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Gata Negra #12: Contagem 1/6

Gata Negra #12: Contagem 1/6

Felicia decide partir pra cima de todos que tentaram matá-la. A caçada vai ser tornar muito perigosa pelo submundo de Nova York!


Terraço de um prédio qualquer, tarde

“Não existe um só lugar em Nova York que não me faça recordar do Aranha… Não quero isso para mim… Mas por outro lado, isso é uma vantagem, pois me lembro dos meus feitos como Gata Negra. E para minha sorte, é disso que preciso… Esse símbolo… Tenho certeza de já tê-lo visto antes. Mas… onde?”

Felicia estava realmente disposta a caçar os líderes das gangues que tentaram matá-la. Ainda está fragilizada com os últimos acontecimentos. A morte de John, a investida de Lápide e o sumiço do Homem-Aranha. Além, é claro, da preocupação de Lydia Hardy sobre o seu futuro.

“É isso! Blow! Esse símbolo é a marca da gangue de um grande traficante de armas e drogas. Lembro muito bem de quando fui lhe vender armas e o vi usando uma blusa com esse enorme símbolo estampado no centro. Pensei que estivesse inativo, já que nunca mais tive notícias suas… Será que ainda existe aquela boate? Vou esperar escurecer para visitá-la. Realmente ele tem explicações para me dar…”

Boate Brightl’y, Bronx, tarde da noite

“Como poderia esquecer de que um branco não é muito bem vindo a um bairro negro? Odeio ser olhada por pessoas enfurecidas… Por que será que ainda nada fizeram comigo?”

O segurança da boate, inicialmente, hesitou em deixar a Gata, com o uniforme e o sobretudo preto o cobrindo, entrar no recinto. Sua permissão veio seguida dela citar o nome do traficante. Aproximou-se do barman, que parecia ignorar-lhe. As pessoas que se divertiam naquela madrugada pararam todos os atos para observar o que Felicia ali fazia.

- Vai continuar me ignorando?

- Pessoas como você não são bem vindas aqui.

- Não se preocupe, não vim me divertir. Quero tratar de negócios.

- O que uma pessoa da sua cor quer na boate? Você é tira, não é? – e apoia as mãos no balcão e se aproxima do rosto de Felicia.

Ela sabia que estava errada. Aliás, totalmente errada. Então, até mesmo por reflexo, Gata, com um rápido movimento, tira o apoio das mãos, abrindo os braços e fazendo com que o barman batesse o queixo no balcão. 

- Vim tratar de negócios com Blow. Chame-o aqui, agora!

Três homens que estavam próximos ao balcão pegaram algumas garrafas e ameaçaram Felicia.

- Você já deveria saber que aqui não é lugar para gente de sua cor.

- Deveria saber você que isso é racismo… Poderia te processar…! Mas… se preferir, posso acabar com você na frente de seus amigos.

E Felicia aciona as unhas e difere contra uma prateleira, que desaba, junto com as taças, copos e garrafas. Com ar indignado, os três quebram as garrafas e se posicionam para enfrentá-la.

- Agora chega! Vamos te ensinar boas maneiras!

Mas, no momento da investida, Blow surge de trás de uma cortina de contas e ordena que todos parem.

- Isso aqui não é um ringue, e sim um lugar de entretenimento para que as pessoas possam se divertir.

Os homens e o barman parecem revoltados e inconformados com a atitude do chefe, mas não decidiram desobedecer à ordem.

- Ora, ora… Vejam só o que o destino me reservou… Gata Negra! Não sabia que estava em boa forma… E que forma! Esse novo uniforme caiu muito bem…

- Obrigada, mas dispenso seus elogios. Quero conversar com você. 

- Armas? Tóxicos?

- Não trato de negócios em público.

- Por favor, Gata. Acompanhe-me.

