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Tomb Raider: Redenção #04 - O Oceano Perdido

Tombr Raider - Redenção #04 - O Oceano Perdido



- Espero que não se ofenda com tanto luxo, Ogumbyí

- Não, não. Além de não estar acostumado com tanto aparato, nunca fui um navegador.

- Bom, mas fique à vontade e despreocupado. Aqui nem parece que estamos no mar... Com essa conversa amena, Lara e Ogumbyí deixavam a costa australiana rumo ao Japão... 

Oceano Pacífico 

Agora, eles estavam descansados e alimentados, além de usarem vestes mais adequadas: Ogumbyí se contentava com uma bermuda cargo e uma camiseta, e Lara, com uma nova roupa de mergulho escura com detalhes em amarelo, semi-seca, capaz de suportar temperaturas e profundezas variadas. 

- Em quanto tempo chegaremos, Lara?

- Meu amigo, primeiro temos que saber para onde estamos indo. Mas não se preocupe, essa lancha, 520 FULL, tem 52 pés e motorização 2x675 HP VOLVO D12. 

Ogumbyí sorriu. Mesmo sendo milionária, Lara deslumbra humildade. Ele sabe que a arqueóloga não busca fama ou riquezas; essas coisas são consequências. Ela busca viver. Apenas isso. No momento em que Lara conecta o PDA no sistema de navegação da lancha, seu companheiro inglês a assusta: 

- Eu ia mandar o INTERMARINE 68S, mas sei lá, né? Vai que você resolve abandoná-lo... ou alguém o explode...! Já imaginou o prejuízo? Hein? Imaginou? Hein?

- Ah, Phillip! Como sempre pensando como um lorde...!

- Satisfeita com o serviço de bordo? E não estou apenas me referindo à comida ou vestimentas. O arsenal tá bem vasto. Fora o novo equipamento de mergulho...

- Hum, eu vi os balões amarelo. Só não entendi a máscara. Cobre toda a face!

- Exatamente, milady! A respiração é integrada, além de contem um comunicador – conectado comigo até certo ponto, claro – as lentes não embaçam e possuem um sistema de iluminação. Tudo isso, claro, ainda em fase de testes...

- Ao menos você mandou as lanternas, né?

- Eu sempre penso em tudo!

- Agora volte ao trabalho. Já me afastei muitas milhas da Oceania, mas não sei o meu destino.

- Eu percebi algo em comum naqueles riscos do ninho da gaivota e o mapa celeste, Lara. Acredito que ele está o mar também.

- Perfeito. Vou convencer a Ogumbyí a mergulhar. Qualquer novidade me fale.

- Sim, minha linda!

- “Minha linda”? Por acaso você está querendo aparecer para alguém que tá aí com você? Phillip? Phillip? Não me deixe falando sozinha... 

A expressão de raiva desfaz-se quando Lara olha para Ogumbyí, que estava rindo daquela situação. - Ele se preocupa muito com você.

- Ele se esforça!

- Estou preocupado.

- O que há, amigo?

- Sinto algo estranho...

- Estranho? Isso é bom ou ruim?

- Apenas estranho.

- Não se preocupe. Deve ser porque o único horizonte que vemos... é o mesmo em todas as direções: céu e oceano. 

Ogumbyí caminha para a proa e admira avista. Lara pega um laptop e se senta. Pela tela, ela vai passando as páginas do livro azul, digitalizado e enviado pela Base

- O mar é elemento de importância todo especial para populações insulares. Talvez, por esse motivo, é que em diversas regiões da Oceania, a existência do mar é posta como fato primitivo, embora diversos mitos se tenham cristalizados para ter a origem explicada.

- Quer dizer que para alguns a origem é... divina?

- Arrã. O mar resulta do suor que Taaroa derramou durante os trabalhos da criação. Deve-se à explosão do polvo primitivo. Deriva do líquido amniótico de Atanua, filha de Atea, deus celeste.

- E para os outros, Lara?

