Gata Negra #17: Contagem 6/6
Na explosiva conclusão da saga Contagem, a Gata Negra, novamente, investe contra o Rei do Crime! Mas, desta vez, vai ter outra aranha em seu caminho!
Escritório Central das Empresas Fisk, terraço
Felicia Hardy e Julia Carpenter mantêm o silêncio desde quando ela a abordou no terraço. As duas observam o pôr-do-sol sem trocar uma só palavra. Felicia franze a testa e rompe o (quase) tedioso silêncio.
- Muito bem, Julia. O que quer exatamente?
- Olha Felicia, eu não queria que fosse você. Preferia o Aranha, mas ele estava ocupado, conversando com as paredes…
- Julia, estou disposta a ajudá-la porque foi um pedido dele. Agora, se vai ficar reclamando, é melhor procurar o Quarteto Fantástico, algum colega dos Vingadores ou um mutante…
- Força-Tarefa, Felicia. Não sou mais uma vingadora, e sim da Força-Tarefa. E depois de ter enfrentado a Vampira, prefiro não procurar os mutantes…
- Eu também tive problemas com um… o Dentes-de-Sabre… Mas não me importa com quem trabalha. Vai precisar de minha ajuda?
- Sim… Então, como eu dizia, injetaram em mim alguns extratos de aranha, os quais me deram esses poderes…
- Teias psíquicas…
- E outras artimanhas. A pessoa que injetou esses fluidos, o cientista Napier, foi assassinado. E o pior é que descobri que ele trabalhava para o Rei do Crime…
- Ele trabalhava para o…
- Preciso descobrir se ele me deu os poderes deliberadamente ou se foi um acidente.
- Eu não sei, Julia. Não sei se vai valer a pena investir contra o Rei outra vez…
- Felicia, justamente por isso. Não sei qual o seu problema com ele, mas você conseguiu uma vez, por que não me ajudar?
- Julia, o Rei praticamente acabou com a minha vida. Me fez roubar uns documentos para me dar, outra vez, os meus poderes. Matou meu noivo, deixou sequelas no meu coração. Você não imagina o que passei, o que sofri… Até minha reconciliação com o Aranha foi desastrosa. Como da outra vez…
- Felicia, só estou fazendo isso por minha filha!
- Filha???
- Sim. Acho errado bancar a heroína tendo uma criança me esperando em casa. Então, preciso descobrir por quê fizeram isso comigo.
- Você… tem… uma… filha…
Pensamento saudoso. Felicia relembra da maravilhosa infância ao lado do pai. De quando descobriu quem ele era na verdade. Do que fez para que ele pudesse morrer em casa. De suas ações como ladra para deixá-lo orgulhoso. A leitura da carta, quando pedia que Felicia fosse uma pessoa honesta.
- Certo, Julia. Preciso de um tempo para pensar. Amanhã te respondo.
- Tudo bem, Felicia. Pense. Realmente preciso de sua ajuda.
Manhã seguinte, Queens
Noite mal dormida. Felicia sonhou com o pai. E nesse sonho, ele pedia para que ela ajudasse Julia Carpenter. Ela então, alonga o corpo. Ônix pula na cama e recebe carinhos.
- Felicia? Acordou?
- Sim, mamãe. Bom dia.
- Ainda bem que está de bom humor. Você tem visitas na sala.
Felicia faz um sinal e Lydia sai do quarto. Veste uma roupa adequada e vai para a sala.
- Michelle?
- Felicia… Viemos conversar.
Michelle e dois representantes da Lei, sentados, encaravam severamente.
- Então, essa é a Gata Negra… E pensar que uma ex-ladra prendeu Wilson Fisk…
- Sem comentários, por favor. Não quero lembrar dessas coisas. Michelle, o que veio fazer aqui?
- Felicia, vou ser direta, pois não temos muito tempo. Você não será presa pelas acusações de infrações.
- Estou livre?
- Mais ou menos.
- Como assim?
- Não sei como dizer… Usamos a velha salvação para os infratores.
- Velha salvação?
- Sim, você está perturbada, precisando de repousos. Os últimos acontecimentos a abalaram muito…
- Eu não estou louca!!
- Sabemos disso. Está apenas doente, precisando de ajuda…
- Não preciso da ajuda de ninguém. Apenas quero ficar no meu canto.
- Infelizmente não será possível. Mesmo ajudando a sociedade, você ainda é culpada.
- Michelle, você me traiu!
- Nunca prometi liberdade total para você, Felicia.
- Não acredito…
Mais um susto. Felicia voltaria a tratar os problemas emocionais. Ela sabe que precisa descansar, mas não aceita. De forma alguma.
