Tropa Sigma #01 - A Ameaça Nebulosa
Uma nova invasão alienígena à Terra faz com que um ainda não-autorizado grupo de heroínas saia em defesa da vida no planeta! Confira a estreia da Tropa Sigma, especialmente em duas partes!
Prólogo 1
Camp David
Um dos locais mais seguros do mundo. Muita segurança, pouco acesso, nenhum irrestrito. Ingressar aqui é mais do que uma missão impossível, salvo quando se é convidado, ou quando se é integrante de alta importância do governo americano.
Nesse cenário calmo e quase rústico, o presidente dos Estados Unidos descansa acompanhado pelos assessores, senadores e patentes superiores das forças armadas.
Aproveitando para respirar o ar puro, num intervalo breve de uma reunião sobre os conflitos armados envolvendo as próprias tropas em territórios dos outros, o general Waterfall, sempre se sentindo pesado pelas medalhas, toca um espaço ainda vazio; o espaço onde ele quer expor sua maior honraria, ainda não alcançada. Limpa o suor que lhe escorre a testa e volta para o frescor do ar-condicionado daquela espécie de quartel enrustido. Caminha, olha os quadros e a decoração. Se serve de água. Suspira. Segue o rumo, mas ao passar pela Sala de Conferências, escuta sussurros. Retira os óculos e encosta o ouvido na porta. Não ouve nada dada a espessura que o separa da Sala. Sem pestanejar, abre discretamente e adentra ao recinto, flagrando o senador Patterson ao celular:
- Estou autorizando a ação. Vamos aproveitar que o presidente e os outros estão ocupados debatendo as próprias crises para agir. Não poupem nada nem ninguém.
O general Waterfall se afasta calmamente, saindo da Sala, perplexo com o que acabara de escutar. Seus pensamentos estavam confusos, afinal, o senador sempre defendeu os interesses dos Estados Unidos, nem que para isso fosse necessária a guerra. Mas planejar um ataque à própria nação era incabível.
- Não esqueça, porém, da discrição. Temos que fazer com que os idiotas acreditem que foi um atentado terrorista de algum país revoltoso.
Em choque, o general, um pouco tonto, tentou correr, cambaleando, até onde estava o presidente. Esbaforido, quase não foi notado com a entrada, o que lhe causou estranheza.
- Senhor presidente, precisamos conversar.
- Agora não, meu caro Waterfall. Estamos no momento de reflexão. Vamos seguir meu protocolo: depois de horas debatendo, paramos um pouco para acalmar os ânimos e reorganizar o raciocínio.
- Mas senhor, é algo sobre a nossa soberania, segurança... Vida! O senador Patterson... eu o ouvi tramando algo sobre...
- General - interrompendo - O senador é um dos meus homens de confiança. O que quer que ele esteja planejando é o melhor para o nosso país. Preocupe-se com o seu trabalho.
- É o que eu estou tentando fazer agora, senhor presidente.
- Pois então o faça longe daqui. Agora, por favor, se retire.
Lamentando, Waterfall recuou, resmungando. Como era possível o líder americano não dar ouvidos a um dos responsáveis pela segurança nacional? O general não compreendia. Restou-lhe, então, voltar para o campo e pensar numa forma de flagrar o senador e provar que algo estava errado. Muito errado.
Prólogo 2
Exosfera
Tinha tudo para ser uma ronda comum. Havia meses que nada de extraodinário ameaçava a paz terrestre. Nesses mesmos meses, nenhum alerta de invasão, aproximação de objetos não-identificados. A ronda comum tornara-se um passeio.
Afinal, quantas pessoas podiam vigiar a terra planando pela exosfera? Nessa camada que antecede o espaço sideral, Vésper, com suas asas longas, havia se distanciado do final da termosfera até 800 km do solo. Se divertia, magicamente, nessa camada, onde as partículas se desprendem da gravidade do planeta Terra. Por outro lado, não se incomodava com as temperaturas que já atingiram 1.000°C.
A vigilante aumentava a velocidade, se esquivava dos satélites de transmissão de informações e telescópios espaciais instalados pelas grandes potências terrestres para poder admirar, de um angulo único, o fenômeno da aurora boreal.
Naquelas mudanças de cores e formas, recebia pequenos estalos no pescoço. Seus olhos se abriram e tornaram-se brancos, como se suas pupilas e íris tivessem sumido.
As mãos foram erguidas e os músculos faciais tornaram-se tesos. As asas batiam com mais força.
