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Gata Negra #09 - Nada de máscaras!

Gata Negra #09 - Nada de máscaras!

Um dia muito especial para Felicia: uma conversa sincera com Peter Parker pode reacender antigos sentimentos de ambos os lados... ao menos que alguém resolva atrapalhar!


Cat’s Eye, 8:35 da manhã

Parece que as coisas não vão mudar na vida de Felicia. Mesmo com John a tendo pedido em casamento. Mesmo crente de que seu relacionamento com Peter Parker já deu o que tinha que dar. Outro trabalho onde se sentiu impotente. Assim como em ChinaTown, o mesmo em South Beach. Ironia? Um sinal para que desista dessa vida e tente ser uma pessoa normal? Mas normal como, se está com os poderes? E lá está ela. Na janela, observando a voracidade. A cidade engolindo as pessoas apressadas. Ônix ainda dorme. Felicia pensa. Até o telefone tocar.

- Licia? 

- Quem é?

- John. Já me esqueceu?

- Perdoe-me. Acabei de acordar!

- Desculpe! Se incomodo me avise, ligo depois.

- De forma alguma, John. O que aconteceu para ligar tão cedo?

- Se disser que estava com saudades, vai acreditar?

- John… Claro que vou!

- Bom, mas não foi por isso que liguei!

- Não está com saudades?

- Sim, estou. Mas preciso dizer uma coisa séria.

- Não quer mais casar comigo?

- Nada disso! Claro que quero! Mas é algo grave.

- Estou curiosa, John. Conte-me logo!

- Bom, um advogado foi assassinado. 

- E…

- Bom, foi premeditado, já que seu escritório já tinha sido roubado uma vez… Uma coisa espetacular! 

- Como… como foi isso?

- Primeiro, cortaram a luz do prédio inteiro. Provavelmente, entraram pela janela, apesar de ter sido num andar muito alto, porém, tratando-se de Nova York, tudo pode acontecer. Abriram o cofre, sem arrombar, roubaram uns documentos importantes que estavam num envelope e uma jóia muito cara. Sem pistas. 

- Sem pistas? Tem certeza?

- Sim, Licia. Nada mesmo.

- Você quer que eu…

- Exatamente. Dê-me a resposta. Aceita se casar comigo?

- John!!

- Tudo bem, essa pode dar depois… Quero que investigue. Tudo indica que foi a mesma pessoa, ou a mando dela, que fez isso com o advogado. 

- Sim… Mas, estou sonolenta, John. 

- Tudo bem… Passarei os escritos da investigação, o pouco que temos, pelo fax. Janta comigo hoje?

- Eu ligo para você, está bem assim?

- Claro, Licia. Bom, então até breve.

- Até…

“Até onde irei? O advogado está morto! Aposto como o Rei tem algo a ver com esse crime! E agora, o que farei? Terei que investigar a pessoa… que sou eu mesma! Não, ninguém pode saber que eu roubei aquelas coisas… Caso contrário, serei a principal suspeita! Céus… Que confusão! Preciso respirar, preciso pensar, preciso fazer algo, senão enlouqueço! Demorei tanto para reaver meus poderes, que não será agora que o advogado está morto, à mando de Wilson Fisk, que tudo vai acabar! Ei, tem alguém lá fora… Mas uma hora dessa?”

Susto ao abrir a porta. Peter Parker. Ele para em sua frente. Um sorriso sem graça nos lábios de Felicia. Peter parecia disposto. Uma atitude. Qual? 

- Peter? O que faz aqui uma hora dessas?

- Hã… eu… Bom dia, Felicia. Eu… se importa? Nós… bom, nós precisamos conversar… 

- Conversar? Ah… Entre. 

Felicia parece não acreditar no que vê. Peter Parker, o homem que ela ama, está parado em sua frente, parecendo até, estar criando coragem para adentrar no recinto.

- Obrigado. Espero não ter te acordado. 

