Gata Negra #11: Missão: Gata Negra - Alvo de Assassinos
Como você que está lendo pode imaginar, a cabeça de Felicia foi colocada à prêmio. Quer saber como a gatinha vai se livrar dessa? Confira nas linhas abaixo!
Queens, manhã
- Bom, então não há problema se Ônix ficar aqui por alguns dias, não é mamãe?
- Apesar de não gostar muito de felinos, tomarei conta novamente. Mas, qual o motivo dessa vez? Outra viagem?
- Não, infelizmente. Eu estou sobrecarregada de trabalho.
- Esses seus trabalhos…
- Mamãe, não vamos conversar sobre isso outra vez. Não quero brigar!
- Felicia, o diamante roubado… Você não tem nada a ver com isso… Tem?
- Ainda não confia em mim?
- Sem dramas. Espero realmente que não tenha ligação com esse roubo…
- Escuta mamãe… Deixa. É melhor eu ir embora. Estou atrasada.
- Cuidado, Felicia. E, principalmente, juízo.
- Eu sei me cuidar…
- Eu acredito…
Mesmo com o ar irônico, Lydia Hardy se preocupa com a filha. De verdade. Após um caloroso abraço, e as recomendações e cuidados com a coleira do felino, Felicia envolve Ônix nos braços e o acaricia. Ele é responsável pelo futuro de Wilson Fisk, por isso deve estar num lugar seguro. Felicia se despede novamente da mãe, que não consegue esconder o olhar de tristeza e insatisfação.
Cat’s Eye, horas depois
“Estou preocupada com Ônix e mamãe… Será mesmo que eles estão seguros… Hã? A porta está aberta? Mas tenho certeza de que havia trancado…”
Ao entrar no escritório e ver a lamentável cena, Felicia deixa a sua bolsa cair ao chão. Seu escritório estava revirado.
“Alguém entrou aqui e revistou minha sala em busca de algo… Mas o quê? Será que foi a mando do Rei, na intenção de encontrar as provas? Não sei… Pelo que percebo, não levaram nada. Até o computador está aqui… Mas será que não foi feito esse estrago como uma forma de aviso, ou para me assustar? Não estou gostando nada disso… É melhor eu pegar umas coisas e levar para a casa da mamãe…”
Felicia, então, veste o uniforme. Gata Negra. É o que ela é agora. Alguns segundo frente ao espelho e as lentes são colocadas. Faz a maquiagem e um bonito penteado, algo no estrilo dos samurais. Retira a mascara e a guarda num bolso do sobretudo, o qual acabara de vestir. Recolhe alguns papéis e fotos. Foto. Ela e John, numa praia em South Beach. Pega uma maleta prata e guarda o computador, os papéis, as fotos, o anel de noivado e o diamante raro. Roubado.
“John… Ainda não consigo acreditar… O pior é que nem pude me despedir… Estou com medo… Sentindo a sua falta. Estou passando por um momento delicado. Tudo está errado. Meu trabalho, meus poderes, meus sentimentos… Tudo!”.
Felicia para e respira. Pega um envelope timbrado da Cat’s Eye e retira os papéis, as fotos, o anel e o diamante de dentro da maleta e os coloca no envelope, o qual é escondido no sobretudo.
“Estou desorientada! As dores localizadas nas articulações voltaram ainda mais fortes. Minha cabeça parece que vai explodir. Preciso procurar alguém… Quem sabe Tina. Quem sabe até mesmo o Aranha. Isso! Vou ao jornal onde Peter trabalha para deixar com ele o meu computador. Assim, caso aconteça algo comigo, mamãe e Ônix, ele saberá o que fazer!”
Vai ser bom rever Peter Parker. Ele está em débito com Felicia. Passaram momentos de amor e êxtase. Depois disso, não a procurou. Felicia ainda ligou para o aracnídeo, mas ele não estava. Em todas as tentativas, essa mesma resposta.
Estação de metrô, meio dia e quinze
Gente. Pessoas apressadas correm para não perder o horário. Fila. Felicia não demonstra paciência. Mas não sabe, ao certo, se está com pressa. Como sempre, seus pensamentos estão perdidos. E isso a irrita. E muito.