Como um radar, Vésper captava sinais, indícios de aproximação desconhecida. Nem o estrondo das mortes por explosão de diversas estrelas nas galáxias confundia o registro da vigilante. Como eco, as informações iam ganhando corpo.
Quando finalmente codificou a mensagem, girou o corpo numa agilidade absurda, bateu por duas vezes o par de asas e numa velocidade superior a da luz e se dirigiu ao local onde estava o homem mais importante do mundo.
Prólogo 3
Campo David
Tamanha quantidade de homens fazendo a segurança do local e de quem estava nele fez com que o general Waterfall acelerasse os pensamentos. Iria ou não contra as ordens do presidente, ao não acreditar que o senador Patterson era mesmo um homem de confiança? Teria sido impressão?
Não.
O general viu uma espécie exótica de uma flor muito perto do senador, quando ele conversava com alguém. Na verdade, não era exótica; era estranha.
Por anos estar à frente de tropas, comandos e ações táticas das forças armadas, Waterfall decidiu ingressar na Sala de Segurança de Camp David. Seu livre acesso lhe permitiu se aproximar dos monitores, trocando sempre questionamentos simples e hipóteses mais obscuras. O responsável pelo setor tinha orgulho de poder explicar tudo ao general, por diversos motivos, até mesmo, por poder ser, naquele instante, mais importante e mais conhecedor do que aquele velho homem de guerra.
- Posso? - perguntou Waterfall.
- Claro, general. Nesse periférico vasculhamos a orbita terrestre.
- Se for registrado algo, o que acontece?
- Recebemos um sinal e em seguida passamos o relatório para a Casa Branca, trocamos informações e, claro, o presidente já estaria por dentro dos acontecimentos.
- Há alguma possibilidade de não captar o sinal? Caso uma tecnologia superior, mais avançada, cruze nossa atmosfera?
- Se isso acontecer, não é muito preocupante, general. Existe uma pessoa preparada para isso. Se algo fugir dos nossos computadores, com certeza não fugirá dos olhos dela.
- Compreendo - o general sorri - Bom, vou permitir que mantenha seu trabalho. Com licença.
O general sai mais confiante. Foi dele a ideia de deixar um vigia rondando o planeta. E ele não precisa de autorização alguma pra falar com ele.
Mas para sua surpresa, quando ele, já do lado de fora das instalações, estava prestes a iniciar a comunicação com o vigilante, se assusta com algo, como um meteorito, vindo em sua direção.
Antes do choque contra o solo, a guarda já estava a postos para deter - caso fosse uma ameaça - ou para recolher - caso fosse algum objeto. Só que todos foram acalmados por Waterfall.
- Vésper. Eu estava esperando você.
- General. Tenho novidades.
- Estou ciente de tudo – ele ordena que os militares se afastem – O presidente não me deu ouvidos.
Os dois caminham em direção às instalações.
- O que codifiquei não é estranho, mas é muito poderoso.
- Do que se trata?
- Dos espectros, general.
Waterfall não esconde a expressão de preocupação.
- Venha comigo, Vésper. Talvez com você ao meu lado, o presidente me escute.
Antes de ingressarem na casa, militares se aproximaram.
- Já não mandei retornarem aos seus postos? – esbraveja.
Todos sacam suas armas e miram a dupla.
- Que diabos pensam que estão fazendo? Eu dei uma ordem. Obedeçam ou serão punidos por insubordinação.
Os homens começam a disparar. Vésper movimenta as asas, levantando a areia, causando certo desconforto para aqueles que dispararam. No mesmo tempo, puxou o general pelo braço.
- Senhor... Acho que os espectros já estão infiltrados.
- Merda! Isso prova que o senador Patterson é um traidor!
- Precisamos fugir. Quando os verdadeiros militares virem que estamos sendo atacados, seguirão seus supostos colegas e atirarão na gente também!
- Vésper, fuja e entre em contato com “aquelas” pessoas.
- Mas o projeto não foi aprovado ainda, senhor.
- Pro inferno com leis sancionadas ou não!
Os tiros não cessaram um segundo. Os homens mantinham a formação de combate, com um único objetivo: matar.
O céu rapidamente se escureceu quando uma nuvem pairou sobre o sol. No meio daquela espécie de redemoinho, Vésper previa o que estava por vir.
- General, vou dar cobertura. Fuja! Eu dou conta deles aqui.
Daí foi tudo muito rápido. Os militares reais estavam quase saindo do interior da base. O general foi arremessado para longe, como se carregado por poeira. Uma nave se revelou da nuvem. Os tiros não mais foram dados e tudo foi tragado pelo veículo espacial.