Gata o segue passando pela cortina. Nota que não mudou muito. Mesmas costas largas e músculos definidos. Um pouco mais alto, talvez. Mas o cabelo azul com desenhos e a camisa do time de basquete de Nova York são coisas imutáveis. Chegam a uma sala espaçosa, parecendo ser a administração da boate. Decoração interessante e aparelhos de última geração. Computador, televisão, rádio, luzes coloridas… e uma garota seminua sentada num pufe.

- Bom, Gata. Como percebeu, estava me divertindo até que vocês interromperam… Rose, por favor. Terminamos depois.

E a moça sai, fitando friamente a Gata. 

- Se não fosse por um bom motivo, pode ter certeza de que não estragaria sua noite.

- Realmente espero que seja…

- Sem rodeios.

- Assim prefiro.

- Tentaram me matar.

- Verdade? E pelo o que vejo, não conseguiram. A não ser que tenha perdido uma de suas sete vidas!

- Muito engraçado, Blow.

- Seu namorado aracnídeo tem senso de humor…

- Não sou mais namorada do Homem-Aranha. Aliás, faz muito tempo que terminamos.

- Que ótimo! Uma mulher como você merece um homem como eu!

- Como você? Um homem que tentou me matar?

- O quê? Como ousa?

- Deixe de drama, Blow. Uma das pessoas que tentou pôr fim à minha vida era da sua gangue.

- Você está louca, gatuna.

- Hum… E o que me diz desse símbolo que arranquei de um deles antes de serem mortos por Lápide? Vai confessar ou dizer que armaram contra você?

- Não esperava que ele fosse fracassar, Gata. Mas não perdôo o envolvimento de Lápide e de ele ter matado um dos meus homens…

- Comece a falar.

- Posso te matar agora…

- Sei que não o fará. Teve oportunidades. Vamos, fale…

- Gata… Estão oferecendo uma grana muito alta pela vida do agente e pela sua…

- John está na lista?

- Sim… Vocês são pedras no caminho do poderoso…

- Quem é o poderoso?

- Não digo, gatinha. Segredo profissional.

- John está morto.

- Eu já sabia.

- Você… Por acaso está envolvido?

- Sei que parece estranho, mas confie em mim. Nada tenho a ver com o assassinato.

- Por que será que não consigo crer? Tentou me matar!

- Mas você não é do FBI. Imagina eu, que vivo encrencado com a policia por causa dos tráficos, vou ser ousado a ponto de matar um federal?!

- E sabe quem foi, não é?

- Sim… E posso garantir que quem o matou também estava no atentado contra sua pessoa.

- O que está esperando?

- Acha que vou dizer assim…

- Eu sei quem foi que ofereceu esse “prêmio” pela minha vida e a de John. Só preciso de mais provas.

- …sem nada ganhar em troca?

- Blow… Cuidado com as palavras.

- Não se preocupe, Gata. Nem passou pela minha cabeça. 

- Sei…

- Tudo bem… Sou um péssimo mentiroso. Você é linda, mas não é o que quero. Então só precisa de provas… Bela detetive está se saindo!

- Dê seu preço.

- Se me der uma coisa, não te mato, ofereço proteção e digo quem matou seu amigo.

- Noivo…

- Céus! Sinto muito.

- Não seja cretino. O que quer?

- Bom, alguém mais esperto e ágil do que eu pegou uma coisa que muito me interessa e que agora quero por orgulho e questão de honra.

- Interessante. O que é que te tirou do sério?

- Um diamante raro…

- O qual fora roubado?

- Sim! Exatamente esse. Caso me traga, darei o que prometi.

- Ah, ah, ah!

- Por que a risada?

- Isso será muito fácil!

- O que quer dizer com isso?

- Nada, Blow. Aceito sua proposta. Amanhã virei trazer seu diamante.

- Não tente nenhuma gracinha. Tenho peritos aqui que…

- Relaxe, Blow! Sou uma mulher de confiança.

- Confiar em uma ladra? Eh, eh, eh!

- EX-LADRA!

- Conversa fiada…

- Espero que nada me aconteça quando sair e amanhã, quando trouxer o diamante.

