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Gata Negra #21: Saquedoras de tumbas 1/2

Gata Negra #21: Saqueadoras de tumbas 1/2

Uma viagem para o Egito! Felicia precisa roubar uma pedra do mais novo santuário de Ra, a maior divindade egípcia! Ela e um grupo de estudiosos chegam à Ilha Elefantina, mas nem imaginam os perigos que os esperam...

Ilha da Liberdade

- O quê? Egito? 

- Calma, Felicia – diz Julia, enquanto toca no ombro da gatuna. 

- Mas o que tenho que fazer lá? E como isso trará sua filha de volta, Julia? 

- Felicia, isso nem eu sei explicar. Da mesma forma como o diamante que você roubou... 

- A propósito, tenha certeza de que isso ainda vai me trazer péssimos momentos!

- Por favor, Felicia! 

- Eu tinha prometido ajuda. Vou cumprir. Mas até quando? 

- Falta pouco – Julia interrompe – Nem eu aguento mais esta situação. 

- E o que terei que trazer de lá? 

- Em uma nova escavação na Ilha de Elefantina, descobriram um santuário do deus Ra. Lá existe uma pedra com umas coisas escritas... Hieróglifos. Precisa trazê-la para mim. 

- Julia! Eu não entendo dessas coisas! O único que sei é admirar as pirâmides, coisa que aprendi ao viajar para lá com meus pais! 

- Isso não será problema, Felicia. Você irá acompanhada por arqueólogos e antropólogos conceituados.

- Grande consolo. Mas na hora da ação, vai sobrar pra mim, né? 

- Felicia... 

- Quando viajo? 

- Hoje à noite, mesmo. 

Felicia já não mais acreditava que tantos atos ajudariam realmente Julia, com a missão de salvar a filha. Ela tentava entender o que um diamante e escrituras em pedras egípcias tinham em comum. Fora o que ainda estaria por vir. Mas Felicia é uma mulher de palavra. Ela prometeu ajuda assim que saiu do Centro Médico Cornell, com a ajuda da agente Michelle. Mesmo ela sem saber que estava sendo usada em um plano do Camaleão: transformar grafita em diamante, recolhendo valiosas amostrar e informações de como realizar o processo de alteração molecular. 

Manhattan, horas depois

“Uma nova viagem ao Egito... Mais um momento de lembranças. Eu já não sei mais no que papai estará pensando, ao me ver agindo dessa maneira novamente. Não, não importa mais. Eu não vou fugir do meu destino. Eu sou uma ladra, e isso já assumi. Só que não consigo esquecer dos momentos incríveis da gente no Cairo...” 

Felicia tem os pensamentos interrompidos com a chegada da agente Michelle. 

- Achei que estivesse com fome, então... comida chinesa. 

- Obrigada, Michelle. Preciso mesmo falar com você, bom que apareceu. 

- Claro, o que houve? 

- Eu queria me ausentar da cidade por uns tempos, e como você ainda não precisou de mim para aqueles desconhecidos serviços, eu estava pensando se...

- Tudo bem, Felicia. Sobre isso mesmo que queria falar com você. Está se aproximando o grande momento. Em pouco tempo você entrará em ação. 

“Pouco tempo... assim como com Julia...” 

- Será aqui em Nova York mesmo? 

- Provavelmente. Mas não se preocupa com isso agora. Vamos comer e depois você descansa. Está liberada para uns dias de folga. Por sinal, para onde vai? 

- Buscar lembranças de meu pai. 

Continente, horas depois

Felicia chega a um aeroporto particular, depois de seguir as informações passadas por Julia, ainda na Ilha da Liberdade. Lá, ela encontra duas equipes formadas por antropólogos e arqueólogos. Os seis passam as últimas informações para Felicia e embarcam no avião. 

- Felicia, você sabe que essas recém-descobertas guardam grandes perigos, não? 

- Claro, Dra. Kimberly. Eu nunca participei de uma expedição como essa. Ao contrário de vocês! 

- Não se preocupe, Felicia – interrompe o antropólogo Bart – Nada vai sair errado. 