Los Angeles
Um passeio matinal. Mãe e filha caminham de mãos dadas. A garota, de dez anos, alterna pegar um doce dentro de um saco e ajeitar o penteado. A mulher tenta sorrir, sem conseguir esconder um incômodo. Bruscamente ela para.
- Que foi, mãe?
- Uma dor de cabeça estranha...
Subitamente, Julia Carpenter solta a mão de Rachel e a coloca sobre o rosto. Na sua cabeça, diversas imagens se alternam. Ela vê o espaço, vê aliens, vê a casa de campo do presidente. Vê o general. A cabeça ainda arde. Até finalmente ver o rosto de Vésper, como se desfocado, deformado, balbuciando coisas. Julia não resiste e cai, desmaiada.
Os olhos se abrem lentamente e ela estranha o hospital.
- Rachel?! Minha filha?!
- Ela está bem, Julia.
Ao descobrir de quem é a voz, se assusta.
- General Waterfall. O que houve? Cadê minha filha?
- Não se preocupe, ela está bem. Recebeu a mensagem, não foi?
- Mas não a decifrei.
- Por isso desmaiou. Temos um problema de segurança nível máximo.
- Não sei se eu...
- Não se preocupe, Julia. Preciso de você para liderar a equipe.
- Mas senhor...
- Vésper foi sequestrada pelos espectros. Eles planejam uma invasão ao planeta.
- Os outros herois poderiam...
- Não. Eu quero a Tropa Sigma - responde, pensando "e um pretexto para receber a minha medalha..."
Havaí
Mais um belíssimo pôr-do-sol naquela distante ilha, perdida no Pacifico. Um grupo de surfistas admira uma mulher sobre uma prancha, indo na direção de uma onda de dez metros.
- Ela é louca!
- Não vai conseguir! - diziam aqueles que, esgotados, apenas admiravam o visual.
A onda quebrou e Aspen Matthews ficou em pé. Discretamente, seus dedos eram balançados e a onda tornou-se ainda maior. A gritaria na praia podia ser escutada.
Aspen se deleita com o momento, sentido o cheiro salgado e vendo tudo do alto.
Por pouco tempo.
Sua prancha foi partida em duas no momento em que sentiu dores de cabeça. Caiu no mar e entrou em pânico quando não conseguiu respirar embaixo da água. Na sua cabeça ela via imagens estranhas. Espaço, aliens, a casa de campo do presidente. Viu um general. A cabeça ainda ardia e o pulmão doía. O rosto de Vésper apareceu, como se desfocado, deformado, balbuciando coisas, indicando caminhos.
Tudo escureceu.
Chicago
Um centro de reabilitação. Aqui estava internada Mary Batson, uma jovem de 20 anos que não conseguiu controlar tamanha responsabilidade que lhe foi concebido. Na calmaria do local, pode administrar melhor seus dons, sempre acompanhada por psicólogos que não acreditavam que ela, ao pronunciar uma palavra, recebia poderes divinos.
Num passeio no lago, foi abordada por três homens e pelo médico responsável pelo centro.
- Mary, essas pessoas querem falar com você - e sai em seguida, deixando-os a sós.
Mary segue a caminhada.
- Chegou o dia, né? - pergunta curiosa.
- O general Waterfall precisa de você e de suas habilidades.
- Qualquer coisa para sair daqui. Preciso eliminar essas energias acumuladas. Quebrar coisas, sabe?
- Não sabemos o motivo, apenas que você precisa partir para a Califórnia para que...
Ela não conseguiu ouvir o restante das ordens. Sua cabeça parecia que ia explodir. Começou a socar a grama. Coisas passavam em sua mente, sobressaindo-se das memórias. Espaço, aliens, a casa de campo do presidente, um militar. A cabeça ardia. E, por fim, Vésper, como se desfocada, deformada, balbuciando coisas.
Tentou evocar seus poderes, mas desfaleceu, sendo amparada pelos homens.
Nova York
Uma casa desarrumada. Cheiro de queimado. Na cozinha, panelas sobre a mesa, pia, tudo sujo. Em pé, olhando a janela, Marsha Rosemberg se critica por não ter utilidade. Sua vida sempre fora agitada, mas, nos últimos meses, sua presença não era tão necessária, como ela mesma imaginava.