- Aqui diz que segundo outros, o mar é posterior à terra. Não era, a princípio, senão exígua quantidade de água salgada, que certo indivíduo cuidadosamente guardava. Outros indevidos pretendiam roubá-la, mas, tão logo ergueram a tampa do vaso que a continha, a água transbordou , causando vasta inundação.

- Curioso. Parece uma lenda similar ao dilúvio bíblico. Se bem que todas as religiões, seitas, credos e povo têm uma história de dilúvio.

- Estou cansada de tantas dúvidas, meu amigo.

- Não se preocupe. O sol ainda vai custar a ir embora.

- Não é com a noite que me preocupo. É com a falta de respostas... 

Eles agora estavam praticamente no meio da distância entre o Japão e a Austrália. Não havia pássaros. Não havia pedras a vista. O sol ainda ardia. Ogumbyí meditava enquanto Lara quebrava a cabeça; juntar as peças era complicadíssimo. Como ligar um tesouro africano , uma viagem à Austrália e uma ida ao Japão? Com todos os misticismos e culturas absurdamente diferentes? 

O bip do PDA. O sorriso de Lara. 

- E então?

- É o que eu suspeitava, Lara.

- Um mapa celeste e... marítimo?

- Na verdade, coordenadas.

- Piada! Fugimos totalmente da rota?

- Mais ou menos. Estou enviando os dados para o computador de bordo, que traçará o novo caminho.

- Droga. Tempo perdido!

- Desculpe por ter demorado.

- Quanto tempo mais?

- Melhor é saber onde batem essas latitude e longitude, não?

- Que espera? – e Lara coloca os óculos com lentes avermelhadas.

- Yonaguni, uma pequena ilha a sudoeste de Okinawa, Japão.

- Mas... não foi lá que Trushar Barot encontrou indícios de uma provável cidade submersa, em abril de 1998?

- É!

- Aquele lugar deve estar cheio de pesquisadores, mergulhadores, turistas...

- Nananinanão! O governo japonês proibiu qualquer tipo de acesso.

- Sendo assim eu não vou ousar...

- Claro que vai! 

Lara gargalha 

- Sim, irei.

- Bom, a lancha vai deixá-los a uma distância mais que suficiente para que vocês cheguem submergidos até essa construção.

- E se o oxigênio acabar ou o balão se perder de mim?

- Haha! Até parece que algo se perde de você... não deveria ser o contrário?

- Diz, Phillip.

- Bom, o equipamento de mergulho tem um dispositivo – também em fase de testes – que absorve as moléculas de oxigênio da água e as deixa próprias para...

- Tá, Phillip. Não me engane. Vou tomar cuidado.

- Olha, a roupa de Ogumbyí está no camarote de convidados, ok?

- Já peguei. Beijinhos... 

Lara se vira o amigo, prendendo o equipamento de mergulho. 

- Parece excitada...

- Sim, já sabemos para onde ir.

- Japão.

- Sim... 

Lara o vê, em transe. Ifá. 

- Algo antigo que voltou a ser moderno e protegido.

- Yonaguni.

- Uma cidade submersa?

- Pois é! Se há tanta proteção pelo governo japonês, tem algo importante lá.

- Alguma civilização?

- Não. Cogitaram até que se tratava de Mu ou Lemuria, civilizações que teriam desaparecidas no oceano Pacifico há quatro mil anos. Mas, segundo, Mu, Lemuria ou até mesmo Atlântida poderiam ter sido moldados nessa, pra onde estamos indo.

- E é pra lá mesmo que vamos?

- Que já estamos indo, meu amigo. Tome, essa é sua roupa. Vou te dar um curso rápido de mergulho. 

Antes de iniciar a lição, Lara ligou o som e o colocou nas alturas. O rock não incomodava o guardião, mas ele achava que estava alto, pra quem iria ensinar e aprender. Em meio às explicações, Lara arriscava uns solos de guitarra, tirando sorrisos de Ogumbyí. Cada parte era explicada detalhadamente. Como usar o equipamento, sinais de comunicação caso o radio interno parasse de funcionar por qualquer motivo... 