“Que nervosismo! Não sei por quê tenho essa incômoda sensação de estar sendo seguida… Deve ser impressão, afinal há muita gente aqui…”
Felicia chega até o saguão de embarque. Um grupo de músicos faz a trilha sonora dessa estação. Jazz, blues. Senta num banco e espera a chegada do meio de transporte. Sente-se envolvida pelo swing da música. E isso a impede de perceber que quatro homens se aproximam. Seu olhar perdido na multidão parece buscar algum rosto. Pai, Peter, John… Wilson Fisk? Sente uma mão tocar-lhe o ombro. Vira o rosto, assustada, rapidamente. Um dos músicos oferece o chapéu para alguma doação. Felicia, desconsertada, sorri, afirmando ter gostado da música e deposita algum dinheiro. O músico agradece e volta a tocar o saxofone. Sente o embalo anunciando a hipnose, mas desperta ao ver quatro homens com roupas diferentes chegarem mais perto. Ela sente o cheiro do perigo. Segura a maleta e levanta, caminhando para o lado oposto dos homens. Eles apressam o passo. Felicia aumenta, também, o ritmo. As pessoas não cedem passagem. Eles se aproximam. Pede licença e, algumas vezes, empurra as pessoas, afinal, todos ali correm perigo. Ao olhar para trás, vê apenas dois homens a seguindo.
“Calma Felicia. Pode ser apenas um assalto. Apenas um assalto? Calma? Como posso tê-la e pensar assim? E onde foram parar os outros dois?”
Felicia tenta correr, esbarrando-se nas pessoas. Uns gritam ofensas, outros abrem caminhos. Ela não se preocupa para onde está indo, apenas quer sair dali. Mas é tarde. Os dois homens que haviam sumido param em sua frente. O olhar não é amistoso. De ambas as partes.
- O que querem? É um assalto? Por acaso sabem quem estão tentando roubar?
Os dois nada respondem. Felicia continua andando, relutando. Um metrô pára. O saguão esvazia um pouco, mas o fluxo ainda é grande. Ela tenta se aproximar, mas os outros dois surgem e não permitem.
- Venha conosco, Felicia Hardy. E não tente nada.
- Quem são vocês? O que querem comigo?
- Não seja teimosa. Vamos! Fique no meio das duplas.
- Eu não irei com vocês. Minha mãe ensinou para eu nunca acompanhar estranhos…
- Sua convivência com o débil Homem-Aranha a deixou bem humorada… Chega dessas piadas, vamos!
Vozes roucas. Felicia não recorda delas em nenhum trabalho ou de ninguém conhecido. Ela reluta e afirma que não vai com eles. Um dos homens fala que só a maleta importa, por enquanto. As pessoas mais próximas ouvem e se afastam. Um dos quatro homens tenta arrancar a maleta da mão de Felicia, mas ela aciona as unhas e o fere gravemente. Nesse instante, um metrô se aproxima. Felicia consegue se livrar dos homens e corre. Eles seguem. Felicia então, arremessa a maleta nos trilhos. Breve curto circuito. E nesse momento de descontrole, o metrô passa direto. A ex-ladra salta, encaixando as garras na porta do veículo, abrindo-as e adentrando, enquanto os homens, incrédulos, acompanham o feito da felina.
Cat’s Eye, uma hora depois
“Simplesmente eu não acredito! O que falta mais dar errado? Já basta ter que vir andando da estação até o SoHo… Que movimento estanho… Carros de bombeiro, policia, imprensa… Hum… Perto da Cat’s Eye, pelo que vejo. Um policial. Ele deve saber de algo.”
- Ei, senhor, poderia me informar o que aconteceu?
- Não sei ao certo, mas tudo indica que uma sala de um desses prédios está em chamas.
- Em chamas?! Nossa… Bom, obrigada. Tenho uma sala e…
- Tudo bem, moça. Boa sorte.
“Sorte. Essa é a única palavra que parece ter fugido do meu dicionário. Espero ao menos dessa vez poder contar com ela…”
E Felicia corre. Muita gente observa a confusão. As sirenes nos seus ouvidos a deixa atordoada. Susto. Pânico. A Cat’s Eye está em chamas.
“Não… O meu escritório… em chamas… Como isso aconteceu? Quem fez isso…?”
Felicia, cega, continua correndo. Ultrapassa a faixa de segurança e se dirige até a entrada do prédio. Dos seus olhos, lagrimas. Do seu coração, rápidos batimentos. Dos seus pensamentos… Nem precisa dizer.
- Moça, não pode entrar aí. Está interditado, não vê?
- O que estou vendo é a minha sala, minha vida, ser consumida pelo fogo.
- Então é a srta. Hardy?
- Sou eu mesma.
- A Ga-Gata Negra?
- A própria. Agora, deixe-me passar!