A ansiedade de ficar impotente lhe trouxe problemas graves, como uma pré-depressão. Mas graças aos seus poderes ela nunca cedia á tristeza e ocupava seu tempo cozinhando. Nunca comendo.
Alguém bate à porta.
A cada pisada até a entrada, o sinteco era queimado.
Ao abrir, a surpresa: três homens aguardavam o convite para entrar.
- Vamos ser breve, Volcana. O general Waterfall está convocando você para uma missão.
- Eu não vou.
- Ele nos alertou sobre uma provável resistência por causa de desanimação, mas temos meios de levá-la... independente de como.
O corpo tornou-se quente, como se flamejasse.
- Não ousariam! - sorriu a heroína.
- Ele pediu para informar que essa é a grande chance de retomar a carreira, ao lado de outras heroínas.
- Retomar a carreira? Isso é alguma piada?
- Não. O grupo precisa ser iniciado com a maior urgência, Volcana. Não sabemos o motivo, mas as outras três integrantes já partiram ao encontro do general.
- Elas... Elas foram?
O fogo corporal diminui, cobrindo apenas as partes íntimas, já que as roupas civis foram queimadas...
Marsha olha para o tumulto na sala, e ali, escondida sob os entulhos, vê a foto tirada no primeiro encontro. No primeiro convite para a formação da Tropa Sigma.
Correu ao quarto, saltando a bagunça e vestiu o uniforme especial, que suporta todas as alterações do corpo quando usa os poderes.
Mas apagou no meio do caminho com os três homens, assim que recebeu, telepaticamente, as visões do espaço, aliens, da casa de campo do presidente, de Waterfall. A cabeça ainda ardia. Além do rosto de Vésper, como se desfocado, deformado, balbuciando coisas.
Califórnia
Um lugar incrível.
Uma base de operações desativada, mas com todos os mecanismos eletrônicos em pleno funcionamento. Salas de treinamento, de comunicação, de recuperação, museu, de conferência e conveniência...
Acomodados, o general Waterfall e Julia Carpenter recepcionam Mary Batson, com cara de poucos amigos.
- General... Esse lugar...? - quer saber Julia.
- Um antigo QG dos vingadores. Não foi demolido por vários fatores, desde econômicos até... por saber que um dia nós estaríamos aqui, nos preparando para o combate.
- Qual é meu quarto? - perguntou Mary.
- Calma. Antes quero apresentar o real perigo para vocês.
- Onde estão as outras?
- A caminho, Julia.
- E a ação? Onde está? - Mary de novo.
- Calma. – o general a olha com reprovação – O assunto é sério. Os espectros planejam um ataque ao nosso planeta. Como o presidente parece indiferente, ou enfeitiçado, não existem ações oficiais de combate. Teremos que agir na escuridão.
- Mas pensei que os espectros tivessem sido banidos, ou extintos, general.
- Não, Julia. Sempre um grupo consegue fugir, preparar novas tropas, se armar, para tentar outra vez. Nunca será diferente.
- General, me desculpe, mas eu preciso me distrair. Eu captei a mensagem enviada por Vésper, sei o que tá rolando, mas preciso ver pessoalmente se não se trata de um truque.
- Desencana, Mary - Julia tenta relaxar a parceira.
- Sim, eu compreendo. Vocês chegaram primeiro, não dá tempo de esperar as outras. Nossos computadores registraram movimentação para o deserto do Arizona.
- Eles vão começar a invasão por lá?
- Não sei, Julia. Pode ser apenas uma espécie de reconhecimento...
- Há muitas coisas secretas naquele deserto, não é?
- Bom, Julia, se você vai ficar de conversa aí, eu vou dar um cartão de boas vindas pros aliens.
- Mary, não esqueça de que Julia é a líder da equipe. Ouça os que ela disser.
- Tranquilo, general. Vamos, Arachne? Cadê seu uniforme?
Julia sorri indo pro quarto.
- Eu vou me trocar. Infelizmente, minhas roupas não caem do céu, como um raio.
Todos os três dão risada.
- Estarei acompanhando o ato via satélite. Inclusive, omitirei a invasão, bloqueando a informação dos demais satélites mundiais de segurança. Não se esqueçam dos comunicadores. E boa sorte!
Deserto do Arizona
Calor intenso. Paisagem seca. Alguns corajosos animais que vivem na região trataram de se esconder, como se estivessem prevendo algo grandioso e fatal, quando Arachne e Mary Marvel pousaram. Sim, Julia traçou uma teia psíquica envolvendo a cintura de Mary e pegou uma carona...