- O que não entendo é o que uma ladra como eu pode fazer para ajudar três arqueólogos e três antropólogos! 

- Fazer o que não temos prática: roubar!

Ali estava ela com sua fama. Reconhecida até mesmo, por estudiosos de renome internacional. 

“Ainda assim eu não entendo. Mas será que aquelas coisas de armadilhas, múmias, grandes buracos e pedras gigantes que despencam e rolam existem de verdade? E para isso precisam de algum com habilidades físicas que poderiam burlá-las? Ainda não sei... Eu ultimamente ando muito desconfiada. Deve ser porque estou me convencendo de que realmente sou uma ladra.” 

Durante as longas e exaustivas horas de voo, Felicia tentava cochilar meio àquela conversa sobre cultura, Laraia, relativismo, achados arqueológicos... Para ela tudo parecia besteira. Como se as peças que roubava não tivessem outro tipo de valor, além do financeiro. E com certeza, outro grande motivo de estar ali era, não apenas ajudar Julia Carpenter, mas a esperança de encontrar algum valioso tesouro que ela pudesse levar consigo. Talvez para melhor recordar do pai. Talvez por um capricho pessoal. E novamente seu cochilo foi interrompido por uma nova informação. 

- Felicia, assim que chegarmos encontraremos um outro grupo, de arqueólogos alemães. Eles vão nos passar o mapa de uma pequena parte do santuário de Ra. Já que você não tem muito conhecimento, gostaria de iniciar o que devemos encontrar lá... 

- Claro, Bart. Mesmo preferindo o desconhecido, lembro que o Egito é bem diferente dos Estados Unidos... 

- A Ilha de Elefantina, atualmente, abriga um lindo jardim botânico, e era o centro que fornecia rocha aos artesãos egípcios, que esculpiam os famosos obeliscos... 

- Obeliscos? 

- Sim. Símbolos da proteção divina. Além de ser, também, um cemitério especial, onde animais sagrados eram enterrados. Os alemães descobriram, a principio, apenas uma padaria e oficinas para a fabricação de moldes de cerâmica. Mas depois da intervenção do nosso contratante, chegaram à mais nova e, provavelmente, principal homenagem ao deus Ra. 

- Entendo... Mas não iremos encontrar outros tipos de ladrões?

- Saqueadores? Não.... essa descoberta ainda não foi divulgada. E talvez nem seja. O contratante quer que, assim que você pegue a pedra, a gente destrua o santuário. 

- Que crime para a humanidade! 

- Como se você se importasse... 

Felicia apenas olha atravessado para Bart, que reclina a cadeira e se volta aos amigos. 

“Se eu pudesse detonaria aquilo tudo com você lá dentro. Você e seus amigos...” 

Cairo, noite

Felicia e os seis estudiosos desembarcam em uma pista improvisada e se preparam para atravessar, ao norte, o rio Nilo. 

- Dra. Kimberly, essa travessia é confiável? Ao menos à noite? 

- Felicia, vou te contar uma história, e talvez você se convença. Durante o dia, os reis mortos navegam pelo céu com o deus Ra. À noite, eles o acompanhavam pelo além, iluminando o reino de Osíris. Como o transporte mais usado pelos egípcios era o barco, eles acreditavam que o Sol também usasse um. E o rio Nilo, considerado sagrado, não oferece perigo. Ao menos aqueles que nisso creem... 

- Nossa, nem imagina o quanto fiquei aliviada, doutora... 

E assim os sete cruzam o rio Nilo, ao norte, e vão se aproximando da Ilha. De longe já se sente o cheiro das raras orquídeas e se vê o verde das trepadeiras. A calmaria do rio muito incomoda Felicia, acostumada com ensurdecedores barulhos, velocidade e agitação. Mas ali, enquanto se aproxima do destino, vai lembrando do pai, da mãe, e dos momentos que passaram juntos. Uma lágrima lhe escapa, corre a face e some nas tranquilas águas do Nilo. E assim, sorri. 

“Bom, estamos chegando. Seja lá o que eu encontrar nessas escavações, algo me diz que serei recompensada. Sinto algo estranho nessa ilha, mas ao mesmo tempo existe uma paz estranha. Como se o corpo parecesse reverenciar algo forte.” 