- Felicia… Você não será presa. Ao contrario de Wilson Fisk, que me breve será julgado.
- Isso não me serve de consolo, Michelle.
Felicia corre e vai para o quarto. O tempo só é suficiente para Ônix acompanhá-la. Ela tranca a porta, segura o uniforme e chora. Não tem como deixar de ser a Gata Negra. Está no sangue…
- Michelle, dê-me um tempo com minha filha…
- Tudo bem, Lydia. Converse com ela. Mais tarde eu volto.
Lydia acompanha Michelle e as autoridades até a porta e procura a filha. Felicia deixa que entre. Olhos mareados, lágrimas pelo rosto.
- Venha… Vamos conversar…
Central Park
Mãos dadas. Faz tempo que as duas não caminham assim, tão unidas. Vez ou outra, Felicia apoiava a cabeça no ombro da mãe.
- Felicia, lembra que sempre te perguntava o que faria assim que resolvesse o caso?
- Claro, mamãe. E eu nunca tinha a resposta.
- Eu sempre a tive.
- E por que nunca me falou?
- Queria que descobrisse sozinha…
- Mamãe…
- Já tinha essa ideia de te internar outra vez… Minha filha, você está doente! Acha que Walter…
- Não ouse falar o nome dele!
- Filha… vai ser melhor para você. São apenas seis meses. Por mim… por você… Por ele!
As duas sentam num banco. Flores, diversos sons…
- Felicia, Lydia. Sabia que as encontraria aqui.
- Michelle, estou pronta.
- Será melhor para você. Tenha certeza.
- Mamãe… eu te amo. Cuide-se.
- Você também, minha filha. E eu te amo, muito. Seu pai está orgulhoso de você.
As duas se abraçam e choram. Michelle aguarda paciente.
Centro Médico Cornell, noite
Grades nas janelas. Mesmo assim, Felicia observa os arranha-céus e admira a noite. Sente-se cansada, desiludida. Relembra os atos como a Gata Negra. Sejam roubos, sejam eficazes investidas contra o crime. Mas o que a faz sentir um frio no estômago é a lembrança do Homem-Aranha. Um amor louco e inconsequente. Ardente, sim. A noite era o cenário. Os mais diferentes lugares, palco para o amor.
“Que noite fria… Fria, linda e solitária. Não, não me arrependo do que fiz. Certamente, faria tudo outra vez. O que mais doeu foi perder o Aranha e John. É, John pode não mais voltar… mas o Aranha está aqui. Sim, ele me despreza, mas ainda está presente. Sempre negou o meu amor. Eu era a única mulher que o acompanhava nas ações. Lembro que certa vez me perguntou se eu nunca separaria Peter da máscara aracnídea. Isso nunca vou poder responder… Mas, pelo menos, sei que ele está aí fora, em algum lugar, e só posso imaginar se ele ainda pensa em mim…”
- Felicia?
Mais pensamentos quebrados pela voz de uma mulher…
- Ju… Mulher-Aranha?? Como chegou até aqui?
- Soube do que aconteceu… mas antes de conversarmos, isso é seu!
Os olhos de Felicia brilham. O uniforme e todos os utensílios agora estavam espalhados na cama.
- Como conseguiu isso?
- Também tenho meus segredos, Felicia. E então, já tem a sua resposta?
- Mesmo que não quisesse, seria impossível ficar trancada aqui, com uma linda noite me esperando lá fora!
Laboratório Central das Empresas Fisk
- Você sabe mesmo para onde estamos indo?
- Mulher-Aranha, passei um bom tempo desfilando por esses corredores… além do mais, tenho experiência como ladra…
- Mas você é uma ex-ladra!
Gata para e olha. Pela primeira vez a chamam assim. Um sorriso grato.
- …e como sempre, dei sorte. Voilà! Chegamos, Mulher-Aranha!!
- Gata… por que não me chama apenas de Aranha?
- Recordações não muito agradáveis… mas vou me esforçar.
As duas mexem no computador central. O tempo passa, mas juntas o trabalho fica mais fácil.
- Aranha… você lembra do rosto do cientista?
- Se olhar, reconheço sim.
- É esse?
- Sim. Mas do que adianta um retrato se ele está…
- Morto? Não, ele não está morto.
- Como assim?
- Ele está louco. Como eu!
- Gata…
- Sério. Aqui nesse arquivo consta que Napier está internado.
- Internado? Onde?
Gata imprime o documento e Mulher-Aranha toma-o rapidamente. Felicia a olha irritada.
- Vamos, Gata. Não podemos perder tempo.
