. 

Antes de acertar um novo golpe, recebe uma rajada de energia amarela, e voa alguns metros, até se chocar contra uma árvore. 

A Mulher-Aranha, se recuperando, só tem tempo de ver o invasor voando em sua direção, prestes a desferir um novo ataque. 

Agilmente ela se esquiva e a árvore onde estava é arrancada pela raiz. Ao virar o corpo, as duas pessoas ficam frente a frente. 

Julia deixa um gemido escapar ao ver um raio amarelo cruzando a roupa preta… daquela mulher loura. 

Ms. Marvel. 

Um novo raio claro é disparado. Mulher-Aranha cria teias em forma de escudo, que de nada adiante. Ela novamente cai longe. 

Carol voa mais furiosa do que a primeira vez. A reação de Julia é criar novas teias psíquicas que se prendem nas costas de Ms. Marvel e nas paredes da mansão. A ex-Vingadora fica presa como uma marionete. 

- Para minha sorte, você não pode absorver energia psíquica. 

- Para sua sorte, eu estou presa. 

Sobrevoando o Mar Mediterrâneo

- Glass.… a Central informou que desconhece essa operação. E o pior é que informaram que Michelle está diferente. Faltando muito…

- Estranho… não é o comportamento dela. Felicia! 

- Diz…

- Como conheceu Michelle? 

Mais um pouco de dor e saudade. Como se não bastassem os últimos acontecimentos com Charles…

- Eu… era… seria… noiva de John, que também era federal. 

- John? Que também era jornalista? 

- Sim…

- Meu Deus… então era verdade…ele nos contou sobre isso mas a gente pensou que fosse piada…

- Nenhuma graça. Quando ele morreu… na verdade quando ele sumiu, eu fui ao FBI buscar respostas. Michelle quem me deu a notícia de que ele tinha sido assassinado. Depois… quando eu estava internada ela me procurou. 

- Sim, isso confere com nossas informações… menos a versão de Michelle ter te procurado no Centro Médico Cornell. 

- Felicia – Glass se aproxima – queremos que saiba a verdade. 

“Finalmente a verdade…”

- Há algo de errado nisso. Ainda não sabemos… mas vamos deixar com que conclua seu trabalho. Isso porque, dessa forma, você vai nos ajudar a desvendar esse mistério. 

- Hum… novamente serei usada…

Mansão Hardy, NY

- Arrombando janelas agora, Carol? 

- Invadindo mansões, Julia? 

- Eu vim atrás de respostas… de Felicia. 

Ms. Marvel tenta se desvencilhar das teias rosas. 

- Ela está com grandes problemas… eu vim até aqui porque soube que a mãe de Felicia tem informações. 

- Eu vim para isso, Julia. Para ajudar uma amiga. Em poucos dias é a segunda que tento ajudar. 

As teias psíquicas somem e Ms. Marvel pousa perto da Mulher-Aranha. 

As luzes da mansão acendem. 

A expressão de raiva de Carol se desfaz. A parede da mansão, onde as teias estavam presas, param de tremer. 

Julia e Carol agora conversam, em cima do muro, já que a segurança da casa foi acionada por causa do tumulto de minutos antes. 

O mal-entendido, explicado, foi tomado por um sentimento nobre. 

- Quando eu vi no jornal a foto de Felicia brigando com o Aranha na primeira página do Clarim Diário, percebi que ela estava correndo perigo. Presenciei muitas coisas estranhas e Felicia conversou algo sobre o trabalho do FBI. 

- Bob me passou informações que completam o que está me dizendo. 

- As suas visitas também eram estranhas, Julia. 

- Esse é o problema, Carol. Eu não visitei Felicia no Centro Médico. Eu estava presa com minha filha. Tive que mentir para que Bob me ajudasse. O Camaleão está usando Felicia, Carol. Colocando, inclusive, a vida da minha filha em perigo. 

- Calma, Julia. Agora somos duas… em breve seremos três. Contra ele. 

- A gente precisa ir ao FBI. Eu acredito que o Camaleão também esteja se passando por essa agente, para enganar Felicia. 

- Não quero imaginar o que Felicia vai fazer quando souber o plano do Camaleão.

- Você tem alguma idéia de onde ela está? 

- Não… mas você pode ajudar. 

- Como? 

- Vamos ao local onde você estava sendo mantida presa. Lá deve haver alguma pista sobre Felicia. 

- Vamos ter um pouco de trabalho… eu não sei a localização exata. 

- Não se preocupe. Agora somos duas. 

- E, em breve, seremos três. 

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