Ogumbyí não escondia o nervosismo, mas ia absorvendo todas as palavras e dicas, passando a mão pela testa suada, olhando o mar, buscando o fundo... As músicas não paravam. Muito menos quando o PDA disparou. Quando o navegador disparou. Quando o radar revelava que embarcações se aproximavam da lancha... 

No momento em que Lara acompanhava a canção, entoando altamente “Born to be wild”, Ogumbyí tem o corpo travado e seus olhos se voltam para o horizonte. Uma lancha e, em cada lado dela, um jet sky, se aproximam rapidamente. 

- Lara! 

O grito quebrou o feitiço melódico que envolvia a arqueóloga. 

- Os convidados chegaram! – responde ela, sorridente. 

Ogumbyí não compreende, nem mesmo quando Lara abre umas malas grandes, de metal. Dentro? Um arsenal. 

- Dessa vez você vai ter que me ajudar! – diz ela. 

Cada um prende às costas um arbalete com arpões. Lara guarda as duas pistolas na cintura e pega um rifle. Com a outra mão, arremessa uma metralhadora para o amigo. 

- Uma rápida aula de tiros: aponte e aperte! 

Mas aqueles que se aproximavam começaram a disparar primeiro... 

Lara e Ogumbyí rolaram pela lancha, fugindo das balas. 

- Atire, gritou Lara, enquanto pegava o equipamento de mergulho. 

Ogumbyí, tremendo, apoiou a arma na lateral da lancha e apertou o gatilho. Seu corpo cambaleava, era jogado para trás com o impacto, mas ele não caiu. Nesse meio tempo, Lara instalou os equipamentos e pelo comunicador da máscara explicou para a Base o que acontecia. Além de ouvir reclamações por não ter escutado o sinal de alerta enviado... 

Em cada jet sky havia duas pessoas armadas com mini-metralhadoras. Na lancha, eram quatro, que portavam escopetas. E essas pequenas e velozes embarcações rondavam a lancha de Lara, disparando. 

- Phillip! Acione o detonador!

- Mas Lara, essa lancha é...

- Faça o que eu mando! Ogumbyí, siga atirando neles! 

Lara corre pelo convés e arma o rifle. Pela mira ela acerta um jet sky. Com a explosão, os homens voam e se perdem no oceano. Os tiros da metralhadora não atingem a embarcação inimiga, que se aproxima cada vez mais. 

- Detonador acionado! Lara, vou acelerar a lancha para que você se aproxime mais do objetivo. Falta pouco!

- Faça o que puder, mas não tou contando com isso! 

O fogo surge a estibordo. Ogumbyí cantarolava para Xangô, o orixá da justiça. No player, era a vez de AC/DC. O Jet Sky se acopla à lancha de Lara. Os homens começam a invadir a embarcação. A lancha entra em disparada. Um homem cai do barco inimigo e Ogumbyí cessa os ataques. Os dois agressores, vestidos de preto e de máscara de exército enfrentam Lara, usando as armas como espadas. 

Lara é derrubada. Eles se aproximam e miram a arqueóloga, que está deitada de costas, com as pernas encolhidas e o rilhe equilibrado nos joelhos. Em frações de segundos ela saca as pistolas da cintura e dispara contra os abdomens dos inimigos, que caem na água. 

- Lara! Só mais algumas léguas!

- Não vai dar! – e puxa Ogumbyí, estático. 

A outra lancha se bate no veiculo de Lara. 

- Ogumbyí, o homem está ferido! Você não o matou! Venha comigo! 

Ogumbyí parece aliviado e core ao encontro da amiga. Os tiros cessam. Lara e Ogumbyí estranham. Ela vê um agressor pegando uma bazuca de médio porte. 

- Phillip, conte até cinco e exploda minha lancha!

- Mas...

- Não ouse me desobedecer! O tempo é o mesmo para todos. A arma no ombro. Dedo no botão vermelho. As duas lanchas explodem. Duas torres de fogo se tornam uma. Corpos boiam no oceano perdido.

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