O barco toca a terra. Os passageiros se olham satisfeitos e desembarcam. 

- Pronto, Felicia. Agora vai começar a ação – fala Bart, com um largo sorriso. 

- Estava na hora. Tanta “maresia” me deixou enjoada – e força os dedos, como se acionasse as garras. 

Novas escavações

Felicia e as equipes de arqueólogos e antropólogos se encontram com os alemães na entrada do santuário. Enquanto Felicia analisa algumas pedras esculpidas, Dra. Kimberly e Bart recebem o mapa com, as primeiras informações do interior das escavações. Os alemães vão embora, mas um para e olha Felicia. Em seguida, balbucia algo. 

Bart interrompe. 

- Sim, Hans. É ela, a famosa gatuna... Felicia Hardy, a Gata Negra. 

O alemão segue os companheiros, parecendo satisfeito, apesar da expressão misteriosa na face. 

- É, Felicia, sua fama já chegou até a Alemanha. 

- Se houver algo interessante para ser roubado lá, peça para ele me ligar. 

- Está falando sério? 

- Poupe-me Bart. Vamos arrumar esse acampamento. Eles fizeram um belo estrago por aqui... 

Enquanto Felicia, Bart e os outros ajeitavam as cabanas, Dra. Kimberly olha, encantada, o mapa. Cada detalhe muito bem transportado ao fino papel. 

- Quero que todos tenham uma boa noite de sono. Amanhã bem cedo iremos entrar no santuário e pegar o que nos foi incumbido. Felicia, contamos principalmente com você. Não se preocupe com o desconhecido, nós seremos os seus olhos lá dentro. 

- Estou com minhas lentes... Não temo muito. 

- Por caso elas sabem ler hieróglifos? 

- Não... mas para começar eu posso enxergar no escuro, sem precisar de tochas ou lanternas. 

Silencio no acampamento. 

- Bom, assim que o sol raiar nós entraremos e terminaremos de fazer o mapa. Felicia entrará comigo, Bart, um antropólogo e um arqueólogo. O restante vai analisar o externo das escavações, na tentativa de novas descobertas. Estão todos armados, então, se qualquer pessoa se aproximar, atirem. Essa é a ordem que temos. Felicia, você sabe atirar? 

- Eu não mato pessoas. Mas, de todo caso, trouxe minhas luvas... 

- E o uniforme também? 

- Não. Preto esquenta. Preferi algo mais confortável. Posso ir dormir agora? 

- Claro. Bart, você e eu precisamos analisar o mapa com calma. O resto está dispensado. 

“Ah, doutora... Se eu pudesse te ensinaria boas maneiras. Vá se divertir com ele, porque eu vou dormir. O cheiro dessas orquídeas é muito bom, parece um narcótico. Eu estou com muito sono... talvez uma anestesia. Os olhos estão pesados, meu corpo, mole... os grupos já foram dormir. Ainda posso escutar a conversa de Bart e Kimberly... Preciso me entregar ao sono...” 

Amanhecer, Elefantina

Todos já estão de pé e comem uma rápida refeição. Felicia alonga o corpo, calça as luvas e aciona as garras, testa as lentes. Doutora Kimberly e Bart se aproximam da gatuna. 

- Felicia, você já viu o que tem que roubar? 

- Não faço a menor ideia! Apenas que é uma pedra com algumas coisas escritas. 

- É mais ou menos parecido com isso aqui – Bart lhe mostra um rabisco – Os alemães encontraram sinais de que essa pedra está lá dentro. 

Felicia pega o desenho. Colada à pedra, uma espécie de anel com um pássaro. 

- Quanto isso vale no mercado negro? 

- Um valor tão alto que não imaginamos quantos zeros. 

- Bom, vamos logo. Preciso me mexer um pouco! 

Doutora Kimberly, Bart, Felicia e os outros dois entram nas escavações, enquanto um arqueólogo e um antropólogo ficam do lado de fora. 

