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Elektra #07: Magatama - CHUUGI

Elektra #07: Magatama - CHUUGI

Elektra enfrenta mais um Guerreiro Kahama! Setsuko está mais perto de encontrar as insígnias imperiais escondidas pelo Eleito! Xia Nai e Fei descobrem novas pistas sobre o Mausoléu do Imperador Ch’in! A guerra está apenas começando... 

Pequim 

Das portas abertas surge um vulto. A ninja, exausta e ferida, não sabe se vai aguentar por muito mais tempo. Seu corpo está debilitado por causa do seu conflito com GI. [1]

Do ombro ainda escorre sangue e as pernas ainda tremem. 

- Venha, Arma Letal. 

O novo guerreiro Kahama a chama. Elektra não tem certeza de que deve segui-lo. 

Até perceber que este novo combate é inevitável. Então – se pergunta – por quê adiá-lo? 

Calmamente a assassina caminha e entra na escuridão da sala do trono. Sente o corpo flutuar. 

Ela consegue escutar os próprios pensamentos durante um processo de movimentos incerto. 

Enfim, depois de abrir os olhos, chega a um lugar sereno e colorido. 

O Templo do Céu. 

- Aqui, Arma Letal, eu, CHUUGI, o Guerreiro Kahama da Lealdade, Fidelidade e Devoção, vou selar o seu destino. E a sua alma será oferecida à Amaterasu. 

Xangai

Cidade industrial da China. Moderna e dinâmica, com uma classe média comunista (42% da população de 20 milhões de habitantes) com renda de US$3.500/mês. 

Aqui, Xia Nai e Fei buscam confirmar a notícia sobre descobertas da dinastia Ming (1368-1644) em uma obra no porto. 

- São sete tumbas, Fei. 

- Que se somam às 300 já encontradas no centro da cidade. 

- É surpreendente o fato de que elas continuam sendo descobertas no meio destes arranha-céus… e dez linhas de metrô em construção. 

- O que faremos agora? 

- Procurar pistas sobre o Mausoléu de Ch’in. 

Chinatown, NY

Setsuko desvendou as tatuagens do Eleito. Elas, juntas, formam o mapa da China, local para onde agora a reencarnação de uma deusa deve ir. 

- Você conseguiu me lubridiar por muito tempo, Eleito. Mas agora eu sei o seu segredo. Sei que as insígnias imperiais japonesas estão na China! 

O corpo do Imperador Celeste voa até se chocar contra uma parede. 

- Esses desenhos pintados à sua pele vão comigo para o seu país. Eles vão me ajudar a recuperar os poderes, para finalmente o Japão triunfar! 

Setsuko desembaralha as tatuagens, que se prendem ao seu quimono lilás. 

- Seu corpo não mais tem serventia, infeliz. Só me resta agora saber a localização exata, assim que eu conseguir traduzir as tatuagens. 

A reencarnação de Amaterasu junta as palmas das mãos e balbucia palavras incompreensíveis. 

Em poucos minutos seu corpo se desmaterializa, deixando um rastro de energia tão forte quanto a luz do sol, e pétalas de cerejeiras caem sobre o chão. 

Templo do Céu

Com 2.730m², o conjunto arquitetônico do Templo do Céu tem como as principais construções o Altar do Terraço Circular, o Altar para Rogar por Boas Colheitas e o Templo do Céu, também conhecido como a Abóbada Imperial Celeste. 

Como não poderia deixar de ser, agora o céu estava iluminado. Milhares de estrelas pintavam o espaço negro da noite. 

Elektra estava em pé, firme. Não mais sentia a fraqueza de outrora; seu ombro não mais sangrava. 

- Eu não te curei por piedade, Arma Letal. E sim porque não quero ser conhecido como o Kahama que te matou por você estar em desvantagem. 

- Não… não espere agradecimentos. Numa luta de vida ou morte não há gratidão. 

A ninja puxa os sais. Um brilho forte desce do céu, como um cometa. Cadente. Até chegar às mãos de CHUUGI. 

Em cada uma, duas shurikens. Uma estrela grande [2] e uma estrela pequena [3]. 

O Altar para Rogar por Boas Colheitas era o local onde o Imperador orava por boas plantações. Tem 19m de altura por 15,6m de diâmetro. Já o Templo do Céu, com três níveis de balaustrada de mármore, e com 38m de altura, tem o telhado redondo e esmaltado, se destacando pela beleza e complexa arquitetura, tudo em madeira. 