- Fique tranqüila. Tem minha palavra.

- Então, bons sonhos.

- Terei-os. E você estará neles.

- Aproveite Rose, Blow.

- Um beijo, gatinha.

Boate Brightl’y, manhã seguinte

“Esse diamante não me servirá para nada mesmo… Não poderei vendê-lo, estaria me expondo muito. Ao menos será útil… Será que não estou levando muito a sério essa vingança? Não Fel. A vida de John valia muito mais do que todos os diamantes do mundo juntos. Ainda não creio que estou trocando um valioso e raro diamante por palavras de uma pessoa em quem nunca deveria confiar…”

- Pensando no sonho que teve comigo? Foi emocionante? Erótico, quem sabe?

- Infelizmente você não fez parte dele, Blow. Uma grande pena. Poderia ter sonhado que te matava…

- Tanta violência assim me deixa excitado!

- Espere Rose chegar. Daqui a pouco ela o ajuda.

- Chega dessa conversa. Onde está a pedra?

- Eis o que tanto anseia. Mas antes, quero o nome.

- Gata Negra… Como você é complicada. Gosto do seu estilo. Quem matou seu noivo foi um integrante da gangue de Little Doll.

- Little Doll, aquele que ninguém nunca viu?

- Exatamente. Agora a pedra…

- Onde o encontro?

- Isso não estava no acordo…

- Ora, Blow. Onde o encontro?

- Dizem que sua base é nas mediações de…

- Quero a informação correta.

- Um dos meus homens fotografou a entrada da base e fez algumas anotações…

- Agora falamos a mesma língua!

- Tome os escritos. Agora me dê essa maldita pedra!

- Realmente, sempre foi bom fazer negócios com você, Blow. 

- Não se esqueça, Gata. Tem a minha proteção.

- Dispenso…

- Sei que precisará de mim muito em breve… Posso ser útil.

- Veremos, Blow. Veremos.

- Só mais uma coisa, Gata. Como e onde conseguiu o diamante?

- Não digo. Segredo profissional.

Gata sai da sala e se depara com a furiosa Rose, que segura um punhal.

- Você é a nova amante de Blow?

- Cai fora, Rose. Estávamos tratando de negócios.

- Negócios, hein? Primeiro, vem de madrugada e acaba com meu prazer. Ficam horas trancados, sozinhos… E agora, saindo antes de eu chegar. Isso me cheira a traição!

- Acho que deveria mudar seu olfato, Rose.

- Vagabunda! Não deixarei que roube meu homem!

- Controle-se, Rose. Blow não faz meu tipo!

Rose, descontrolada, parte para cima da Gata com o punhal em mãos. Felicia se esquiva da investida e segura o braço da ciumenta mulher do traficante, girando-o, ameaçando torcê-lo.

- Rose, Rose, Rose… Deveria saber que não sou oponente para você. Ainda precisa treinar muito para me vencer!

- Maldita! Você está… quebrando… meu braço… 

Barulho dos ossos estalando. Felicia acabou de quebrar o braço de Rose, que grita alucinadamente. Gata sorri satisfeita.

- Aprendeu, Rose? Isso é para você nunca mais esquecer de mim e saber o quanto sou forte. Tenha um lindo dia!

Felicia sai da boate analisando a foto. Qualquer detalhe nela é importante. Uma placa, um prédio, uma estátua…

- Uma ponte! Parece a Brooklyn. As anotações… Acho que é ela mesmo! É melhor eu ir até lá dar uma conferida… O engraçado é que nessas anotações têm uns números… coordenadas, talvez.

Ponte do Brooklyn, três horas depois

“Não creio! Tem que ser aqui! Mas não encontro nada! Já atravessei e voltei e não encontrei nada! É melhor eu voltar para casa. Por que saí sem as lentes? Que descuido meu! E lá poderei analisar a foto e os escritos com calma. Mas muito em breve mesmo chegarei até Little Doll.” 

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