- Esse é o novo e principal santuário de Ra... Na entrada, uma pequena fileira de obeliscos. A porta está entre uma fachada de pilares inclinados, decorada de baixo-relevos e de onde se erguem estandartes. 

- Está anotando isso tudo, ou conferindo, Doutora? 

- Os dois, Felicia... Os dois. 

Seguindo, um pátio rodeado de colunas onde o povo pode entrar, e diversas salas só para os nobres, com a nave principal de teto mais alto, permitindo, assim, a entrada da luz. Em cada parede, desenhos de divindades, oferendas, sacrifícios. E da pedra procurada. A medida em que se avança, de sala em sala, a luz torna-se mais fraca, até que finalmente a Doutora Kimberly para. Os outros, espantados, estão curiosos. 

- Vejam isto... “Não são esculpidas pedras nem estátuas em sua honra, nem se proferem palavras misteriosas para o seu encantamento, não se conhece o lugar de onde ele está/se origina. Entretanto, governas como um rei cujos decretos são estabelecidos pela terra inteira, por quem são bebidas as lágrimas de todos os olhos e que é pródigo de suas bondades”... 

- Lindo – interrompe Felicia – mas o que quer dizer? 

- Acredito que seja uma referência ao rio Nilo. 

- Não tem certeza? 

Os arqueólogos se reúnem e discutem o caminho. Enquanto a Dra. Kimberly quer ir no caminho contrário ao desenho de um rio, o outro arqueólogo quer seguir o curso das águas. Ao fim da conversa, Felicia, Bart e a doutora seguem o caminho oposto ao fluxo. Os outros dois seguem o rio. 

- Doutora... Por que não seguimos o fluxo das águas? 

- Felicia, o tesouro não está no Nilo, está aqui. O que acabei de ler é apenas uma homenagem de Ra ao Nilo. “Ó tu que surgiste sobre esta terra e que vens em paz para dar vida ao Egito. Regas a terra em toda parte, ó deus dos grãos, senhor dos peixes, produtor do trigo e da cevada... Logo que suas águas se erguem, a terra se agita de alegria, todo ventre se regozija, todo dorso é sacudido pelo riso e todo dente tritura. Ó senhor dos animais, o que providencia as cosias necessárias para os sacrifícios a todos os deuses”. Na verdade, os antigos egípcios acreditavam que o rio era um deus, Hapi. Muito imediata a decisão de seguir o curso das águas... 

- E se eles estiverem certos? 

- Eles não estão. Eu não li uma profecia. É uma homenagem, como disse antes. Agora, vamos em frente. 

Os três continuam caminhando, dessa vez, passando por galerias. Nas suas paredes, a ciência esculpida, pintada. Muito do que foi descoberto por agora, os egípcios já conheciam. Processos de extração de tumor no cérebro, doenças que foram diagnosticadas atualmente... estava tudo nas figuras. 

- Nós temos um problema – falou a doutora. 

Felicia e Bart correram ao seu encontro. 

- Ra era apenas um único deus, a divindade máxima do Egito. Mas aqui diz que com o passar do tempo, a história foi mudando, e houve um sincretismo ao seu culto: Ra e Amon, um deus local. Mas ainda há a união com Khepri, que não acho aqui... Procurem um Uraeus!

- Um o quê? 

- Uma cobra empinada, usada na testa ou na coroa do rei. Isso está associado ao Sol. E Ra, sozinho ou unido a outros desses locais sempre foi o criador máximo! Procurem, andem! 

Felicia aciona as garras e as lentes; aproximando e clareando a visão enquanto passa, levemente, as unhas pelas paredes. Ela parece encantada com o que vê: as cores fortes nas pinturas, os traços que parecem infantis revelarem a História. Do outro lado, a doutora Kimberly e Bart também vasculham pedra por pedra. 

- AQUI! – grita Felicia.

Os dois correm e se junta à Gata. 

- Que maravilha! Encontramos o Uraeus, o símbolo da unificação dos três deuses... 

Ao empurrar a pedra, o chão se abriu. Uma queda breve, num percurso escuro. Ao tocarem o chão, lanternas são ligas e a lente de Felicia ilumina sua visão. 