O Kahama, repentinamente, dispara seguidas estrelas pequenas. Todas foram rapidamente rebatidas pelos sais da assassina. 

Na outra mão firme, está a estrela grande. Parece que dela saem as menores. 

Como se alisasse o punho, novas rajadas de shurikens são disparadas. 

Algumas ficam presas em uma das pontas dos sais. A ninja as retira e joga de volta para o adversário. 

A princípio parece que o duelo vai se resumir a isso. 

Xangai

- Fei… estas tumbas precisam ser retiradas rapidamente. 

- Achou algo e por isso devemos levá-las conosco? 

- Não apenas por esse motivo. A umidade pode deteriorar essas tumbas. 

- Xia Nai… o orbe ainda brilha? 

O chinês pega o Magatama e fica cego por segundos. Depois do grito ele esconde a joia semi-circular. 

- O que será que toda essa irradiação significa? 

- Não imagino, Fei. Pode ser que nestas tumbas da dinastia Ming esteja alguma pista. 

- Quando estávamos vindo de Henan, o Orbe também brilhou forte. 

- É melhor torcer para que seja o que acabei de dizer. 

- Qual a outra possibilidade? 

- Algo muito poderoso está a caminho. 

Chinatown, NY

Aquele corpo… jamais se imaginou que a reencarnação de Ch’in fosse terminar daquela maneira. 

Onde antes havia tatuagens, agora há pele seca… mas viva. 

Mesmo sem saber se o Eleito seria páreo para Setsuko, caso estivesse vivo e a desafiasse, aquele homem conseguiu comandar uma legião. 

A pedra do seu túmulo se move. Mãos seguram a fazem força para sair de dentro. 

O corpo do Imperador jaz torto, num canto da construção. 

Um chinês de meia-idade se ergue, usando uma roupa de batalha, a mesma de quando havia combates entre as grades, em Mu Fa. 

- Meu Imperador! Eu, como seu campeão e guerreiro, vou concluir a cerimônia de purificação do seu corpo, para que possa descansar em paz no Céu, ó Augusto! Eu prometo que vou me vingar de todos aqueles que lhe fizeram mal! 

O homem fecha o túmulo e coloca o corpo do Eleito sobre a pedra. 

- Enquanto Qing Fu não morrer, as desgraças do reino de Lu não terão fim. [4]

Templo do Céu, China

O Altar do Terraço foi especialmente concebido para as orações dos Imperadores. Tem três pavimentos trabalhados em mármore numa forma cilíndrica de cinco metros de altura. É aberto e o seu ponto central é uma pedra redonda com um diâmetro estimado em um metro. Por isso é chamado de o Coração do Céu. Sua acústica é perfeita: qualquer murmúrio se transforma num grande eco. 

Por isso a ninja escutava os pensamentos nesta construção aberta. 

E neste cenário que a assassina e o guerreiro solar se enfrentam. 

CHUUGI partiu para o ataque corpo a corpo. Ele ainda mantinha uma estrela em cada mão, e golpeava a ninja, que apenas se defendia. 

- Lute, Arma Letal! Prove-me que você é a melhor! 

Aquelas palavras, curiosamente, não despertavam, em Elektra, a sede de sangue, como houve nas batalhas anteriores. 

Ali era um local sagrado. Ela não compreendia o motivo de enfrentar um guerreiro japonês num templo de gratidão chinês. 

O Kahama alternava chutes com investidas das estrelas. Só que agora Elektra estava revigorada. Voltou a ser uma difícil oponente. 

O centro do Coração do Céu continuava ecoando os gritos e ruídos das armas. 

A ninja parecia se divertir contra o samurai. 

CHUUGI disparava estrelas, ela esquivava com saltos, giros, se atirando ao chão. Nessas fugas ela poderia dar fim ao combate, porque via o inimigo desprotegido. 

Mas o oponente para. Coloca a estrela grande no capacete, na direção da testa. Elektra cruza os sais. Diversas estrelas pequenas fincam o chão, ao redor do Kahama. 

- Te encontro no Santuário de Yazakumi [5], Arma Letal. 

O shuriken à testa brilha. A ninja o encara. A força com a qual ela aperta as armas brancas revela que o combate está perto de acabar. 

Estrelas caem do céu na direção de Elektra. De todos os tamanhos e formas. 

A ninja corre. Rebate alguns shurikens, recebe outros que se prendem em várias partes do corpo. Gritos mudos. 

Um sai arremessado. 

Antes de chegar ao alvo é derrubado por um pequeno cometa e fica preso sob ele. 