- Como quiser…
Ravencroft
Essa é uma instituição de segurança máxima para criminosos insanos. O que Napier faz aqui? O Rei sabe…
- Vamos, Aranha… tem que ser por aqui. É a única maneira.
- Não, Gata. Vamos procurar outra entrada.
- Façamos o seguinte: eu vou por aqui e você busca sua entrada. Nos encontramos na cela de Napier.
- Gata, viemos juntas, faremos tudo juntas.
- Então, venha comigo!
Janelas. Felicia tem uma “queda” por janelas. Julia hesita em entrar. Não concorda com os métodos da Gata.
- Gata Negra, eu avisei. Não sou criminosa!
- Quer ir pela porta principal? Esqueça seu senso de justiça que herdou com os Vingadores!
- A sua prepotência me irrita, Gata Negra!
Nesse instante, Mulher-Aranha lança teias psíquicas sobre Gata. Algumas são esquivadas, mas outras são certeiras.
- O que está fazendo, Mulher-Aranha??
- Poupando trabalho. Fique aqui enquanto encontro Napier.
- Eu já enfrentei uma aranha antes… Sei como sair dessas teias!
- Mas as minhas não são sólidas, Gata!
- HSSSS!!
Os olhos de Gata brilham. O mastro que segurava a bandeira dos Estados Unidos acerta um braço da Mulher-Aranha. Uma rápida perda do controle, e Gata salta para cima de Julia. Uma luta corporal. Do estilo da gatuna. Socos, chutes, saltos.
- Você é bem rápida, moça!
- Sua agilidade me assusta, Gata!
Mulher Aranha lança teias rosas e cintilantes, que envolvem um braço e uma perna da Gata, mas ela teve tempo de segurar o pescoço da “parceira”.
- Um movimento, Aranha, e rasgo seu pescoço.
- Faça-o. E levo comigo para o inferno seu braço e sua perna.
As duas se olham nervosas. Nenhuma parece blefar. Enquanto lutavam, um bom caminho foi percorrido.
- Aranha, não foi uma boa ideia, hein?
- Claro que foi, Gata. Olhe onde estamos.
Felicia hesita, mas sua curiosidade faz com que olhe para o lado. Estavam na frente da cela de Napier.
- Então uma trégua, Gata?
- Temporária, parceira. Temporária.
Gata Negra abre a porta com as garras. Mulher-Aranha observa atentamente o poder de destruição daquelas unhas. Ao fundo do aposento, uma trêmula voz pede ajuda.
- É ele, Gata! Napier, você está bem?
- Não… Quem… quem é você?
- Uma amiga que precisa de respostas.
Felicia assiste aos diálogos dos dois. Pensa que não deveria ter enfrentado a pessoa que lhe veio pedir ajuda. Mas não vai pedir desculpas… primeiro. A conversa é lenta. Napier está apavorado com a sombria presença das mulheres de trajes negros. Elas são lindas, mas causam medo…
- Confie, Napier. Vou tirar você daqui muito em breve…
- E então, Mulher-Aranha? Novidades?
- Sim, mas antes vamos sair daqui.
Terraço qualquer
- Napier me disse que não queria mais trabalhar para o Rei. Não queria transformar seres-humanos em bestas…
- Como fez com você?
- Então, voltou-se contra ele e fugiu dos domínios de Wilson Fisk. Para se vingar, o Rei conseguiu que prendessem o cientista, afirmando insanidade e o culpando de uma série de mortes no laboratório. O Rei fez isso para que Napier não estragasse os planos.
- Não entendi ainda. Isso não é resposta para seu problema!!
- Eu estou satisfeita. Vou dar um jeito de tirá-lo de lá.
- Aranha, me desculpe. Mas sinto que há algo de errado nessa história.
- Como!?
- Primeiro ele foi dado como morto e o encontramos num manicômio de segurança máxima…
- Sim, a explicação dele me convenceu.
- Mas não a mim. Ele realmente está louco. Nem resposta deu!!!
- Gata… não há outra explicação. Tudo está resolvido.
- Você já tem a sua resposta?
- Tirei minhas conclusões.
- Mulher-Aranha, me desculpe mesmo. Esse caso me deixou perturbada! Vou voltar para o laboratório. Ainda tem algo errado…
- Vá sozinha. E obrigada pela ajuda.
- Vai parar mesmo? Certo… então, até breve. Mas Napier não tem cara de gente normal.
- Eu e você temos?
- Aranha… conheço esse tipo de gente. Enquanto você enfrenta alienígenas, seres de outros planetas, eu enfrento HUMANOS!