- Não! Está muito perigoso. Tenho ordens para não deixar ninguém entrar…
- Você não entende… É o meu trabalho…
- Assim como é o meu não permitir que pessoas se machuquem!
“Quanto cuidado… Um homem da lei prezando pela minha vida. John… Por que você não está aqui, cuidando de mim?”
- JOHN!
- Falou algo, senhora? Esse John estava dentro da sala?
- Não. Desculpe. John era… meu noivo.
- Calma. Sei que está sendo difícil para você presenciar o fim de todo um projeto…
- Meu Deus! O que farei agora?
- Escute… Vá para um local seguro e procure descansar. Então, depois vá ao distrito averiguar…
- A Cat’s Eye… terminou… tudo terminou! Malditos… todos… eu tenho culpa…
- Do que está falando? É melhor levá-la até a ambulância. Está precisando de cuidados médicos!
- Não… Estou bem. Um pouco tonta, mas estou bem. Vou fazer o que disse.
Felicia não resiste e cai de joelhos. Fica imóvel, acompanhando os bombeiros na luta contra o fogo. A música na estação volta. O mesmo jazz, o mesmo blues. O policial a levanta e dá, novamente, as instruções. Felicia caminha, ainda sem acreditar, sem aceitar. Passos curtos. Lagrimas escorrem dos olhos, sem cessar. As pessoas olham-na com dor. Alguns dizem palavras de incentivo. Uns mais engraçadinhos, elogios. Outros, apenas observam. Felicia chega a um telefone público. Parece saber o que fazer…
- Clarim Diário?
- Por favor… Peter Parker?
- Ele não se encontra. Apenas com ele?
- Sim… Poderia deixar um recado? É urgente!
- Claro…
- Diga que Felicia Hardy Ligou e que ela precisa muito lhe falar e peça para que ele veja as noticias sobre o incidente no SoHo. Anotou tudo?
- Sim… E sinto muito, Felicia Hardy.
- Não esqueça do recado. Obrigada e tenha um bom dia.
Um bom dia. Faz tempo que Felicia Hardy, a Gata Negra, não tem um bom dia.
“Por que isso aconteceu? Será que aqueles homens na estação têm alguma ligação com isso? Será que o Rei do Crime está envolvido? E você, Peter? Por que NUNCA está quando preciso? Estou perdendo tudo… A culpa é do maldito poder! Eu e minhas idéias. O poder do azar parece não só afetar as pessoas que estejam comigo, sendo elas boas ou más. Parece atingir a mim também. Principalmente a mim. John sempre esteve comigo quando precisava. Eu preciso dele agora”
Cemitério de Nova York
Após se informar sobre o túmulo de John, Felicia caminha pelo cemitério absorvendo a paz. E disso ela precisa. Nota que um enterro está prestes a acontecer. Identifica as dores da perda de um ente querido. Eis a sepultura do agente.
- John… Não sou muito boa nesse tipo de situação… Nunca sei como me comportar, o que falar… Então, se eu disser alguma besteira, não se irrite, ok? Olha, o anel que você me deu… está guardado comigo. Só o tiro em trabalho. Ônix mandou lembranças… Que idiota sou! Falando um monte de bobagem! Desculpe, John. Estou num momento crítico. Sei que está vendo minha situação de algum lugar… Sabe o que estou passando e sofrendo. Eu queria ter te contado um segredo… Eu roubei um advogado para o Rei do Crime em troca dos meus poderes. Esse advogado, Willian Thorne, foi assassinado. Mas não o matei. Gata Negra não mata. Eu precisava te contar isso. Só não o fiz antes porque tinha medo de perder seu amor. Você deve estar triste comigo por causa desse meu ato falho. No inicio eu pensei que seria bom reaver meus poderes, mas descobri que só trouxe desgraça. Estou envolvida até o pescoço. A Cat’s Eye foi incendiada. Você, assassinado. Tudo isso por causa do meu egoísmo. Não posso dizer que não estou feliz com meus poderes. Sempre os quis. Eu apenas não imaginei que tanta coisa ruim fosse acontecer. Estou me sentindo desprotegida, sozinha. Sinto falta das nossas conversas. Você me fazia rir!
Felicia desabafa. Uma pena ter sido tão tarde. Mas ela parece estar se sentindo melhor. Como se a paz invadisse de vez a sua vida. Todos os momentos passados com John são relembrados.