- Armadilhas – diz a doutora – Felicia, você vê tudo, não? 

- Exato... 

- Nós não podemos ler todos os sinais e desvendá-los para você... 

- Isso quer dizer que... 

- Sim, Gata Negra. Está pronta? 

- Sempre! 

- Só posso dizer “não toque onde tiver sol ou ave”. 

- Impossível. O local está todo ornado com essas duas figuras. 

- Então, vai precisar de sorte. 

- E vocês? 

- Se conseguir passar, desativará todas as armadilhas. Assim o caminho ficará livre. 

- SE?? Doutora Kimberly... Eu não trabalho com suposições. Vejo vocês no fim do corredor! 

Felicia novamente aciona as garras. Aquelas palavras soaram como provocação. Ela vai conseguir. Sempre consegue. Seus olhos, em forma de olho de gato, ficam vermelhos. O local torna-se perfeito, como se ela estivesse num parque, em pela luz do dia. 

Respira fundo e salta. Mas ela ousa. Toca todos os desenhos de pássaro e de sol. Algumas pedras caem do teto, outras vezes o piso cede. Flechas são disparadas, ela apenas esquiva ou rebate com as garras. Ao fim do corredor, uma pedra se ergue e abaixa rapidamente, do chão. Se ela demorar será esmagada. Ela salta e lembra da falta que o gancho está fazendo. Ao tocar na grande rocha que se move, recorda da época de ginasta na escola: faz do pedregulho um cavalo, e, ousadamente, faz acrobacias. Pouco tempo antes de ser esmagada, ela salta e cai em pé. Ao olhar para frente, uma porta de ouro. 

- Consegui! Venham! 

Felicia ouve os passos rápidos dos companheiros. E um grito. 

- Felicia, Bart foi atingido por uma seta envenenada! 

- Não parem, venham rápido! 

Doutora Kimberly alcança a pedra e consegue pular, caindo de joelhos na frente da Gata. 

- Você está bem? 

- Sim... e Bart? 

Ao erguer o olhar, Felicia vê o amigo com a flecha crava no ombro direito. Ele tenta levantar o corpo para saltar e se juntar às duas, mas não consegue e é esmagado. Felicia e Kimberly gritam e tentam resgatá-lo. Um resquício de grito ainda é escutado quando o corpo de Bart é sugado para cima. Felicia aproxima a visão e enxerga uma espécie de fechadura com formato de pássaro. 

- Doutora... Ali em cima... 

- Não, Felicia. Temos que seguir adiante. 

- Mas tem uma fechadura que... 

- Cale-se! Vamos em frente! 

Aquela paz repentina que Felicia sentia lá fora não mais existia. Uma sensação pesada, de ódio, tomava conta do santuário. 

- Basta cruzar essa porta, Felicia, que encontrará o que quer. 

- E quanto a você? 

- Vou tentar achar uma saída. 

- A gente ainda se vê, né? 

- Claro... – e abaixa a cabeça, enquanto Felicia abre a porta e escorrega em uma rampa. 

“Agora que a aventura começa... Sozinha, num local desconhecido! Por que não me deram um rádio? Qual é, Fel! Você saber que odeia essas coisas... Hahaha! Estou escorregando faz tempo... onde é que eu vou parar?” 

Por estar pensativa, quase cai ao término da rampa. Ela limpa as luvas, arruma os cabelos e olha para frente. Finalmente o “santo dos santos”: a câmara do Deus, rodeada de salas para armazenagem de oferendas e donativos. O chão, imagem da terra, é marrom. O teto azul simboliza o céu, e as colunas representam o mundo vegetal. No centro, um altar, rodeado por rochas transparentes, e a pedra com as inscrições. Preso à ela, um anel azul, em forma de pássaro. 

- Essa peça deve abrir aquela fechadura que vi há pouco... Bom, é melhor eu arrancar logo o que vim buscar e voltar para Nova York! 

Felicia, impressionada, tem o rosto iluminado quando toca a pedra. 

- Você aí, platinada. Largue o que me pertence!


Continua na próxima edição!

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