Gata dispara o gancho e se atira do terraço. Mulher-Aranha fica confusa e senta no pára-peito. Felicia pode estar certa. Assim como Napier também…
Laboratório Central WF
“Tinha que ser uma aranha… Primeiro ele e agora ela! Será que nunca ficarei livre desses… desses… Eu sou teimosa. Sei que algo está errado. Se tratando de Wilson Fisk, sempre revire o tapete. A sujeira pode estar bem ali…”
Enquanto Gata procura algo no computador central, não percebe que é observada. Está tão entretida nessa descoberta… Afinal, qualquer coisa a mais contra o Rei pode lhe ser positivo. Mas não notar a presença de sete homens, pode ser perigoso…
- Ora, ora… Uma larapia no laboratório…
- Quem?
Os olhos de Felicia revelam o susto. Um homem alto, com braços fortes e de comprimento acima do normal. Seis homens o acompanham. Todos sedentos. E com fama de violentos…
- Bate-Estaca? Você ainda existe? Pensei que já estivesse enferrujado, saído de circulação…
- Ainda tenho muito ferro para esculpir, Gata Negra. Hum, belo uniforme… belo corpo! Está na hora de acertarmos uma velha rixa, não? Só não esperava que fosse aqui…
- O lugar não importa. E sim a companhia!
- Muito bem, homens. Vamos acabar com ela. Mas não esqueçam: a finalização é minha!
- Bom… hora da limpeza!
Bate-Estaca investe contra a Gata. Ele é forte, mas ela é mais ágil e salta sobre o ataque. Mas cai no centro da roda formada pelos outros homens…
- Para entrar na festa, só com convite! E vocês não estão vestidos de acordo!
- Vamos gente! Essa mulher ainda tem muito o que nos dar!
Gata ativa o gancho e o roda, para afastar os agressores. Bate-Estaca segura o cabo e puxa Felicia.
- Quanta violência… adoro ser tratada assim! Mas não por um homem como você!
- Cala a boca, Gata Negra!
Bate-Estaca acerta um soco no estômago da felina, que voa uns metros até chocar-se na parede. Um componente da gangue saca uma pistola e dispara. O tiro passa a poucos centímetros do rosto de Felicia.
- Como errei de tão perto?
- Errou? É… que azar. Um idiota e uma arma. Uma péssima combinação!
Então Gata salta, pega impulso nos braços de Bate-Estaca e desfere golpes com as garras no homem que tentou matá-la. Um grito aterrorizante. Um rosto desfigurado.
- Me ajude! Essa louca vai me matar!
- Tadinho… Ficou magoado, foi? Dorme que passa!
E assim, salta para trás. Ela é valente e forte, mas não sabe se terá chances de derrotar todos os sete. Bate-Estaca surge e a abraça com força. Felicia quase não consegue respirar.
- Você é minha!
- Saco! Eu sempre ouço isso… dos caras errados!
Ela, num rápido movimento, joga as pernas para trás e consegue se livrar do quase fatal abraço. Bate-Estaca olha, incrédulo, o feito da felina.
- Chega, Gata!
Bate-Estaca une os braços, apertas as mãos e desfere um poderoso ataque contra Gata, que depois de atingida, sai pela janela.
- Pronto, rapazes. Vejam o que ela procurava no computador.
Quando um deles se aproximava da máquina, teias rosas e brilhantes protegeram todos os computadores.
- Que diabos…
- Não permitam que as teias cintilantes da minha parceira ofusquem seus olhos para a presença da Gata Negra!
- Você… voltou?
- E não só ela, feioso. Conheça a minha amiga… Mulher-Aranha!
- Olá!
- Como eu disse, Bate-Estaca… Ninguém se livra de mim facilmente. Nem você, nem mesmo a Mulher-Aranha… nem qualquer um que cruze o meu caminho.
- Gata! Agora minha paciência esgotou!
- Aranha, deixa o “bem dotado” comigo! Fica com as seis crianças, certo?
- Tudo bem. Não quero atrapalhar velhas rixas…
- Bate-Estaca, já que os rapazes estão ocupados… você quer dançar comigo?
O combate inevitável tem início. Os seis homens cercam Mulher-Aranha, mas ela se prende no teto, para ódio dos agressores, afinal a distância é grande. Perto da janela, Gata Negra e Bate-Estaca duelam. Ela o atinge com as garras e ele tenta acertar um outro golpe poderoso. E acaba conseguindo bater no ombro esquerdo da gatuna, que cai no chão.
- Ainda quer dançar, gatinha?
Grito. Olhos brilhando. Um enorme aparelho que segurava uma grandiosa esfera desaba sobre Bate-Estaca. Felicia movimenta o ombro e sorri. Olha para Mulher-Aranha e vê que ela está se dando bem.
