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Crônica #02 - Tecnolo... hein?

Tecnolo... hein?


Na boa, eu sempre me garanti quando o assunto era tecnologia. As facilidades que temos para melhorar o mundo (na bem da verdade, nos tornar mais preguiçosos…). Só que há uma coisa que me tira do sério. Minto. Muitas coisas me tiram do serio. Inclusive banco. Agência, caixas, os 24hs, talões de cheque (isso nem tenho, vai que esqueço como se escreve 60? – sim, coloquei em numeral porque fiquei com medo de errar…), saldos, conta corrente, enfim. Mas isso um dia teria que mudar. E parece que ele está se aproximando…

Ao ser contratado para um estágio em uma rádio, tive que abrir uma conta num banco. Sim. Eu nem conta tinha. Passado o stress ao lado da gerente, lá estava eu, radiante, com meu ingresso ao mundo do dinheiro. Ainda conversando com a ‘moça do balcão’, perguntei sobre minha fortuna que seria depositada mensalmente. Segundo ela, ‘a princípio teria que, todo mês, ir à agência para sacar com ela até que meu cartão chegasse em minha casa’. Então, para que minha conta?, perguntava para mim mesmo.

Tudo resolvido, meu cartão demorou mais de três meses para chegar em minhas mãos. Isso porque eu ainda tive que ir pegá-lo com a gerente porque não entregaram na minha casa. Meu repúdio cada vez mais aumentava. De cartão na mão, sentia-me mais aliviado. Mas continuava com medo de sacar o dinheiro em caixas eletrônicos de qualquer lugar; tinha que ser na agência do meu trabalho. Ali eu encontrava segurança e não tinha gente na fila, me pressionando indiretamente. Afinal, sacar dinheiro, para mim, é um ritual.

Passado um ano, resolvi ir jantar com uns amigos. Com uma pouca quantia em dinheiro na mão, e o bom e velho cartão-de-saque-de-salário. Sim, ele só servia para isso mesmo (ao menos assim eu pensava). Comidas, bebidas, risos, brincadeiras. Conta. A grana que eu tinha levado não dava. Desespero. Olhei pro meu amigo e comentei que precisava sacar dinheiro (claro que existiam ali, inúmeras outras opções). Eis que ele pega aquele pedaço de plástico e dá uma bela gargalhada: – Seu cartão também é débito em conta. Muito bonito para minha cara. A gerente riu, discretamente. Eu, completamente encabulado, descobria, depois de um ano, que eu não precisava sacar dinheiro no caixa do meu trabalho para comprar algo depois de dois dias. Era só passar o cartão na máquina e digitar minha senha. 

Voltamos para casa, eu sempre rindo e indignado. Meu cartão de credito tinha mais função do que eu conhecia. Aprendi muitas coisas depois desse acontecimento. Minha fobia nos caixas eletrônicos parece que está diminuindo. Já pago até a conta do meu celular lá. Sempre rindo, claro. Logo eu, que sempre me vangloriei de ser o ás da tecnologia; o cara que sabe de tudo. Só que como eu disse antes, tinha pavor de banco. E tudo relacionado a ele.

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