- Para minha sorte, não. Faz tempo que não sei o que é uma boa noite de sono. Acomode-se. 

- Sei. “Trabalhando”, é? 

- Nem imagina o quanto. Estava na Flórida. Não notou? 

- Ah, claro que note... NÃO! Quer dizer... humhhh... Tava bom lá? 

- Não importa. Veio dizer algo ou questionar sobre meus atos? 

Um pouco hesitante, Peter continua:

- As duas coisas. É sobre a Tina. E sobre a sua "visita"… 

- Ah… Ela contou…! 

- É, contou

- Olha Peter, precisava de informações! E ela era a única que poderia me ajudar! Não fui com outras intenções… Eu acho!

- Foi uma péssima ideia você ter ido lá. No que estava pensando? E precisava assustar a coitada daquele jeito? Não passou por sua cabeça que associando Felicia com a Gata Negra ela pode descobrir que o Aranha é Peter Parker? 

- Não creio, Peter. Ela não me parece muito esperta… Se seus amigos e parentes nunca notaram, até mesmo os inimigos, não seria a cientista… 

- Talvez ela não descubra nada. Talvez ela só esteja assustada. Mas você podia ter falado comigo! Eu trabalho com ela, conheço a pesquisa dela! 

- Não é a mesma coisa, Peter. Ela é mulher! 

- Pra que você precisava dessas informações afinal? No que está se metendo agora? 

- Nada com que se preocupe, Peter. Garanto que estou bem… 

- Estou vendo. Férias na Flórida… Toda bronzeada… Mas isso não te dá o direito de sair por aí assustando as pessoas! 

- Assustando? Olha Peter, não sei o que sua namorada disse, mas já foi feito. Isso não é hora para conversar, ainda mais sobre esse assunto. Ainda nem tomei café! 

- Ah, desculpe. Foi mal. 

- Olha, Peter… Estou com fome, cansada e nem um pouco disposta a ouvir desaforos de namorado preocupado com a insegurança da garota, ok? 

- Estou preocupado com você! Tina está trabalhando há meses naquela pesquisa… Bom, deixa pra lá. Quer tomar café?

- Aceito. Espere que me troque, não posso sair com esses trajes… É bom que feche os olhos, Peter Parker. Só porque está no meu escritório, não te dá o direito de me ver pelo buraco da fechadura trocando a roupa. A propósito, viu como minha marca de biquíni ficou bonita? 

- Vai lá. 

Felicia procura uma roupa interessante, mas que dê para esconder o uniforme. Não é novidade sair sem ele, mesmo sob outra peça de roupa. Arruma os cabelos, uma leve maquiagem, perfume… Peter Parker. O culpado por tanto cuidado.

- Vamos? Ah, você paga! 

- (suspiro) Ai, ai. Ok, vamos lá. 

Pit’s Café, tempo depois

Assim que chegaram, foram para a mesa a qual Felicia sempre senta todas as manhãs. A garçonete avista de longe e sorri. Aproxima-se e Peter e Felicia fazem o pedido. Um silêncio irritante no Café. Felicia não agüenta.

- Então, Peter. Pode começar o sermão. 

- Felicia, é sério! Não é sermão. Eu me preocupo com você também. E se a Tina tivesse chamado a policia? 

- Acha que a polícia me pegaria? Olha Peter, eu realmente precisava conversar com ela!

- Não, a policia não ia te pegar, mas no depoimento da Tina ela ia dizer seu nome. Onde mora. E quem é seu namorado. Digo, ex-namorado. 

- E daí? O que teme? E acha mesmo que ela faria isso? Chamar a polícia? Não mesmo… Desculpe-me Peter… Mas não posso deixar de falar… A expressão dela ao me ver… Ahahahah!

- O que você precisa tanto saber que foi perguntar pra ela?

- O que precisava saber? Nada que seja do seu interesse, eu acho!

Peter começou a ficar irritado. Estava sendo bem direto ao perguntar e o mínimo que esperava era uma resposta direta de Felicia. 