- Bate-Estaca… continua o mesmo fracote!
No mesmo instante, Bate-Estaca arremessa o aparelho, mas Gata consegue se esquivar.
- Morra, Gata Negra!
Os olhos da gatuna ainda brilham. A esfera presa ao teto cai. O poder do azar. De novo. Bate-Estaca não tem tempo para reagir. Felicia limpa o uniforme e ao olhar para a parceira, toma um susto. Os seis, pendurados numa enorme teia, de cabeça para baixo.
- Uau, Mulher-Aranha! Estou surpresa!
- Posso sempre ter enfrentado alienígenas, mas sei como tratar HUMANOS.
- Ei, devagar com a ironia! Foi um elogio!
- Desculpa, Gata! Estou ansiosa. O que descobriu?
- Julia… Napier mentiu.
- Como? Não é verdade, Felicia! Você não pode provar!
- Calma… veja isso aqui. Napier injetou o liquido na pessoa errada. Não era para ser em você, mas por um descuido… você sabe o que aconteceu.
- Não! NÃO!!!
Mulher-Aranha, descontrolada, dispara teias por todo o laboratório. Com um rápido movimento, arranca as máquinas e começa a destruir o laboratório.
- Pare, Mulher-Aranha! Você vai matar todos aqui!
- Não me importa! Minha vida… um descuido…
- Mulher-Aranha, você tem uma filha que te espera em casa!
O laboratório começa a pegar fogo. Gata puxa Mulher-Aranha para fora e depois de pouco tempo, ele explode.
Centro Médico Cornell
Lágrimas não cessam dos olhos da aracnídea. Felicia a abraça.
- Você não é culpada. O Rei nem deve saber que a pessoa que recebeu os fluidos é a Mulher-Aranha. Ele nada poderá fazer com você.
- Felicia…
- Julia… Você é uma heroína. Graças a esses poderes, que não importa como conseguiu, você pode salvar vidas. Enquanto a mim…
- Enquanto a você…
- O Rei sabe que pode me manipular. Aliás, podia. Mas não pedi meus poderes de volta para salvar o mundo. Pedi por orgulho, egoísmo. Você está ajudando a construir um mundo melhor para sua filha. Enquanto eu, nem pude ajudar meu pai por causa desse capricho pessoal.
- É verdade, Felicia. Estou me sentindo melhor. Claro! Não mais importa se o Rei me usou ou não. O que vale mesmo é que faço justiça. Felicia, muito obrigada mesmo!
- Só me prometa duas coisas.
- Sim, o que quer?
- Proteja sua filha. Ame-a, faça-a feliz e construa um mundo mais justo para ela e as outras crianças.
- Felicia, você é uma guerreira e tanto. Tenho inveja dessas atitudes. E qual o outro pedido?
- Apareça para me visitar… e desculpe pelo desentendimento.
As duas se abraçam. O que parecia um conflito, deu lugar a um começo de uma nova amizade. Quiçá, uma dupla. Nunca se sabe… Julia acena e vai embora. Felicia sorri e olha para as ruas. Lembra de suas ações. Como ladra, honesta ou parceira do Homem-Aranha. E, por falar nele, Felicia lembra que precisa dar-lhe um recadinho. Salta, ativa o gancho e para numa cabine telefônica.
“Ninguém atende. Secretária eletrônica. Aff, odeio falar sozinha…”
- Peter? Felicia. Quando não puder ajudar seus amigos, não quero que os envie para mim. Passo por uma crise e você, como sempre, não se importou. Na verdade, só lembra que existo quando está muito ocupado. Eu ajudei Julia porque fiz questão. Mas não vou servir de tiracolo quando o senhor espetacular herói estiver falando com as paredes. Estou farta de aranhas. Para todo lugar que lho só vejo esses bichos. O pior é que ainda não sei o por quê de te amar…
Felicia desligou o telefone, meio arrependida por ter dito que o amava, meio satisfeita por, pelo menos, ter ouvido sua voz novamente, ainda que fosse apenas uma gravação. Afinal, precisava voltar para seu leito no Centro Médico Cornell. Aquela era sua nova vida. Sem o glamour, sem pompa ou circunstância. Mas tinha a sensação de que se adaptara rápido demais a isso. Teria enlouquecido mesmo? Ou talvez enxergasse nisso uma oportunidade. Algo que ninguém poderia prever, ou antecipar. A Gata Negra se tornaria uma criatura das sombras da alma humana, uma lembrança. Mas jamais seria esquecida. A sombra da Gata Negra continuaria espreitando as noites de Nova York!
Comentários
Postar um comentário