Ao tempo em que corre e retira as estrelas presas ao próprio corpo, Elektra tenta achar uma maneira para derrotar CHUUGI. 

Apenas cinco metros os separam. 

O sai na mão direita. Uma dezena de shurikens na esquerda. 

Correndo em zigzag, Elektra tenta se desvencilhar das estrelas cadentes. No mesmo tempo, de uma única vez, dispara todas as shurikens, que traçam o percurso na diagonal, de baixo para cima. 

Em seguida, um salto. 

O poder celeste de CHUUGI derrubou todas as shurikens atiradas. Ao olhar para cima, ele se depara com a aproximação da ninja. 

- Banzai! – grita o Kahama. 

Uma estrela cadente atingiu as costas de Elektra. 

Ela cai com a cara no chão. 

Tudo para. Silêncio. Ouvem-se apenas sussurros. 

O céu escurece. 

Em pé, o guerreiro solar. Com o sai cravado na testa. A arma branca atravessou a estrela grande, partindo do pequeno orifício dentro da shuriken, cruzou a resistente proteção da cabeça e saiu do outro lado do crânio. 

Se levantando lentamente, Elektra retira a shuriken presa às costas. Caminha, recupera o outro sai e se aproxima do oponente. 

- Não teria conseguido me matar mesmo se não tivesse revitalizado o meu corpo. 

Logo em seguida, o corpo de CHUUGI se transforma numa esfera de luz e sobe. 

O corpo celeste voa para uma nova direção, deixando um rastro no céu para que Elektra siga. 

- Suas características de Kahama confirmam sua integridade… prova disso é que devo seguir o caminho para o Palácio de Verão. 

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[1] Leia a última edição de Elektra aqui em CaldeiraMundi!

[2] Estrela grande: No formato de uma estrela de quarto pontas, com as mesmas recurvadas no sentido horário. Pode ser arremessada ou usada em luta corpo a corpo, uma em cada mão. 

[3] Estrela pequena: Nos mais variados estilos pode ter de duas a oito pontas. Cabem na palma da mão perfeitamente, sendo fácil ocultá-las. Devido a esta qualidade, são as preferidas pelos ninjas e só podem ser usadas para arremesso.

[4] “Enquanto Qing Fu não morrer, as desgraças do reino de Lu não terão fim”. Este é um provérbio chinês que quer dizer que se não se eliminar o principal responsável pelas agitações e manobras de desestabilização, o país não terá tranqüilidade, o que é o mesmo que dizer que, sem eliminar os maus elementos, haverá sempre desgraças. Ele é baseado na seguinte história que ocorreu no período da Primavera – Outono: no reino de Lu, Qing Fu, ministro e irmão mais novo do rei, cobiçava o trono e não arava de provocar agitação no reino. O rei, Zhuang Gong, tinha três filhos: Zi Ban, Sheng e Kai. Quando Zhuang Gong morreu, em 662 antes da nossa era, o primogénito, Zi Ban, herdou o trono. Qing Fu estava impaciente, e ainda não se tinham passado dois meses após a subida do sobrinho ao trono quando mandou um homem da sua confiança matar o novo rei. Para camuflar as suas ambições, Qing Fu fez coroar o segundo filho de Zhuang Gong. Mas, ao fim de menos de dois anos provocou enormese agitações no reino. Logo após a morte de Ziban, o primogénito de Zhuang Gong, o líder dos reinos, Qi Heng Gong, mandara o seu ministro Zhuang Son investigar o que se passava no reino de Lu, Descoberta a verdade, o ministro Zhong Son disse ao seu rei: -Sem eliminar Qing Fu, as desgraças do reino de Lu não terminarão. O líder, Qi Heng Gong, perguntou-lhe então: -E como poderemos eliminá-lo? -Ao criar repetidas agitações, Qing Fu eliminar-se-á a si próprio. Em breve tereis oportunidades de o verificar, respondeu o ministro Zhong Son. De fato, o assassinato do rei Kai despertou a indignação geral no reino. Vendo-se numa situação perigosa, Qing Fu fugiu para o reino de Ju, mas o terceiro filho do velho rei, ao subir ao trono, enviou valiosos presentes ao reino de Ju para que Qing Fu fosse repatriado. No caminho de regresso ao reino de Lu, Qing Fu suicidou-se. Com o tempo, os chineses modificaram um pouco a frase do ministro Zhong Son, transformando-a no provérbio Enquanto Qing Fu não morrer, as desgraças do reino de Lu não terão fim. 

[5] Santuário de Yazakumi: o 'Céu' japonês

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