- Isso não é NADA engraçado… E é do meu interesse sim. Essa historia é muito estranha. 

- Peter… Não prefiro que você saiba. 

- Não faz isso, Fel, por favor. Deixa eu te ajudar… O que esta acontecendo? 

- Não queria mesmo que soubesse, Peter. Não quero me afastar novamente de você… pelo mesmo motivo de outrora! Não queira isso… 

- Agora você vai dizer. Começou, termina. Que ideia é essa de se afastar de mim? 

- Não é isso! Lembra por quê nos separamos da outra vez? 

- Sim – respondeu secamente. Arregalou então os olhos, quando se deu conta do que Felicia estava dizendo - Não me diga que você…? 

- Pois então… Fiz um trabalho para o Rei do Crime, em troca dos poderes… 

- Ah, não! Felicia, eu não acredito! De novo! 

- Ah Peter!!!! Ponha-se no meu lugar! 

- Como pôde? – Seu tom de voz começou a ficar exaltado. - Você estava se saindo bem sem os poderes! 

- Mas você sabe que eu sempre fiz questão dos meus poderes, Peter!

- Arrã. Então, quando o Rei cobrar o favor, você me diz se valeu a pena ter feito um pacto com o diabo! Se é que já não cobrou… 

- Prefiro não responder, Peter. 

- Ah, Fel… por que você foi fazer uma coisa dessas? 

- Porque… Não é da sua conta já é o suficiente? 

- Eu só quero que você confie em mim! As coisas podem ser como antes se você me deixar te ajudar. As coisas podem ser como… Ah, esquece. É exatamente como antes! Você foi ambiciosa demais… 

- Peter… Desculpe! Estou muito confusa esses dias! Ainda sinto as conseqüências dos poderes… O poder do azar não é controlável… 

- Então deixa eu te ajudar! Esse negócio é perigoso, a Tina deve ter te explicado...

- Sim, explicou. Mas sabe como sou teimosa, Peter. 

- Sei. Mas isso vai ter que mudar. Se você precisar de ajuda, vai ter que pedir pra MIM. E eu prometo que não te dou sermão… 

- Ah, Peter... Nem imagina como minha vida mudou… Depois daquele Natal. Nem imagina o quanto mudei! 

- Sou todo ouvidos. Leite? 

- Creme. Sabe, como vai seu namoro com Tina? 

- Hmmm..... me dá a manteiga. Pão de queijo com manteiga é uma delicia. Você perguntou alguma coisa? Não, né? Ótimo. Eu pago a conta. 

- O que quer esconder, Pet? Como vai seu namoro? 

- Não sei por quê eu tento te enganar... não vai muito bem. É difícil esconder o Aranha da Tina. Ou a Tina do Aranha. Não temos nos falado muito. 

- Ela não gosta de aranhas… Ahahahahha! 

- Engraçadinha.

- Desculpe, não resisti… Então Peter, muita coisa mudou. Cheguei a pensar que poderíamos dar certo de novo, quando nos reencontramos no Natal. Mas o que aconteceu? O Sr. Aranha chutou a pobre gatinha para escanteio. Então, resolvi, mais do que nunca, cuidar da minha vida, Peter. Trabalhei muito, conheci coisas novas… Sentimentos novos… Pessoas especiais…! O Rei surgiu com o “trabalho” na melhor época possível! Uniu o útil ao agradável. Ofereceu-me meus poderes, além de utensílios, em troca de um pequeno favor. Aceitei e hoje voltei a ser a Gata Negra de antes. Muito mais interessante, lógico. 

- Sei. Interessante. Então por que estava tão preocupada a ponto de procurar a Tina? 

- Peter, acha que iria falar com você?? Correr o risco de perder até a amizade? Diz, com sinceridade, seu eu chegasse e te falasse: Peter, o Rei vai me dar os poderes. O que pode acontecer comigo? O que você diria? 