- Queria que você me perdoasse. Por eu ter mentido, por eu não ter te amado mais cedo…
Mas a sua “conversa” é interrompida por um estranho barulho. Felicia olha para trás e vê vultos se escondendo pelas poucas árvores. Levanta, retira o sobretudo, com cuidado o dobra para que não machuque os papéis, as fotos e os objetos de valor, e o guarda atrás da sepultura. Ativa as unhas e uma função da lente destaca o calor dos corpos de quatro homens.
- Muito bem, podem sair daí! Já os descobri. Por que não vêm até aqui para que possamos nos divertir um pouco, hein?
Os quatro homens saem dos esconderijos. Ficam lado a lado, imóveis. Felicia sorri e sua lente parece ter brilhado, como um reflexo, um flash.
- Vem conosco, viva ou morta.
- Hum… Só tenho essas duas opções?
- Claro.
- Então, fico com a terceira. Vamos nos divertir!
- Peguem-na! Não importa se viva ou morta!
Os quatro homens correm em direção da Gata Negra, que os espera com um delicioso sorriso na face.
- Por que vocês, homens, nunca sabem como chegar numa mulher? Sejam carinhosos, é a minha primeira vez… Hum…? Frase repetida?
A Gata dispara o gancho, que se prende no braço do homem que teve sua mão ferida ao tentar roubar a maleta na estação de metrô. Felicia gira o corpo, fazendo com que o homem saísse do solo e voasse, cada vez mais rápido. Desativa o gancho, fazendo com que ele, após segundos no ar, caísse sobre o outro. Ele grita. Não sente o braço. Mas enxerga o sangue sendo expelido pelo estrago feito pelo gancho. O outro homem, que fora derrubado, parece ter perdido a consciência ao se bater numa sepultura.
- Antes só queríamos a maleta. Mas você estragou tudo! Agora, queremos você!
- Gata Negra, sua cabeça está valendo uma nota preta no submundo! Hehehe!
Então, Felicia corre em direção dos homens. Salta e cai sobre um deles, segurando-o pelo pescoço. Junta os pés e acerta o estômago, derrubando o corpo até o chão. Seguindo todas as leis de peso, força e gravidade, assim que fica imprensado entre Gata e o chão, vomita sangue. E desmaia.
- Quatro contra uma… Sempre tentam isso mas nunca funciona!
O terceiro a segura pelas pernas e a derruba. Arrasta seu corpo para perto de uma árvore. Felicia não consegue se movimentar. Não sente os músculos. Mas sim, uma ardência na garganta. As lentes brilham outra vez. Suas costas estão feridas. O homem a levanta pelo braço. Passa a língua pelo rosto da gatuna até chegar aos lábios.
- Alguma coisa para dizer antes de morrer, mulher arisca?
- Miau!
Um grande galho de árvore despenca e acerta a cabeça do homem. Felicia parece não acreditar. Coincidência, já que a árvore parecia estar seca? Ou o poder do azar… Será que o brilho da lente agora está anunciando a poder do azar?
- A árvore atingiu meu ombro… Que dor insuportável!
- Esse é o menor dos seus problemas, gatinha.
O homem que fora derrubado está em pé, correndo na direção de Felicia, com os braços estirados. Ela está tonta. Apóia-se na árvore e tenta ativar as unhas, mas seu corpo não responde aos comandos. O homem então, reúne forças e aperta o pescoço da ex-ladra. Mas ela não sente nada. O homem grita. Sangue escorre pelos seus braços e pelo busto de Gata. As pontas de metal da coleira perfuraram e atravessaram suas mãos. Ela consegue ativar as garras. Olha friamente para o homem. Abre a mão sobre o rosto dele e o perfura. Testa, bochechas. Com a outra, retira a coleira do pescoço. Felicia corre, empurrando-o pela cabeça até que se depare com uma sepultura. Antes do choque, ela larga o rosto e o atira de encontro a construção de mármore.
- O que… o que eu fiz? Estou descontrolada!
Caminha ao encontro do homem e retira a coleira de suas mãos. Então percebe um símbolo na camisa do assassino. Arranca-o.
- Você está bem?
- Eu… eu estou… cego!
- Mas está vivo… Agora, conte-me tudo. Para quem você trabalha?
O homem não responde. Seu rosto é sangue. Ela põe a coleira e caminha até a sepultura de John, para pegar o sobretudo e guardar o símbolo que ela garante já ter visto em algum lugar.
- Onde pensa que vai, Gata Negra?
Seus olhos abrem. Essa voz rouca… Ela sabe de quem é.
- Lápide?
- Vai ser muito fácil ganhar esse dinheiro… Matar você não é complicado. Esses quatro são burros. Pode conferir, acabei de matá-los.