- Essas nossas roupas negras não combinam com a temperatura amena, né, Mary?
Não houve resposta. Julia não se incomodou.
- Vamos esperar o primeiro sinal de desembarque dos espectros para agir. Precisamos saber quais forças eles investirão contra a terra.
Assim, o mesmo fenômeno ocorrido em Camp David se repetiu: como um eclipse, o sol escureceu. O dia no deserto tornara-se noite. Uma grande aeronave pairou sobre o ardente solo rochoso e uma luz afunilada tocou a terra.
Meio escondidas atrás de altos pedregulhos, as heroínas observavam, espantadas, aquela estranha beleza.
Enquanto a nave seguia planando sobre a superfície, uma dúzia de uma espécie de quadrúpedes reconhecia o terreno inóspito. Depois de voltas, todos pararam e observaram um novo ser que descia pelo feixe de luz: uma grandiosa planta roxa; a mesma, mas em escala muito maior, que estava com o senador Patterson. Dela partiam algo como tentáculos longos, que arrancavam a flora escassa do deserto para ter a energia vital absorvida.
- Qual o plano, Arachne?
- Vamos atacar primeiro para ver o poder de fogo. Fica com a flor gigante?
- Deixa comigo.
Antes de saírem do esconderijo, quatro espectros também desceram e trataram de analisar o solo, portando equipamentos modernos e pequenos.
- E agora?
- Bom, vamos improvisar!
Arachne pegou impulso, ao travar duas teias cintilantes em pedras e usar como estilingue. Mary Marvel alçou voo e, rapidamente, derrubou aqueles animais de médio porte.
Alterando comandos, os equipamentos dos espectros transformaram-se em armas e raios eram disparados, na tentativa de derrubar a mulher que voava. Em vão. Depois de ser arremessada, Arachne atingiu dois espectros com os pés e caiu rolando pelas areias grossas.
Mary Marvel chegou à grande planta e desferiu socos em várias partes dela. A nave não se movimentava, como se registrasse tudo.
Os animais se voltaram contra Julia que, no centro, se assustou com a violência daqueles seres.
- Parecem... Cães do inferno!
- E essa planta aqui? Ela não cai! - dizia Mary, enquanto se esquivava dos tentáculos.
Uma grande tenda rosa foi tecida. Dentro, Arachne, dois espectros e os doze cachorros malignos anunciavam um combate duro. Aproveitando a agilidade aracnídea, Julia se esquivava dos animais, enquanto envolvia os espectros em novas teias psíquicas. Os cachorros recebiam chutes e socos, tudo numa coordenação impressionante de Arachne.
Os aliens de fora tentavam acertar Mary, mas parecia uma tarefa impossível. E num ato radical, a heroína tentou arrancar um tentáculo. Pôs tanta força que ao extraí-lo, voou alguns metros e recebeu uma certeira rajada do espectro.
Dentro da lona, um inimigo conseguiu livrar o braço da teia e disparou contra Arachne, que acabou perdendo a concentração. Como consequência, uma brecha na tenda foi aberta, o suficiente para que seis cães do inferno partissem em busca de Mary, que ainda tentava levantar voo novamente.
Arachne partiu pro mano a mano e rapidamente derrubou os dois espectros, numa sequência veloz de golpes. Ao procurar por Mary, viu que um tentáculo havia aprisionado a amiga e que os cachorros e os aliens estavam se aproximando.
- Não deixa os espectros se aproximarem de você. Se eles conseguirem perfurar sua cabeça, você vai morrer e eles vão assumir sua forma!
- Tá tudo sob controle, Arachne.
Não, não estava. Ela não conseguia se livrar do aperto da thornoid gigante, que deixara ela agora presa rente ao solo. Os cães se aproximavam, sedentos, assim como os espectros, que acionavam uma espécie de língua, mas de um material tão duro que seria ser capaz de furar a super-força da heroína e lhe roubar o corpo.
Arachne envolve, numa nova teia, os seis cães que a enfrentam e faz uma espécie de trouxa para, em seguida, arremessá-la contra os outros cães que atacam sua amiga.
Tiro certeiro, mas a força de Mary não mais era suficiente e um filete de sangue começava a escorrer da sua nuca.
- Mary!!! - Julia partiu pra cima derrubando o que aparecia na sua frente e, ao mirar os olhos daquela que precisava de ajuda, entendeu a mensagem.
- SHAZAM!
O raio.
Uma claridade absurda. Um silêncio estarrecedor.
O nada.
Continua!
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