- Eu ia te amarrar. 

- Uau! Sim, digo, amarrar? Como se fosse problema… 

- Nããão! – Peter sorriu, encabulado. Dessa vez, a Gata tinha pegado o Aranha direitinho. Por um momento, chegou a pensar “já vi esse filme e sei no que vai dar…” Eu não pensei nisso. Só não quero você envolvida com o Rei. 

- Não estou mais. Nossa relação acabou 

- Ótimo. Então somos só nós dois pra cuidar disso. 

- Como assim? 

- Sua relação com o Rei acabou pra VOCÊ. Mas ele vai voltar. Sempre volta. Mas você não vai estar sozinha. 

- Vai morar comigo? 

- De jeito nenhum. Você ia me por pra dormir com o Ônix. Mas bem que eu devia estar por perto…

- Bom… Só se for com Ônix mesmo… John não ia gostar de saber que um ex-namorado está "hospedado" na minha casa… 

- É, ele… como? 

- Exatamente o que ouviu, Peter. Acha que o único comprometido aqui é você? Fui pedida em casamento por ele. Lembra de John, né? 

- Pedida em…? 

- C-A-S-A-M-E-N-T-O! Entendeu agora? 

O nervosismo começou a tomar conta de Peter. Sentia as mãos tremendo e o suor frio escorrendo pela testa.

- Ah, qualé... Tou falando sério... 

- Eis meu anel de compromisso... Não é belo? 

- Anel de… Felicia, você ficou doida de vez?! – Peter já estava gritando.

- Ahahahah! Não estou te entendendo, Peter. Ciúmes? Ou acha que só você pode ter alguém? E mantenha a calma, estão olhando! 

- Quem não está entendendo sou eu! De uma hora pra outra esse... esse... SUJEITINHO te pede em casamento? Assim, sem mais nem menos? Ciúmes coisa nenhuma! Tou querendo ver onde vai dar essa... essa... IRRESPONSABILIDADE! – Falando mais baixo, Peter contou uma das maiores mentiras de sua vida: - E eu estou calmo. 

- Sem mais nem menos? Ele me AMA Peter, coisa que você não sente por NINGUÉM. E esse “sujeitinho” sempre está quando preciso dele. Não tem que se encontrar às escondidas comigo. 

- Você aceitou? – perguntou Peter, falando cada vez mais baixo.

- Ainda não dei a resposta. Mas depois do fora que me deu, ele sempre me apoiou, fazendo questão de dizer que o Homem-Aranha não era pessoa para mim, que eu merecia coisa melhor. E isso ele pode me dar. 

- Coisa melhor?? MELHOR??? Hah! Não me acuse de ser egoísta, Felicia. 

- Não te acuso de nada, Peter. Mas você me desprezou e agora se sente incomodado por ter sido pedida em casamento. Acha que ficaria correndo atrás de você para sempre? 

- Muito fácil apoiar uma mulher carente... e ... e linda.. e... linda... 

- Por que VOCÊ não me apoiou, ao invés de querer me dar sermão? Por que você sempre me abandona? Por que, Peter?

- Por que você insiste em ver as coisas apenas do seu jeito? Você tá parecendo o Batman, sabia? E os meus problemas? Que tal? 

- SEUS problemas? Você quer dizer que seu problema é sua namorada ter se assustado comigo? E você sentiu as dores e veio tirar satisfações. 

- Isso mesmo. E a dondoca me diz que fez um negócio da china com o Rei de Crime. E ainda por cima vai se casar com o... com o... argh! 

- Negócio da China... John estava comigo em ChinaTown, salvando minha vida! Viu como tudo se encaixa? 

- Ah, é? Ah, é? Quantas vezes já não salvei sua vida? 

- Ei... Peter Parker falando isso? Jogando na minha cara? É melhor eu ir terminar de tomar o café em minha casa! 

- Espera! Meu sentido de aranha! 