- Então realmente minha cabeça está a prêmio?
- Como a maleta com as provas foi destruída, só falta você…
- Então o Rei está por trás disso?
- Vamos acabar com a conversa. Morrer aqui para você vai ser bom, já que poupará despesas!
Felicia ativa as unhas. Seu corpo ainda dói, mas não pode deixar de lutar.
- Mas Lápide é o seu nome. E tem tudo a ver com cemitério!
- Sua garra não me assusta, Gata Negra!
- Mas essa sua cara de enterro me deixa apavorada!
Lápide corre, investindo contra a Gata, que salta.
- Você deveria ser mais rápido!
- E você deveria deixar de ser amante do Homem-Aranha!
- Que insulto!
- A cortesã se sentiu ofendida?
Lápide corre e acerta um soco no tórax de Felicia, que para a alguns metros de distância. Foi atingida pelas palavras de Lápide, que a deixou desconcentrada na luta. Não está conseguindo respirar direito.
- Que belo rosto, Gata. Pena que antes de te matar, vou quebrar todos os ossos e cartilagens!
- Poderia… falar… um pouco… mais… alto?
- Com prazer!
Lápide segura Felicia pelo rabo-de-cavalo e a levanta.
- Vocês homens, que querem me matar, sempre puxam o meu cabelo! Não está na hora de fazer algo novo não?
- Já que insiste…
Lápide, segurando Felicia pelo penteado, rasga o tomara-que-caia.
- Agora sim está melhor! Hehehe!
Felicia vê que o enterro está começando. Essa é a sua chance para fugir, já que não está em condições de enfrentá-lo.
- Que tal se eu rasgasse sua calça também, hein? O que será que há por baixo dessa peça saint-tropez?
Gata então aciona as unhas enquanto Lápide segura a calça. Ela perfura o rosto com as afiadas garras. A expressão de Lápide, apesar da dor, é cômica. E ele grita. Sua rouca voz parece ter dado lugar a uma capaz de invejar até os mais conceituados tenores. E nessa hora, Felicia também grita. Ela soltou todas as dores nesse grito. Lápide a solta e põe a mão sobre o rosto.
- Como fez isso? Meu rosto…SANGUE!
Felicia, ao cair no chão, corre e pega o sobretudo atrás da sepultura de John. As pessoas que acompanhavam o enterro vão na direção da confusão. A segurança do cemitério é acionada. Felicia corre, deixando Lápide e os quatro homens entregues às autoridades.
Queens, anoitecer
Silêncio na sala. Felicia, Lydia e Ônix nada fazem.
- Mamãe…
E não há respostas. Assim que chegou do cemitério, Felicia trancou-se no banheiro. Viu os estragos em seu corpo e uniforme. Tomou uma refrescante ducha, e ao sair, encontrou a mãe, com o já conhecido ar de tristeza e insatisfação. As duas conversaram durante horas. Felicia contou tudo para a mãe. Afinal, ela precisa confiar em alguém. Contou sobre os roubos, os poderes, o Aranha, John, Wilson Fisk, as mortes… Tudo. E depois desse desabafo, o silêncio.
- Felicia… Acabe logo com isso. Entregue as provas para o FBI, para que prendam o Rei do Crime.
- Farei isso, mamãe. Mas antes preciso me vingar das pessoas que tentaram me matar, destruíram a Cat’s Eye e quiçá, mataram John e o advogado.
- Acha mesmo que foi o Rei?
- Tenho certeza. Assim que eu reunir mais provas, colocarei o Rei na cadeia.
- E depois?
- Depois, provavelmente serei presa.
- Não… A não ser que faça um acordo com as autoridades.
- Acordo? Como assim?
- Já que conseguiu provar que o Rei é o único responsável por isso, e você, mesmo sendo cúmplice, honrou com a lei e o denunciou, mesmo sendo um pouco tarde e podendo evitar essas mortes…
- Será que a Justiça vai concordar?
- Com certeza… E depois?
- Como assim “e depois”?
- Depois que resolver seu problema com a Lei, o que fará?
- Ainda não sei, mamãe.
- Eu tenho a resposta.
- Por favor. Não me diga agora. Eu preciso de atenção, carinho…
- Venha aqui. Deite no meu colo. Acima de tudo, você é minha filha.
- Estou com medo, mamãe.
- Isso é bom. Não há o mais valente que não sinta medo. Você fica mais forte. Ainda terá muito o que enfrentar pela frente.
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