Os dois olham pela janela do café. O Abutre está tentando carregar alguns papéis, lutando com alguns seguranças: 

- Ah não!

- O quê? Sentido de aranha? Agora, tão cedo? Bom, vou comprar um jornal e volto, Peter Parker! Pague a conta! 

- O Abutre de novo…

- Velho conhecido, hein? Vai ficar aí, divagando? 

- Hmmm… Você está pensando o que eu estou pensando? 

- Eu vou dar um jeito nele! Até, Pet! 

- Até… Gata Negra! 

Felicia sai correndo do café e se esconde em um beco. Peter sai pela saída de emergência. O Abutre continua lutando com os seguranças. Felicia rapidamente se desfaz das peças da roupa e surge com o uniforme. Ativa as unhas, algo como um exercício de aquecimento. Lá está ela. Perigosa. Sensual. Pronta.

- Acho que está na hora de fazer o que manda minhas garras… Depenar essa ave! 

Gata Salta sobre o Abutre e consegue libertar os dois seguranças que enfrentavam-no. 

- O que!? Quem…!? 

- Isso é coisa para profissional. É a lei da natureza. Os felinos detonam as aves! 

- Ora, sua… Saia de cima de mim!

Nesse instante, a Gata sentiu um ardor na garganta, como uma coceira… com lâminas enferrujadas. Ela quase se sentiu desequilibrada, mas se recuperou a tempo. Logo em seguida, o Abutre derrubou os papéis que estava tentando roubar. Os seguranças foram rápidos em recolhê-los, sabendo agora que a Gata estava do lado deles. Aparentemente, o único afetado foi o Abutre, que se lançou num vôo descontrolado rumo a uma parede. Foi fácil para a Gata Negra pular antes de se chocar, com seus poderes recém re-adquiridos. O impacto fez o nariz do Abutre sangrar:

- Eu vou matar você!

Uma voz familiar se meteu na discussão:

- Só se for depois de mim!

- Aranha?! Quanto tempo, hein? 

- Pois é, Gata. Tava bom o café? 

- Estaria melhor se tivesse com a sua companhia… Essa ave de rapina é conhecido antigo seu, né? 

- Bota antigo nisso. A gente… CUIDADO! 

O sentido de Aranha o alertou para o ataque do Abutre, mas o criminoso visava a Gata Negra.

- Por que seus inimigos têm tanta pressa para me pegar? – perguntou a Gata, disparando seu gancho. 

- Deve ser o seu uniforme novo… 

- Acha mesmo, AMOR? 

Com o gancho, a Gata consegue se esquivar do ataque do Abutre. O Aracnídeo aproveita para atacá-lo, saltando em suas costas e esmurrando suas asas. Desestabilizado, o Abutre começa a cair novamente, dando a deixa para o Aranha saltar até um mastro de bandeira, próximo à Gata.

- Bom… opinião masculina, sabe como é.

- Minha garganta está ardendo… não é bom sinal… 

- Sabe, eu até queiiiaaaaaaaaaaaaarrr…

O mastro da bandeira se parte, deixando o Aranha em queda livre, para desespero da Gata Negra, que o vê tentar aparar a queda com as teias… Sem sucesso!

- Aranha???

No chão, o Aracnídeo procurava se recompor antes que o Abutre voltasse:

- Nunca vou me acostumar com os poderes da Felicia…

- Então a Aranha se deu mal, hein!? 

- O que... Abutre!?

- Sim… Graças ao seu show particular, a rua está cheia de repórteres! Todos vão ver você ser derrotado por minhas mãos…

- Meu, você não faz ideia de quantas vezes eu já ouvi isso… Por que voltou da aposentadoria? Acabou o pó anti-rugas?

- Idiota! Eu vou…

A falação do Aranha deu tempo para que a Gata Negra atacasse o Abutre com as garras, arrancando definitivamente as asas de suas costas:

- Realmente, há males que vêm para o bem… Não é mesmo, Aranha?

Gata salta e para ao lado do herói, ajudando-o a se levantar. Os repórteres aproveitam para fotografar a dupla:

- Eles estão juntos novamente!

- Acabaram com o Abutre!

- São uma ótima equipe!

- A verdadeira dupla dinâmica!

Mas o assédio da imprensa incomodava o Aranha:

- Vamos embora. Não quero ficar aqui tirando fotos. 

- De jeito nenhum! Isso será bom para ambos! Faça uma pose máscula, heróica!

- Ah, que mulher vaidosa! Eu só aceito ser fotografado pelo tal Parker… lembra? Agora me ajuda que eu acho que torci o pé. 

- Tudo bem… Vem comigo! 

- Ok... ai! Pra onde? Ai! 

- Está parecendo outra coisa em vez do espetacular aracnídeo dando esses gemidos… 

- Olha o respeito, menina… Mente poluída… 

Gata dispara o gancho e sobe com Aranha, a galera grita e os jornalistas se acabam com as fotos, que vão decorar páginas até da revista Caras. Não que isso importasse para os dois…

- Fel, sobre nossa conversa… Eu… Desculpe. Eu meio que… perdi a cabeça. 

- Tudo bem… Eu também fui grosseira! Agora… Pode apertar menos a minha cintura? 

- Ah, tô apertando? Desculpa, juro que nem notei… 

- ARRÃ, Sr. Parker… Precisa fazer um regime, ok? 

- Deve ter sido o pão de queijo no café… 

- Ou a sedentária vida de namorado de cientista… Ahahahaha! 

- Lá vem você… Escuta, eu só preciso trocar de roupa, ok!? 

- Vamos até a Cat’s Eye. Lá você se arruma com calma. 

Cat’s Eye, momentos depois

Aranha já quase totalmente vestido como Peter Parker, conversa com Felicia, ainda vestida de Gata Negra, quem sabe, querendo dizer o que realmente tentou, no início da manhã. 

- Obrigado, Fel. Acho que dá pra eu ir a pé pra casa. 

- Aranha… Você não quis ser fotografado ao meu lado, não é? 

- Não, não é isso! Isso nem passou pela minha cabeça! É que eu não gosto de ficar posando! Eu tou acostumado a espancar o vilão e ir embora em seguida.

– Mas… A pé? Mas você não está machucado? E não será bom você sair agora, afinal, Gata e Aranha acabaram de entrar pela janela, podem desconfiar… podem ter visto, nunca se sabe…! 

- Bom… Acho que dá pra andar... Me ajuda a levantar, Fel. 

- Vai mesmo? 

- Hmmm… Não, você está certa. É melhor esperar. Se eu não for incomodar, claro. 

- Portanto, que não me dê sermão… 

- Ah, não. Olha, é sério. Desculpe por hoje cedo. Eu só quis ajudar, mas não soube como. E quando você me contou do tal… como é mesmo o nome do seu namorado? 

- John… Agente do FBI. Mas jornalista criminalista nas horas vagas… 

- Que seja. Deixa pra lá. Você… vai aceitar? 

- Ficou com ciúmes? 

- NÃO! Quer dizer, não. Nem um pouco. Nadica de nada. Necas. Nothing. 

- Sabe… Hoje não fiz uma coisa em você… 

- Olha, sem agressão tá? Tô com o tornozelo dolorido! 

- Ahahahah... Se doer, avisa que eu paro. 

- Felicia, o que você… 

Felicia passa a mão no tórax de Peter, lentamente, as unhas parecem rasgar o tecido e o beija.

- É melhor irmos para o outro cômodo. Ônix pode acordar e não gostar nem um pouco do que verá… 

- Você tem outro cômodo aqui? Pensou em tudo, hein!?

- Eu durmo muitas vezes aqui também… Porém, nenhuma tão bem acompanhada como hoje. Vamos, ainda temos tempo até a hora do almoço. Ajude-me a tirar meu uniforme...

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